Nelson Motta
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Nasci com a vocação de curtir-compartilhar, desde garoto sempre fui movido pela curiosidade de descobrir coisas novas. Mas não bastava: precisava contá-las logo para alguém. Comecei como colunista com 22 anos justamente buscando novidades para o público jovem, de discos, livros, shows, projetos, opiniões, novas ideias. De lá para cá, esta tem sido minha vida de jornalista e cronista, que encontrou na era digital a mais completa tradução de seu propósito na vida profissional, curtindo e compartilhando o que encontro de novo, original e bonito nas artes e na comunicação.

Embora não seja crítico literário — longe disso, sou só um leitor apaixonado que tem grande prazer em recomendar livros que me emocionam a cabeça e o coração—, fiquei um pouco assustado com a notícia de que as pessoas estão comprando cada vez menos livros no Brasil, apesar da vasta oferta de todos os gêneros. Bem, autoajuda não conta, não é propriamente literatura; e tempo de leitura nas redes sociais, reels após reels, posts após posts, também não vale.

Falo de ler livros, romances, ficções, e ser abduzido pela história, as tramas e os personagens, mergulhando num universo desconhecido e saindo das preocupações e mesquinharias do dia a dia. Dar um descanso à cabeça, parar de pensar em si e em seus problemas grandes e pequenos, funciona para mim como uma espécie de meditação, no sentido de sair de si e da porra do ego para viver emoções e sensações genuínas despertadas por uma narrativa que toca seus sentimentos, suas memórias e fantasias.

E, no entanto, estão lendo cada vez menos no Brasil, apesar da imensa, em quantidade e qualidade, oferta de livros, especialmente de mulheres. É um cenário com Carla Madeira e seus três romances, “Véspera”, “A natureza da mordida” e “Tudo é rio”, com sua escrita intensamente poética; Giovana Madalosso, com os sucessos de “Suíte Tóquio” e “Tudo pode ser roubado”, e seu estilo marcado pela densidade emocional e pelo humor apesar de tudo; Andréa del Fuego e “A pediatra”, que se harmoniza com o nome da autora na estranha história de uma pediatra que odiava crianças.

E, agora, eis o espetacular romance “Oração para desaparecer”, de Socorro Acioli, que me arrebatou do início ao fim com uma linda história de amor, magia e pertencimento, narrada por várias vozes em vários tempos, com uma personagem misteriosa, sedutora e inesquecível, uma mulher que aparece sem memória em um país estranho e não sabe quem é nem de onde veio. Só se sabe que é brasileira, pela fala, quando aparece em uma aldeia portuguesa.

A aventura da busca dessa identidade, através do amor, dos sonhos, da magia, é o grande mistério a ser desvendado. E só se revela nos últimos capítulos, depois de grandes reviravoltas e surpresas, enquanto a mulher vai construindo uma nova história em Portugal com a ajuda de uma família que a acolheu — e o amor de um jovem diplomata moçambicano que se apaixona por alguém sem identidade nem história. Vou dar spoiler: o amor vence no final.

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