Cultura
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Morreu nesta segunda-feira, 27, a editora e tradutora Heloisa Jahn, aos 74 anos. A causa da morte ainda não foi divulgada;

Carioca criada no Rio Grande do Sul e radicada desde 1985 em São Paulo, onde cursou filosofia na USP, Jahn era uma das principais tradutoras do país, trabalhando com autores de língua espanhola, inglesa, dinamarquesa e francesa. Entre outros escritores clássicos, traduziu Jorge Luis Borges, Charles Dickens, George Orwell, Hans Christian Andersen. Recentemente, traduziu duas poetas: a uruguaia Ida Vitale e a americana Louise Glück (vencedora do Nobel de Literatura).

Ao GLOBO, ela falou em 2020 sobre a experiência de traduzir a americana, um de seus últimos trabalhos.

—Para mim, essa é uma experiência única, empolgante. É um parque de descobertas entrar no mundo de um poeta como tradutora — conta Heloisa. — Eu gosto de ler pela primeira vez já traduzindo, é o que estou fazendo agora. Construir o mimetismo possível. Assim busco uma espécie de desvendamento a cada poema: um caminho de entrada. E depois, nas inúmeras leituras sucessivas, procuro ler “de fora” a tradução para poder melhorar a forma final dos poemas.

Exilada na Europa durante a ditadura militar nos anos 1970, fez amizade com o escritor Julio Cortázar e manteve uma correspondência com o escritor, que ela traduziria mais tarde.

Jahn falou mais sobre o seu trabalho de tradução em uma entrevista para a Tag Livros em 2020:

"Não há propriamente peculiaridades no processo de tradução de cada língua; alguns livros são mais difíceis (por exemplo, exigem pesquisa quanto a conteúdos, referências e culturas que o tradutor desconhece), mas o processo em si é o mesmo. O desafio está, na verdade, na especificidade de cada obra: se não quiser fazer um trabalho burocrático, o tradutor terá de se atrever a escrever de novo o livro, e para isso tem de apostar que ouviu a voz de seu autor. O verdadeiro desafio, e o verdadeiro risco, está aí".

Jahn também fez uma carreira importante como editora em casas como Brasiliense, Companhia das Letras e Cosac Naify. Participou do início da carreira de autores como Reinaldo Moraes, Paulo Leminski, Ana Cristina Cesar e Caio Fernando Abreu Estevão Azevedo e Angélica Freitas.

"Se você é leitor ou leitora de livros, a Heloisa Jahn faz parte da sua vida", escreveu o editor André Conti, da Todavia, em seu Instagram. "Ela descobriu algum autor que você admira. Ela traduziu algum livro que foi importante para você. Um dos seus poemas favoritos também foi traduzido por ela. Algum livro infantil que suas crianças amam. Alguma frase que você carrega foi editada por ela, com a caneta firme de quem conhecia o ofício como poucos. Trabalhar ao lado dela foi um privilégio que, pelo menos, tive muitas oportunidades para agradecer".

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