Para surpreender uma legião incrédula e alegre dos fãs que nunca havia visto o trio formado por Travis Baker, Tom DeLonge e Mark Hoppus, o Blink-182 finalmente apresentou-se no Brasil. O time chegou ao país após um complicado cancelamento no Lolla do ano passado — Travis havia se machucado nos ensaios — e de idas e vindas da banda que faziam os mais fervorosos duvidarem da possibilidade de uma reunião do time. O que, felizmente, aconteceu.
Os californianos iniciaram o show mudando a receita vista nos Lollapaloozas vizinhos, de Buenos Aires e Santiago, embora tenham começado com a faixa “Anthem, part two” do já clássico álbum “Take Off Your Pants and Jacket”. Dali partiu para “The Rock Show” e “Feeling This” — também presentes nos outros shows, mas em outra ordem.
A chuva, pior elemento desse primeiro dia de festival, deu uma trégua e a banda pode contar com um público entregue, que gesticulou freneticamente em “Violence”.
E se a banda enfrentou críticas nas redes sociais por certa apatia no palco em ocasiões anterioes, no show paulistano o trio performou com energia invejável — com menção honrosa a um desbocado Mark Hoppus, que chegou a dizer em tom jocoso que o Blink seria maior que os Beatles.
Faltou vigor, porém, pra as caixas de som localizadas mais ao fundo da plateia, que mal ajudavam a amplificar o som do palco. Mesmo com o perrengue de ordem técnica, a legião de Millennials que não arredou o pé para ver a banda desde horas antes do show.
E, concordando com a crença popular de que o movimento emo não foi só uma fase de seus adeptos, Mark exaltou a turma mais emocional ao som de “Stay Togheter for The Kids”.
Para a surpresa de ninguém, a radiofônica “I miss you” foi o ápice da noite, com uma bonita contribuição da plateia, convidada pela banda para cantar o refrão a capella. E atendendo ao clamor dos fãs: a banda incluiu no setlist a pop rock “Always” — lançada a mais de 20 anos. Também não faltou energia para “All the Small Things” e seu inconfundíveis “na na na na na na na na na”
É verdade que a banda impôs uma espera de 30 anos aos fãs brasileiros, falta que eles reconhecem. A ausência, porém, foi remediada com uma apresentação de se prender os olhos (e os ouvidos até o fim).