Música
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Por — Rio de Janeiro

Ela andou para que Beyoncé e Taylor Swift pudessem correr, e agora ganha a oportunidade de fazer o maior show de sua carreira. Sim, depois de muita especulação, o fato é que Madonna — a soberana original, inauguradora de uma linhagem de rainhas do pop — trará sua “Celebration Tour” para o Brasil, conforme noticiou o colunista do GLOBO Lauro Jardim. Em 4 de maio, ela e sua trupe apresentam um espetáculo gratuito nas areias da Praia de Copacabana. Das três vezes em que cantou na cidade — em 1993 e 2008 no Maracanã e em 2012 no Parque dos Atletas —, o recorde de público foi o da estreia, com 120 mil pessoas. A expectativa é que desta vez Madonna cante para mais de um milhão. O maior público registrado em um show seu até agora foi o de 126 mil espectadores, em 1990, numa data da turnê “Blond Ambition” no estádio de Wembley, em Londres.

Mulher que mais arrecadou com shows na história do showbiz, a cantora americana de 65 anos chega ao Rio com a sua primeira turnê que não está atrelada ao lançamento de um álbum. “Celebration” tem como função tão somente festejar os 40 anos de uma carreira marcada não apenas por hits planetários, nos quais ela incorporou elementos da vanguarda do pop (e, algumas vezes, foi a vanguarda do pop), ou por videoclipes que alavancaram a MTV e definiram a iconografia do século XX. A turnê também chama a atenção para a artista que esteve ligada a tudo que é “cool” neste mundo, para a eterna provocadora, para a libertária sexual e para essa sua força cultural baseada no compromisso com os ideais feministas e LGBTQIAP+ (antes mesmo que a sigla se consolidasse), sem os quais dificilmente se chegará a uma nova era para a Humanidade.

A Glória após o Coma

Anunciada em janeiro do ano passado (em um vídeo descontraído com amigos como o DJ Diplo, o diretor Judd Apatow, o ator Jack Black, o rapper Lil Wayne, Bob the Drag Queen e a comediante Amy Schumer), a “Celebration Tour” teve sua estreia adiada porque no final de junho Madonna baixou UTI com uma “infecção bacteriana grave” que a deixou alguns dias em coma. “Esqueci cinco dias da minha vida, ou da minha morte. Só pensei: ‘Tenho que estar lá pelos meus filhos. Tenho que sobreviver por eles’”, disse a cantora sobre a experiência.

A estreia, em 14 de outubro, na O2 Arena de Londres, só confirmou as expectativas sobre a “Celebration Tour”: era mais uma das extravagâncias como só Madonna saberia realizar. Metido num vestido rosa com babados estilo Maria Antonieta, o mestre de cerimônias Bob the Drag Queen conclamava os fãs a viajarem de volta à cidade de Nova York de 1978, com a “Madonna de 19 anos”: “É uma celebração, vadias!” Mais do que tudo, uma lembrança do caminho duro que a cantora percorreu até 1982, quando seu primeiro single chegou às lojas: o da música “Everybody”, com uma capa que não trazia sua foto — e que levou muitos a acreditar tratar-se de uma cantora negra, já que saía das caixas um som entre a disco e o eletro, irresistivelmente dançante. Um convite à liberdade e à festa.

Em “Celebration”, Madonna traz para a frente da cena uma de suas dançarinas, transformada em uma espécie de avatar dela própria quando jovem. “Estou orgulhosa, ela não deu ouvidos aos pessimistas”, elogia(-se) a estrela. Ao longo de 2h15, com impressionante aparato multimídia e uma profusão de dançarinos, a cantora passa em revista os vários momentos decisivos para que a menina virasse mulher e a mulher, um mito.

Pela primeira vez sem o auxílio de uma banda, a cantora dá às suas canções (frutos de uma era em que a música passou das mãos dos músicos no sentido tradicional para a dos produtores e DJs) uma chance de serem ouvidas em suas gravações originais, conhecidas, ou em seus remixes mais poderosos.

Hits de décadas atrás

Ao longo do show, Madonna recupera músicas que não cantava ao vivo há décadas, como “Justify my love”, “Bad girl”, “Erotica”, “Rain” e a balada “Live to tell” (1986), que ressurge como trilha para uma tocante homenagem aos amigos e conhecidos que morreram na epidemia de Aids do começo dos anos 1980. Com um chapéu de caubói e uma jaqueta de couro, ela canta “Don’t tell me”, canção de sabor country que precede em 24 anos o “Texas hold ’em” de Beyoncé. Noutra, sobrevoa o estádio iluminado por luzes estroboscópicas em “Ray of light”. E, durante a apresentação de “Vogue” (canção que Ariana Grande cita sem pudores em seu recente single “yes, and?”), ela reúne celebridades que estão pela área para se juntarem a ela no palco e atuarem como jurados de um concurso de dança vogue.

Durante o show, que tem incessantes trocas de roupa, os dançarinos aparecem vestindo recriações de 17 trajes originalmente usados por Madonna, representando muitas de suas reinvenções ao longo da carreira. São 24 pessoas no palco, incluindo alguns filhos de Madonna, como David Banda (ao violão em “Mother and father”) e Mercy James (tocando piano em “Bad girl”). Além das suas próprias músicas, Madonna canta trechos de sucessos dos já falecidos Prince (“Let’s go crazy”) e de Michael Jackson (“Billie Jean” e “The way you make me feel”), com quem dividiu a majestade do pop nos anos 1980.

“Celebration” não ficou livre de críticas. A cantora chegou a ser processada por fãs por causa de atrasos no início das apresentações. E a decisão de abrir mão de hits como “Music”, “Borderline”, “Secret” e “Lucky Star” a fim de dar espaço para um “Die another day”, seu tema de filme de James Bond que não fez lá muito sucesso, deu o que falar. Houve até quem criticasse seus movimentos, bem menos acrobáticos do que costumavam ser — aparentemente, esquecidos de que, para muito além da idade, Madonna saiu praticamente da UTI para o palco.

Madonna e bailarino em sua 'Celebration tour' — Foto: The New York Times
Madonna e bailarino em sua 'Celebration tour' — Foto: The New York Times

Um antigo caso de amor

A perspectiva de uma quarta visita de Madonna aos palcos cariocas traz à memória o fato de que sua estreia ocorreu também pela iniciativa de empresas motivadas por questões de marketing: foi uma disputa entre duas cervejarias, Brahma e Antartica (mais tarde fundidas como AmBev), vencida por esta última, que possibilitou a vinda da cantora ao país para a realização de um show em São Paulo (3 de novembro, no Morumbi ) e outro no Rio (6 de novembro, no Maracanã), com a turnê “The Girlie Show”.

Na época, ela teria ficado encantada com os fãs brasileiros, que não deixavam a porta dos hotéis onde estava hospedada, e criou uma composição com palavras aprendidas em português. “E aí, bunda suja? Como vai? Que gostoso!”, improvisou ela, no palco. A estrela voltaria a se apresentar no Brasil em 2008, novamente no Morumbi, em São Paulo, e no Maracanã, no Rio, com a turnê “Sticky & Sweet”, com muitos de seus sucessos e algumas músicas do CD lançado na época, “Hard candy”. Diante de 70 mil fãs e sob forte chuva no Maracanã, a popstar escorregou e caiu no palco, mas não se abalou e continuou o show.

No ano seguinte, a notícia de que Madonna estava namorando o modelo brasileiro Jesus Luz foi recebida pelos fãs com o orgulho pátrio da conquista de uma Copa do Mundo. Os dois ficaram juntos até 2011, rendendo uma passagem da cantora pelo carnaval carioca de 2010, onde ela assistiu aos desfiles da Marquês de Sapucaí em um camarote especial, acompanhada do namorado, da filha Lourdes Maria e de alguns amigos, após passar pelo camarote da Brahma.

Favelas cariocas

Em 2012, já namorando o dançarino francês Brahim Zaibat, Madonna voltou ao país para quatro shows da turnê “MDNA”: um no Parque dos Atletas, no Rio; dois no Morumbi, em São Paulo; e um no Estádio Olímpico, em Porto Alegre. No Rio, a cantora aproveitou para fazer uma visita à favela de Vigário Geral, na Zona Norte da cidade, para assistir a uma apresentação do projeto social AfroReggae.

Não foi a primeira vez da estrela em comunidades cariocas: em 2009, ela já havia visitado o Morro de Santa Marta, em Botafogo, Zona Sul do Rio, durante uma viagem para levantar fundos para a sua ONG, a SFK (Success For Kids). Madonna voltaria a visitar outra comunidade carioca em 2017, quando esteve na cidade para o casamento de seu empresário, Guy Oseary, com a top model brasileira Michelle Alves. Na ocasião, ela subiu o Morro da Providência, no Centro, para visitar a Casa Amarela, projeto social mantido pelo artista multimídia francês JR.

Em 2019, a ligação com o Brasil se manifestou em um feat de Anitta no álbum “Madame X”, na faixa “Faz gostoso”, que tem, entre os compositores, a funkeira portuguesa (nascida em Fortaleza) Blaya. A ligação entre Madonna e Anitta já chamava atenção desde que a americana havia postado uma das filhas dançando “Indecente”, da carioca.

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