Cultura
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Por Letícia Messias — Rio de Janeiro

Os ataques racistas contra o cantor Seu Jorge em Porto Alegre teriam começado após o artista realizar uma manifestação política. De acordo com os sócios que estavam no evento, ocorrido na última sexta-feira, 14, o caso teve início quando o músico fez o sinal de “L” com as mãos, símbolo de apoio ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

“Eu estava presente no evento, bem na frente do palco. Ao encerrar a última música, Seu Jorge se despediu fazendo o ‘L’ de ‘Lula’. Nesse momento, saiu do palco e começaram a gritar ‘mito’ e a vaiar”, escreveu uma internauta. Como resposta, outra pessoa disse: “exatamente o que eu presenciei. Não vi nenhum sinal (de racismo), (mas) não significa que não tenha ocorrido. Precisa ser apurado”, declarou.

Nas redes sociais do clube, os sócios ainda criticaram a postura dos administradores do local, que apagaram todas as fotos e vídeos que envolviam a apresentação do cantor. “Onde está o conteúdo dos shows? Fotos (e) vídeos da ‘representatividade da cultura nacional’. Por que não tem nenhum material sobre o evento?”, questionou.

Delegada que investiga caso diz ter provas de racismo

Nesta segunda-feira, a Polícia Civil do Rio Grande do Sul abriu um inquérito para investigar as denúncias de racismo contra Seu Jorge. Ao GLOBO, a delegada Andrea Mattos, titular da Delegacia de Polícia de Combate à Intolerância, afirma ter recebido um vídeo que mostra o momento em que o público chama o cantor de “macaco” e começa a imitar o animal.

— Em um determinado momento (do vídeo), é possível ouvir a palavra ‘macaco’ sendo dita duas ou três vezes. Além de sons alusivos ao som emitido por esse animal — disse Andrea, que ainda afirmou não ter recebido resposta dos organizadores. — Acho importante ter as imagens do próprio clube, que seriam oficiais. Esse vídeo eu recebi de uma pessoa que estava no show.

Caso identificadas, os responsáveis deverão ser punidos de acordo com a Lei 7716/89, que estabelece pena de reclusão de um a três anos e multa para quem praticar discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional. Para isso, a delegada pede que as pessoas presentes no show também contribuam com a investigação.

— Tenho clamado para que as pessoas que foram ao show nos procure e, se possível, nos abasteça com mais informações ou imagens para que a gente possa identificar os autores dessas ofensas. Garantimos sigilo, se assim for solicitado — ressaltou.

Os interessados poderão entrar em contato com a Delegacia de Combate à Intolerância pelo telefone (51) 98535-5034.

‘Muita grosseria racista’, diz Seu Jorge

O cantor Seu Jorge publicou um vídeo na noite desta segunda-feira em que se pronuncia pela primeira vez desde que sofreu os ataques. Em cerca de 9 minutos, o artista fez um desabafo e confirmou ter ouvido vaias e xingamentos, além de ofensas racistas vindas da plateia.

“Quando cheguei atrás do palco, comecei a escutar muitas vaias e xingamentos. Por conta disso, percebi que não seria possível voltar para fazer o famoso bis. Na verdade, o que eu presenciei foi ódio gratuito e muita grosseria racista (...). O que quero dizer é que não reconheci a cidade que aprendi a amar e respeitar”, declarou.

Clube diz estar ‘apurando internamente’

No domingo, o clube Grêmio Náutico da União publicou uma nota sobre o caso. Leia na íntegra:

“O Grêmio Náutico União está apurando internamente os fatos ocorridos em evento realizado no dia 14 de outubro, durante apresentação do cantor Seu Jorge. Se for comprovada a prática de ato racista, os envolvidos serão responsabilizados. Afirmamos que o União, seguindo seu Estatuto e compromisso com associados e sociedade, repudia qualquer tipo de discriminação.

Ressaltamos que Seu Jorge foi o artista escolhido para realizar show com a presença de associados e não-associados do Clube, considerando sua representatividade na cultura nacional e pelo reconhecimento internacional, e destacamos nosso respeito ao profissional e ao seu trabalho.

Paulo José Kolberg Bing

Presidente

Grêmio Náutico União”

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