Cultura Música

Sucesso nos anos 1990, Goo Goo Dolls estreiam no Brasil no Rock in Rio

Banda americana alcançou fama mundial com a balada 'Iris', trilha sonora do filme 'Cidade dos anjos'
A banda de rock americana Goo Goo Dolls Foto: Divulgação
A banda de rock americana Goo Goo Dolls Foto: Divulgação

Apesar de ter estourado nos anos 1990, os Goo Goo Dolls estrearam em disco em 1987, quando ainda era uma rebelde banda de garage rock. O sucesso mundial, contudo, só veio 11 anos mais tarde, com a balada arrasa-quarteirão “Iris”, trilha sonora do filme “Cidade dos anjos”, romance água-com-açúcar estrelado por Nicolas Cage e Meg Ryan. Preparado para seu primeiro show no Brasil em mais de três décadas de carreira, na edição deste ano do Rock in Rio, o grupo americano promete “outras três ou quatro músicas que o público vai reconhecer”.

— A maioria das pessoas conhece um monte de outras canções nossas, mas elas não sabem disso. Foi o que percebi quando começamos a excursionar pela Europa oriental, quando muita gente dizia: “Poxa, cara, não fazia ideia que aquela música era de vocês.” Mas posso prometer um show com todos os sucessos — diz o bem humorado cantor e guitarrista John Rzeznik, que hoje é o único membro oficial da banda, ao lado do baixista Robby Takac, outro integrante da formação original.

Rzeznik e Takac se conheceram em 1986, e a paixão por guitarras distorcidas, garotas, cerveja e punk rock foi o que uniu a dupla.

— Eu estava na faculdade quando a gente se encontrou. Eu era de uma banda de punk, e decidimos tocar juntos. E lá se vão mais de 30 anos. Já ouvi mais de uma vez que nossa relação é um casamento. Se for, não vejo a hora de me separar — brinca o vocalista de 53 anos. — Mas já estamos velhos, ninguém nos quer mais.

LEIA MAIS: Rock in Rio anuncia Nile Rodgers, H.E.R., Tenacious D., Whitesnake e Goo Goo Dolls

Segundo o músico, a transformação radical na sonoridade do grupo foi um processo natural ocorrido ao longo dos anos, não uma manobra comercial.

— Mudamos (o estilo da banda) porque eu envelheci e amadureci. A música mudou comigo. Eu me sentiria ridículo se ainda tocasse aquelas coisas de 1986. Punk rock é para crianças. Essa é a minha opinião. E eu queria ver outras garotas na plateia que não fossem minha namorada. Me diverti muito, mas já passei daquela fase há tempos — garante .

SUCESSO MUNDIAL

A popularidade do Goo Goo Dolls nos EUA cresceu a partir dos discos “Superstar car wash” (1993) e do álbum duplo de platina “A boy named goo”, lançado dois anos mais tarde. Mas o sucesso mundial viria apenas em 1998, com “Iris”, presente tanto na trilha de “Cidade dos anjos” quanto no CD “Dizzy up the girl”.

— Quando me convidaram para escrever uma música para o filme, eu estava passando por um divórcio. Eu peguei o violão e pensei: “O que eu diria se eu fosse esse cara?”. E veio assim a canção. Eu não esperava que fosse um hit daquele jeito, porque a trilha também tinha músicas de gente como o U2 e Peter Gabriel, estrelas mundiais. Nunca esperei esse sucesso todo — confessa o artista.

Ao contrário de “muitos amigos estrelas do rock que reclamam de seus maiores hits”, Rzeznik não se ressente do êxito de “Iris”.

— Sou muito grato por essa música, que nos ajudou a ter e manter uma carreira. Eu digo para meus amigos: “Cara, essa música te deu uma mansão, te comprou um Mercedes e pagou os estudos dos seus filhos. Pare de reclamar.” (risos). Tenho o privilégio de fazer discos e ser pago por isso. É uma vida incrível. Não tenho do reclamar — vibra.

LUTA CONTRA O ALCOOLISMO

Mas a fama mundial não trouxe apenas benesses para os parceiros de Goo Goo Dolls, que enfrentaram uma dura e longa batalha contra o alcoolismo.

— Quando você faz muito sucesso, uma sombra surge, e você pode cair dentro dela. De repente, todas as mulheres do mundo se interessam por você, todos são seus amigos. Aí, você pode acabar bebendo muito, tomando muitas drogas, todos aqueles clichês de rock star. Passei por intervenções, quase morri. Mas só parei quando fui para o programa de 12 passos do AA. Estou sóbrio há quase cinco anos. Robby não bebe há mais de uma década — admite.

Animado para vir ao Brasil, Rzeznik diz que ainda há um culto romântico à imagem do “artista torturado":

— Muitos eram assim, de fato. Todos temos excentricidades e um buraco dentro de nós. Mas eu produzo muito mais agora, sem estar de ressaca todos os dias. Muitos fãs do Brasil vêm aos EUA para nossos shows. Estamos muito entusiasmados para tocar aí, vamos dar nosso melhor, isso eu garanto. Só não vai ter caipirinha para mim — gargalha.