Música
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Por — Rio de Janeiro

Um patrimônio do movimento de revitalização do carnaval de rua do Rio de Janeiro, o Cordão do Boitatá chegou aos seus 28 anos de atividades com o lançamento, na última sexta-feira, de “Dos pés à cabeça na praça”. É o primeiro álbum autoral do grupo em quase 20 anos (em 2004, eles lançaram “Sabe lá o que é isso?”), com um apanhado das canções que costumam apresentar em seu Baile Multicultural — que por sinal, no próximo domingo, como é tradição no carnaval, ocupará a Praça Quinze, no Centro do Rio, na parte da manhã.

— A gente ficou tão pegado com a proporção que o carnaval tomou, que acabou ficando esse tempo todo aí produzindo e guardando na caixinha — brinca o acordeonista Kiko Horta, um dos fundadores do Cordão do Boitatá. — De lá para cá, a linguagem musical do Cordão se ampliou, esse disco tem baixo e bateria, muito mais percussão do que tinha no outro e um naipe com cinco sopros tocando no disco inteiro. Agora, o Cordão é muito mais uma orquestra.

O disco do Baile Multicultural do Cordão do Boitatá (em 23 de abril, sai o volume 2, com o repertório da orquestra de rua, dos cortejos) abre com uma saudação a Exu, e segue com a adaptação que os músicos fizeram de “Coisa nº 4”, lendário tema de Moacir Santos, que tem dado início tanto aos cortejos quanto ao Baile.

— E a gente colocou nela um toque de Ogum, um trio de atabaques. Nosso carnaval é muito guiado por essa tradição, por esse axé. A gente sempre tocou muitas coisas da música brasileira, e não só músicas de carnaval — diz Kiko. — O repertório desse disco é um reflexo dos inúmeros encontros musicais que o que o baile multicultural promove. Ele é muito banhado por essa vivência que a gente tem desse tempo todo tocando na rua.

A matriz africana segue forte no disco em “Cabana de Xangô” (parceria de Kiko Horta com Lazir Sinval em homenagem ao terreiro de Vovó Maria Joana), símbolo do Jongo da Serrinha), “Nação vertente” (com a participação do Agbara Dudu, pioneiro bloco afro carioca, de Madureira) e em músicas como “Samba de Oswaldo Cruz” (de Kiko e Marquinhos de Oswaldo Cruz) e o samba “Jogo do amor”, uma parceria do acordeonista com Hermínio Belo de Carvalho e Vidal Assis, surgida depois de Kiko ter visto um show de Paulinho da Viola na Praça Paulo da Portela, em Oswaldo Cruz.

— Ouvindo aquelas músicas do Hermínio com Paulinho, eu comentei: “Que privilégio!” E aí o Hermínio disse: “Você é muito preguiçoso! Em vez de fazer música, você fica me enrolando!” — diverte-se o músico, que no dia seguinte fez uma melodia e deu um prazo de três semanas para o poeta fazer a letra, a tempo de gravar no disco. — Disse ao Hermínio que a gente podia pensar num casal que se desentende por conta da política e ele sugeriu que podíamos usar o futebol para brincar com esse tema.

Atualmente, a orquestra do Cordão do Boitatá conta com 123 músicos, que os fundadores e agregados mais antigos cuidam de administrar nos desfiles de rua. A ideia com as gravações foi a de comprimir no estúdio essa experiência de cordão acústico, que sai nos cortejos sem precisar de carro de som.

— Claro que nessa gravação a gente deu uma sofisticada em alguns arranjos, porque na rua também não dá para você ter muita polifonia, muito cruzamento de voz — explica. — Ali, a gente pôde colocar os arranjos do jeito que eles foram realmente pensados, só que com essa sonoridade de orquestrona, com aquela bateria de escola de samba tocando.

‘Um grupo que queria brincar o carnaval’

No aniversário de 28 anos da iniciativa, Kiko Horta faz questão de lembrar que o Cordão do Boitatá não nasceu como um bloco de carnaval, “mas como um grupo de música que queria brincar o carnaval e as festas populares”:

— A gente não tinha um plano de organização para que aquilo que ficasse gigante. Acho que o carnaval tem espaço para todo mundo, não existe uma brincadeira que seja melhor que a outra. As pessoas brincam onde elas gostam mais. Porém, o que a gente observa, sobretudo no centro do Rio, é que as brincadeiras em formato acústico, como as do o Cordão do Boitatá e de outros blocos, estão cada vez com menos espaço.

O problema, segundo Kiko, é que todo dia surge um megabloco:

— A cidade fica tomada, e a organização do carnaval fica direcionada para esses megablocos. Queremos saber de que maneira isso pode ser equilibrado. Por que um bloco como o Cacique de Ramos, fundamental na história do carnaval do Rio, não tem a Rua Primeiro de Março para desfilar?

Mesmo chegando a reunir 70 mil pessoas nas ruas a cada um dos seus desfiles de carnaval, o Cordão do Boitatá segue, por opção própria, acústico e independente.

— A gente sobrevive porque tem uma rede muito grande de apoiadores, de brincantes, de músicos e de artistas — revela Kiko Horta. — Se tentarem passar o rodo no cordão, isso vai ter um retorno, porque ele faz parte do carnaval de rua da cidade.

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