Em sua quarta apresentação no Brasil, os americanos do Limp Bizkit levaram potência e rebeldia ao palco Samsung Galaxy do Lollapalooza na noite deste sábado, em São Paulo. Tocaram para um público até surpreendentemente grande — o que talvez fale mais sobre a atração do palco vizinho, o Thirty Second to Mars, do que sobre o Limp Bizkit propriamente.
O mix de metal com rap amarrados com os scratches furiosos do DJ Lethal que caracteriza o nu metal da banda, gênero que teve como maior sucesso o também americano Linkin Park (embora os californianos rejeitassem serem enquadrados sob esse rótulo), assustou curiosos ao mesmo tempo em que despertou excitação nos fãs. Foi o completo oposto do show anterior no mesmo palco, do intimista irlandês Hozier.
A insubordinação da banda liderada pelo vocalista Fred Durst permeia a sonoridade e letras do grupo, ficando ainda mais explícita na primeira e última faixa do setlist apresentado no Autódromo de Interlagos, “Break stuff” (a canção foi tocada duas vezes). A música, cuja letra fala em “quebrar coisas”, é conhecida por ter sido o estopim para um levante violento que resultou em milhares de feridos no festival Woodstock de 1999, episódio recentemente relembrado na série documental da Netflix “Desastre total”.
Para furar a bolha do seu público cativo, o Limp Bizkit fez ao longo de sua carreira de três décadas uma série de covers que mascararam sua sonoridade barulhenta com versos desbocados. É o caso de “Faith”, de George Michael, e “Behind blue eyes”, do The Who. Em São Paulo, a banda tocou ambas, reproduzindo também trechos de “Purple Rain”, do Prince, e “Seven Nation Army”, dos The White Stripes.
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As músicas autorais mais celebradas durante a apresentação foram as raivosas “Nookie”, de 1999, além de “My way”, “Rollin’ (Air raid vehicle)” e “Take a look around”, todas do álbum "Chocolate starfish and the hot Ddog flavored", de 2000, e que incentivaram a abertura de uma enérgica roda de bate-cabeça no público em frente ao palco. Houve até espaço para os fãs entoarem um “Parabéns para você” para o baterista John Otto, aniversariante do dia.
Com seus integrantes já na casa dos 50 anos de idade, o Limp Bizkit rejeita deixar para trás o espírito adolescente que projetou uma banda que deu voz à parcela mais desobediente da Geração X. A ambição de ser o porta-voz desse grupo é escancarada na letra de “My generation”, que surgiu em Interlagos como um hino do orgulho 40+ num festival em que os maiores afagos foram reservados aos millennials.