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Studio SP reabre na rua Augusta após oito anos e segue até o fim de 2022

Com ingressos esgotados para show de Céu, casa icônica que ajudou a dar projeção nacional para Tulipa Ruiz, Criolo, Emicida e outros inicia nova temporada nesta sexta-feira
Decoração do Studio SP exalta expressões urbanas de São Paulo como o pixo e o lambe-lambe Foto: Francio de Holanda / Divulgação
Decoração do Studio SP exalta expressões urbanas de São Paulo como o pixo e o lambe-lambe Foto: Francio de Holanda / Divulgação

Ainda não será com o show do disco de releituras “Um gosto de sol” (saiba mais), mas a cantora e compositora Céu foi a escalada para reabrir oficialmente o icônico Studio SP na rua Augusta, região central de São Paulo, no mesmo endereço onde fechou as portas oito anos atrás. Ela faz shows nesta sexta-feira e domingo, nos quais passa por diferentes momentos de uma premiada carreira, impulsionada, também, por apresentações naquele espaço — em 2006, ainda iniciante, ela fez uma temporada histórica do seu álbum de lançamento, “Céu” (2005).

— Foi um espaço emblemático para fortalecer as novas bandas, o som novo que estava acontecendo ali em meados de 2005. Gosto de enfatizar que não era um som de São Paulo, mas em São Paulo. Tinha gente de todo lugar, uma cena fértil, quente, e o Studio SP abraçou projetos experimentais e consolidados — relembra Céu.

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Alê Youssef, um dos sócios-fundadores da casa e ex-secretário municipal da Cultura de São Paulo, conta que, desde que se tornou mais concreta a reabertura, ele via como “cenário ideal” ter Céu como protagonista da primeira noite:

— O Studio foi uma verdadeira plataforma de lançamentos da música brasileira, lançou artistas, formou público e ajudou a consolidar carreiras importantes. Além da música, agregou toda a cena de arte urbana e ativismo cultural que existia em São Paulo. O camarim era um espaço de encontros, mas também de articulações de ações político-culturais, como a fundação do (bloco de carnaval) Acadêmicos do Baixo Augusta , fundamental para o fenômeno que o carnaval paulistano se tornou.

Youssef relembra, por exemplo, que foi no palco do Studio SP que Criolo cantou, pela primeira vez, “Não existe amor em SP”. Que lá, no edifício da rua Augusta 591 que voltará a fervilhar a partir desta sexta, Emicida fez dezenas de aparições no começo da carreira, seja com shows solo ou em participações; onde, antes de se tornar um dos primeiros fenômenos da música digital brasileira, o Cansei de Ser Sexy fez seus primeiros shows; e que através do projeto Cedo e Sentado (de shows gratuitos às quartas, que também volta agora), nomes como Tulipa Ruiz , Marcelo Jeneci , Mallu Magalhães e Tiê formaram seus públicos.

Fachada do Studio SP faz homenagem ao pixo Foto: Francio de Holanda / Divulgação
Fachada do Studio SP faz homenagem ao pixo Foto: Francio de Holanda / Divulgação

A programação até o fim do ano foi divulgada com ampla expectativa nas redes sociais, e alguns shows já estão esgotados — além de Céu, não há mais ingressos, por exemplo, para ver Otto, Miranda Kassin, Luedji Luna e o projeto Del Rey (nascido lá, no qual o cantor pernambucano China se junta aos conterrâneos do Mombojó para cantar Roberto Carlos). Além dos shows, outro destaque vai para a identidade visual, que segue celebrando a arte urbana feita hoje na cidade, com a fachada exaltando o pixo e as paredes internas cobertas por lambe-lambes feitos especialmente para lá por artistas locais.

Apesar de comemorada, a volta do espaço tem data de validade: o projeto segue apenas até o fim de 2022.

— A princípio, fizemos um projeto pensado como uma iniciativa temporária, tendo toda a nossa potência concentrada nesse momento — confirma Youssef. — A ideia é ser um marco para a retomada da economia criativa da cidade, um grito de resistência contra o desgoverno nesse ano que vem tão importante, além de celebrar o centenário da Semana de Arte Moderna de 1922 mostrando o novo modernismo baseado na expressão periférica, que renova nossa cultura.