Cultura
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Por O Globo

Fãs e artistas foram às redes sociais para lamentar a morte de Nélida Piñon, escritora integrante da Academia Brasileira de Letras. Nélida morreu este sábado em Lisboa, aos 85 anos. A escritora foi a primeira mulher a se tornar presidente da ABL, em 1996. Antes, em 1970, inaugurou e foi a primeira professora da cadeira de Criação Literária da Faculdade de Letras da Universidade Federal do Rio de Janeiro.

Ao GLOBO, o professor Carlos Alberto Serpa, grande amigo de Nélida, relembrou a trajetória dessa longa amizade entre eles que, juntos, fundaram a Academia Brasileira de Cultura. Serpa a considera "rainha da literatura" e "deusa da ABL".

— Amiga, como uma irmã, que sempre esteve comigo. Sempre que a encontrava saía embevecido com sua inteligência, criatividade e com suas atividades proativas. Rainha da literatura e Deusa da ABL, onde sempre pontificou, e fundadora comigo da Academia Brasileira de Cultura. Estou tristíssimo e já com saudade dela. Mas, hoje, o céu está em festa pela chegada dela lá, onde sempre rezará por todos nós e pela cultura de nosso país. Descanse em paz! —, disse, em relato emocionado.

Depois de escrever: "Nélida Piñon, em lágrimas, eu me despeço. Não tenho palavras", o escritor, poeta, tradutor e ex-presidente da ABL Marco Lucchesi publicou um vídeo prestando homenagens à escritora que, segundo ele, "foi um sol na vida de todos nós".

— Não há palavras diante da passagem de Nélida Piñon. Nélida foi um sol na vida de todos nós brasileiros, ibéricos, os de Espanha, de Portugal e do mundo todo. Nélida tinha uma capacidade notável de reunir energias poéticas e proféticas a partir de um contexto profundo de encantamento da palavra —, disse Lucchesi.

— Nélida foi sempre uma figura absolutamente admirável e encantadora. É uma perda realmente irreparável. É um sol que se pôs e os amigos a celebram através das leituras. Nélida deixa um grande legado para a literatura brasileira e universal e para os amigos que tiveram o privilégio de a conhecer pessoalmente —, concluiu o escritor.

O sociólogo e escritor Sergio Abranches se disse "arrasado com a morte da amiga querida".

Antônio Carlos Secchin, escritor e imortal da ABL, relembrou ao GLOBO a paixão que a escritora tinha pelas palavras:

— Vemos em Nélida um exemplo extraordinário de escritora que combinava temas até contraditórios. Tinha uma imensa capacidade de criar histórias, de imaginar mundos muito complexos, e um sentido pragmático de conduzir a sua vida. Era uma sonhadora e uma realista. —, disse.

O escritor Ruy Castro lembra que Nélida "viveu pela literatura, foi a primeira a assumir presidir a ABL e abriu caminho para todas as outras", disse em entrevista à GloboNews. Castro lembrou a doçura e a gentileza de Nélida com as pessoas, o que, segundo ele, "não é comum no meio literário, em que as pessoas estão sempre desconfiadas umas das outras. Nélida estava sempre pronta para ajudar", destacou.

Ruy e Nélida se conheciam há mais de trinta anos. "Foi uma grande perda. Perdemos a pessoa, mas a obra continua", concluiu o escritor.

O escritor português Valter Hugo Mãe lamentou a morte de Nélida, a quem chamou de "mestre".

Colunista do GLOBO, a jornalista Míriam Leitão reforçou a tristeza e o luto na literatura, lembrando que a obra da escritora era marcada pelo combate ao preconceito à sexualidade feminina e pela luta pela liberdade, em plena ditadura militar. Para a jornalista, Nélida Piñon tinha uma palavra forte e revolucionária.

— Ela tinha a capacidade de amar a vida e buscar a liberdade. Perdi uma amiga com quem gostava de conversar — , lamentou Míriam.

"Acabou de falecer a extraordinária escritora Nélida Piñon. Uma mulher que dedicou sua vida à palavra e aos afetos. Cultivadora dos mais lindos sentimentos compreendeu a vida e a literatura. Amiga amada, descanse em paz", disse o escritor Gabriel Chalita.

O escritor e jornalista Edney Silvestre contou, ao GLOBO, que foi Nélida quem o incentivou a se candidatar para a ABL.

— Eu tinha enorme admiração pelo domínio que ela tinha da palavra, e o prazer de usá-la, tanto escrita quanto oralmente. Falava como se escrevesse, em longos parágrafos, absoluta e corretamente concatenados, sempre brilhantes, claros, focados. E era generosa com autores estreantes, como foi comigo, desde "Se eu fechar os olhos agora". Foi a todos os meus lançamentos, exceto os últimos, durante a pandemia. —, disse Silvestre.

Alguns fãs resolveram homenagear Nélida com uma célebre frase de sua autoria: “O escritor não deve apenas criar, mas deve também emprestar a sua consciência à consciência dos seus leitores, sobretudo num país como o Brasil.”

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