Cultura

‘Nenhum sistema vai nos calar’, diz Fernanda Montenegro em São Paulo

Atriz protestou contra a censura e a corrupção no lançamento de seu livro de memórias no Theatro Municipal
A atriz Fernanda Montegro, que está lançamento seu livro de memórias "Prólogo, ato, epílogo" (Companhia das Letras) Foto: Leonardo Aversa : Leo Aversa / Agência O Globo
A atriz Fernanda Montegro, que está lançamento seu livro de memórias "Prólogo, ato, epílogo" (Companhia das Letras) Foto: Leonardo Aversa : Leo Aversa / Agência O Globo

SÃO PAULO — O lançamento de “Prólogo, ato, epílogo”, livro de memórias de Fernanda Montenegro, escrito em parceria com Marta Góes e publicado pela Companhia das Letras, lotou o Theatro Municipal de São Paulo, na tarde deste domingo (6). A atriz Fernanda Montenegro aproveitou a oportunidade para protestar contra as ameaças de censura e os ataques à classe artística.

"Ninguém ou sistema nenhum vai nos calar", disse Fernanda, que  subiu ao palco de mãos dadas com o dramaturgo Zé Celso, diretor do Teatro Oficina, um “maravilhoso sobrevivente”, em suas palavras. "Estamos reunidos aqui em torno da liberdade de expressão."

Cerca de mil pessoas ocuparam a plateia e aplaudiram de pé a atriz. Ingressos gratuitos foram distribuídos a partir das 14h. O evento começou às 16h. A atriz ainda defendeu o fim das reeleições, a renovação política e, sem citar nomes ou partidos, criticou a corrupção generalizada na política brasileira.

"A corrupção foi institucionalizada e, por isso, não temos uma direita, nem um centro, nem uma esquerda", afirmou.

Fernanda não mencionou nenhuma vez o dramaturgo Roberto Alvim, diretor do Centro de Artes da Funarte, que, há duas semanas, chamou a atriz de “sórdida” e disse sentir “desprezo” por ela. A atriz havia posado fantasiada de bruxa em uma fogueira feita de livros para a capa da revista literária “Quatro Cinco Um”. As ofensas a Fernanda revoltaram a classe artística. Políticos, como o ex-presidenciável Ciro Gomes (PDT) e o prefeito paulistano Bruno Covas, também defenderam a atriz. No Twitter, Ciro chamou Alvim de “picareta”, “medíocre” e “vagabundo”.

Na última quinta-feira (3), Fernanda foi entrevista no programa “Conversa com Bial”, onde fez uns poucos comentários políticos mas evitou citar nomes ou partidos. Às vésperas de completar anos, a atriz tem optado por falar de episódios de sua trajetória pessoal e artística, rememorados em seu livro de memórias, e não de política, nos eventos de divulgação e lançamento.

No Rio, o lançamento de “Prólogo, ato, epílogo” será nesta quarta-feira (9), na Livraria da Travessa do Shopping Leblon. Haverá sessão de autógrafos, mas só para as 300 pessoas que conseguirem senha. Cada senha dá direito a autógrafo em apenas um livro. Fotos serão feitas com o celular do leitor, mas pela equipe da Travessa ou da Companhia das Letras. Selfies com Fernanda não serão permitidas.