Nelson Motta
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Nelson Motta

Jornalista, compositor, escritor, roteirista e produtor.

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GERADO EM: 02/08/2024 - 04:30

Reflexões de um Visionário aos 80: Sonhos, Arte e Inspiração

Após uma vida intensa, marcada por relacionamentos diversos, sonhos realizados e mudanças de perspectiva, um indivíduo reflete sobre a importância dos sonhos secretos que impulsionam a vida. Com a maturidade, o desejo por tranquilidade e a busca por novas realizações artísticas e afetivas guiam seus dias. Aos quase 80 anos, mantém viva a chama da criatividade e da esperança, inspirando outros a sonhar, amar e viver plenamente.

Em minha longa vida de cinco casamentos e três filhas, me relacionei com pessoas bonitas ou nem tanto, inteligentes ou meio tontas, rasas ou profundas, mais novas e mais velhas. Algumas foram felizes por algum tempo, outras desastrosas no final, umas viraram amizade, mas aprendi muito com o bem e o mal que recebi. Nem é (só) pela idade, é pela intensidade e a rodagem, mas cansei do turbilhão de emoções. Como Tim Maia, quero sossego; e, como Cazuza queria, eu tenho a sorte de um amor tranquilo, com sabor de fruta mordida. Paz em movimento, como sempre sonhei.

Tenho uma certa obsessão pela pergunta “qual é o seu sonho?”, que estou sempre fazendo aos outros — e a mim. A resposta mostra muito da pessoa: indica um propósito na vida ou superficialidade e falta de imaginação, pois o sonho é livre e não custa nada. Quando uma pessoa responde algo como “ganhar na Mega-Sena”, já mostra como é rasa. Quando sonha em ser rico e famoso sem talento nem esforço, ter milhões de seguidores no Instagram sem saber fazer nada... diz-me com o que sonhas e te direi quem és.

Há os sonhos sociais, os compartilhados, até os públicos. E há os sonhos secretos, que são os que mais importam e impulsionam os sonhadores rumo às conquistas. Perigo é quando um sonho se torna obsessão e não dá espaço para novos sonhos.

A essas alturas da vida, já mudei de sonho várias vezes, alguns por conquista e outros por desistência. Sonhei ser músico mas não me frustrei: me realizei com a música, escrevendo, fazendo, produzindo. Na verdade, acho que meu sonho juvenil era viver de música, só não sabia (ainda) como. A vida acabou me encaminhando para isso, por caminhos que jamais imaginei — nem sonhei.

Hoje meu sonho é acordar vivo e lúcido amanhã, e continuar produzindo música, teatro, livros, exposições, festivais, e compartilhando com o público os benefícios da sorte que recebi de graça com o esforço do meu trabalho. Sonho em desfrutar e retribuir o amor dos meus amores de sangue e de coração. Com o sol em escorpião, tenho plena consciência da impermanência, da morte e renascimento simbólicos, da fugacidade da vida e dos sentimentos. Faz valorizar o momento, a vida plena e produtiva de cada dia.

Não tenho a pretensão de ser exemplo para ninguém, só compartilho minhas experiências na esperança de alegrar e inspirar as pessoas, especialmente as mais velhas e mais desesperançadas. Nunca é tarde para sonhar, para amar, para viver.

A frase anterior soa ultracafona, mas me parece pura verdade e consciência. Sou prova viva disso quase aos 80 anos, que vou comemorar com um novo romance, um novo musical de teatro e a curadoria, com Bia Lessa (outro sonho), de uma megaexposição imersiva e interativa sobre a bossa nova, o tempo e o som de Ipanema dos anos 1960, com seus bares e suas boates.

É verdade, só a sorte não basta, depende do que você faz com ela, se a usa para o bem ou para o mal. É como a inteligência, o talento e, para alguns, a beleza e o poder de atração. Bem, cada um dá o que tem.

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