Cultura
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Por Lucas Salgado — Rio de Janeiro

Quando Rodrygo perdeu o pênalti nas quartas de final contra a Croácia na Copa do Mundo do Catar, Diogo Defante pensou: “Será que ele desconcentrou indo pra bola pensando na coreografia da minha dancinha, que ele tinha prometido fazer?” Quando as cobranças se encerraram e o Brasil foi de fato eliminado na competição, ele questionou: “Tava tudo dando certo, será que foi o meu ‘Cascão reverso’ (corte de cabelo que foi uma releitura do adotado por Ronaldo Fenômeno na final da Copa de 2002) que tirou o Brasil?”

Como bom brasileiro apaixonado por futebol e supersticioso, Defante ficou pensando se não havia algo que ele poderia ter feito, se não era tudo culpa dele. Mas a verdade é que o comediante foi um grande craque do Brasil na Copa. Aquele que, nas palavras de David Luiz em 2014, “deu alegria pro seu povo.”

Carioca de Realengo, Defante, de 32 anos, foi ao Catar como correspondente da CazéTV, fazendo uma série de reportagens para o canal conduzido por Casimiro Miguel, que detém os direitos de transmissão da Copa no streaming (YouTube e Twitch). Para o canal, fez matérias sobre o país-sede, brincou com filhote de leão, se enrolou no inglês tentando fazer compras em um mercado, entrevistou jogadores e, principalmente, foi para o meio das torcidas. Além da presença na CazéTV, produziu conteúdos para seu próprio canal no YouTube, com a realização de alguns vídeos do “repórter doidão”, e fez trabalhos para marcas parceiras.

Fora da bolha

Em meio à correria, conversou com O GLOBO via Meet sobre a repercussão de sua presença no Catar e sobre sua trajetória profissional, além de planos para o futuro. Apesar de ainda estar no país-sede da Copa, ele já tem, sim, a impressão de que, em sua carreira, pode ter furado uma bolha e ampliado seu público.

— Está todo mundo me aterrorizando com o fato de que eu, agora, voltando para o Brasil, estou muito mais famoso. Já vinha sendo reconhecido na rua e, mesmo sabendo que era a minha galerinha da internet, uma coisa meio nichada, eu me sentia popular. Mas realmente eu vejo que uma bolha foi furada, tenho ouvido muita gente falando que a avó, o pai, a mãe da pessoa começou a ver meus vídeos — conta Defante. — Acho que só vou ter a real dimensão voltando para o Brasil. Ganhei mais de um milhão de seguidores no Instagram.

Outra prova de que Defante havia ido além de seu público original foi o fato de que seus vídeos viralizaram entre os jogadores da seleção brasileira. Quando disseram que ele deveria ir para a zona mista conversar com os atletas, que estariam mais dispostos a parar para falar com ele, Defante duvidou. Mas, quando chegou a hora, conseguiu perceber os sorrisinhos no rosto dos jogadores antes de chegarem até ele. Em uma das interações que viralizou na internet, perguntou para Richarlison: “O Brasil todo conhece o pombo. E a rolinha, pode mostrar para mim?”

Comediante Diogo Defante — Foto: Victor Leví/Divulgação
Comediante Diogo Defante — Foto: Victor Leví/Divulgação

Antes de se descobrir comediante, Defante sonhou em ser músico. Após aprender a tocar bateria na igreja, aos 14 anos, montou uma banda de rock com os amigos do colégio chamada Let’s Go. Por sete anos, investiu na trajetória musical. O grupo se mudou para São Paulo, lançou dois álbuns e realizou shows. Ao perceberem que estavam gastando mais dinheiro do que ganhando, os integrantes resolveram encerrar as atividades da banda. Em 2012, Defante fez sua estreia no YouTube e no humor ao criar o canal Kaozada, em que protagonizava vídeos nonsense e tinha “Hermes e Renato” como inspiração. Dois anos depois, foi chamado por Felipe Neto para desenvolver o canal Foco para a produtora Paramaker. No final de 2015, no entanto, decidiu seguir carreira solo. Nasceu assim o canal Diogo Defante. Foi quando começou a trabalhar com Dan Lessa, fiel parceiro, produtor e câmera que o acompanha até hoje. Ambos bateristas, eles se conheceram nos corredores e palcos da cena do Rock no Rio, mas só foram fazer um feat já fora da cena musical.

— Trabalhar com o Diogo é bom demais. Ele é um cara que pensa muito fora da caixa, não quer saber de seguir trends e tendências, faz as coisas do jeito dele. Sempre muito criativo e com um coração enorme — diz Lessa, também direto do Catar.

Projetos

Defante lembra que o canal não foi um hit imediato, mesmo o quadro do “repórter doidão”, que seria uma marca mas ficou quase dois anos recebendo pouquíssimas visualizações. Até que viralizou seu primeiro vídeo, em que perguntava a um menino “baby baby do baby do biruleibe leibe?” e recebia um palavrão como resposta.

— Um molequinho de 15 anos pegou só esse trecho e colocou numa página de memes. Aí, a parada foi bizarra. O canal tinha 60 mil inscritos e foi para 600 mil. Foi quando ganhei o meu primeiro dinheirinho no YouTube — lembra Defante, que na sequência criou o podcast Jucelino Kubicast, em que recebe convidados e entrevista frequentadores de um bar em Bangu, e passou a realizar apresentações de stand-up.

O comediante brinca que criou tantos projetos que hoje tem dificuldades de administrar. Mas não quer saber de parar. Recentemente, fechou uma parceria com o canal Podpah e começou a apresentar o programa de gastronomia “Rango brabo”, em que recebe convidados da cena da internet e do humor para uma conversa e uma receita especial. Também estreou recentemente na série “Eleita”, com Clarice Falcão, para o Prime Video, e no filme de comédia “Um Natal cheio de graça”, com Gkay, para a Netflix.

Gkay e Diogo Defante em 'Um Natal cheio de Graça' — Foto: Reprodução
Gkay e Diogo Defante em 'Um Natal cheio de Graça' — Foto: Reprodução

Com experiência em direção, edição e produção, Defante se diz muito feliz com as oportunidades como ator e espera continuar. Também acredita que, num futuro longínquo, possa dirigir um filme e pensa em ser uma espécie de Ben Stiller, que atua, dirige e cria os próprios filmes.

“Baby baby do baby do biruleibe leibe”, “alegria”, “jambrolhar”, são muitas as expressões que saem da boca de Defante que acabam viralizando na internet. Inicialmente, o comediante tinha uma preocupação, mas acabou entendendo que é, sim, um “cara de bordões”.

— Confesso que achava um pouco chato quando viralizou o “baby baby do baby do biruleibe leibe”. A galera só pedia pra falar isso. Eu pensava: “Vou ser o glu glu ié ié da nova geração, o Sérgio Mallandro.” Veio uma bad meio maluca na minha cabeça. Não queria chegar aos 40 anos e só ter feito isso. Mas naturalmente outras coisas minhas foram surgindo e os memes vão se atualizando.

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