Nelson Motta
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Quando você é criança, jovem, acha que não vai morrer nunca, quem morre são os outros. Conforme vai amadurecendo, vai vendo que o buraco não só é mais embaixo como está mais próximo. Chega um momento em que você decide que tem que viver com intensidade máxima o tempo que te resta, ou te sobra, que pode ser muito ou pouco, e que cada dia deve ser vivido como uma vida inteira, com suas ações e reações, com suas memórias, como se houvesse amanhã, muitos amanhãs, embora o futuro seja hoje. O problema é dar o melhor uso a cada segundo, não desperdiçar o precioso tempo.

Vários dilemas aparecem. A começar por dormir. Aparentemente não há maior “perda de tempo”, embora a mente e o inconsciente continuem em atividade nos sonhos e nas sensações que provocam. Na verdade, dormir — quando se está com sono, com muito sono — é um dos grandes prazeres da vida, que o digam os infelizes que padecem de insônia, exaustos, pensando sem parar, rolando na cama sem conseguir dormir, até o dia nascer e o despertador tocar. Muito triste. Ser bom de cama, deitar e dormir, é uma bênção, uma vida bem dormida é parte da vida bem vivida.

O uso mais produtivo do escasso tempo talvez seja o trabalho, para quem gosta do que faz, outro privilégio, felizes os que podem ganhar dinheiro com o que pagariam para fazer. Qual o seu maior hobby? Trabalhar! As conquistas profissionais preenchem o tempo, reforçam a identidade e a integridade, tornam a idade e a experiência, e a urgência, uma vantagem na sobrevivência na reta final.

Sempre evitei pensar em morte, assunto desagradabilíssimo, mas, quando tive que enfrentar a perda de meu pai, minha mãe, meu melhor amigo e meu gato, tive que encarar a dor. Mas aprendi que a dor não mata, ensina, prepara você, fortalece. Sempre evitei o assunto, mas mantendo acesa a consciência da finitude, característica fundamental de meu signo astral e de minha personalidade, tanto que já vivi várias vidas até hoje.

A mais recente ganhei depois de um infarto, que poderia ter me levado se demorasse a ser atendido, e foi resolvido com dois stents na coronária, que agora flui como um rio. Mas, passados o choque e o transe que terminou com a cirurgia, caí na real, pela primeira vez tive medo, fiquei me sentindo fragilizado, disposto a levar a sério as dietas e exercícios que garantam a livre circulação de minhas artérias e me permitam levar uma vida plena e feliz, não só por mim, mas pela responsabilidade afetiva com minhas filhas, os netos, bisneto e minha amada.

À medida que o tempo passa me lembro que quando meus pais ficaram mais velhos se tornaram meus filhos, coube a mim cuidar deles, dar-lhes conforto e afeto, ouvi-los e aconselhá-los, acolhê-los, como eles fizeram comigo. Agora me preparo para virar filho de novo.

Não tenho saudade de nada, porque vivi tudo intensamente, só sinto falta das pessoas amadas. Não tenho medo de morrer, mas de sofrer, como tantos que vi e com quem sofri junto. Mas levo fé na genética, meu pai partiu aos 92 e minha mãe, aos 93.

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