Cultura
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O documentário “Sur l’Adamant”, do francês Nicolas Philibert, foi o grande vencedor do Urso de Ouro da 73ª edição do Festival de Berlim, encerrado na noite de ontem em cerimônia no Berlinale Palast. O novo filme do autor de “Nénette” (2010) visita os frequentadores de um barco no Rio Sena, em Paris, que funciona como uma creche psiquiátrica flutuante, onde os cuidadores prestam serviços de apoio a adultos com diversos tipos de transtornos mentais. É o segundo documentário a ganhar o principal prêmio de um grande festival de cinema: em setembro passado, a americana Laura Poitras levou o Leão de Ouro do Festival de Veneza com “All the beauty and the bloodshed”.

— Você está louca ou o quê? — brincou o veterano documentarista dirigindo-se à atriz Kristen Stewart, presidente do júri internacional da Berlinale desse ano, que acabara de tecer longos elogios à humanidade de “Sur l’Adamant”.

Philibert se disse “honrado, orgulhoso e profundamente comovido” com o prêmio, antes de pedir licença para recorrer uma “cola” para agradecer a vitória.

— Que um documentário possa ser considerado cinema é uma coisa que me emociona profundamente. Essa divisão de filmes em categorias não me agrada. Não gosto de rótulos. Em “Sur l’Adamant” nem sempre fazemos questão de distinguir pacientes e cuidadores, e isso é bom. As pessoas com problemas mentais são discriminadas mas, se não conseguimos nos identificarmos com elas, que pelo menos nos reconheçamos em nossas fraquezas. Somos parte do mesmo mundo. E os verdadeiros malucos, às vezes, não são aqueles que achamos que são — disse o diretor.

O realizador francês era um dos veteranos que se misturaram aos novos talentos na programação deste ano — e todos saíram vitoriosos da cerimônia de premiação. “Afire”, do alemão Christian Petzold, antigo habitué da mostra alemã, venceu o Grande Prêmio do Júri, que equivale a um segundo lugar. O novo filme do diretor de “Barbara” (2012) e “Undine” (2020) acompanha o desenrolar do encontro de quatro jovens em uma casa de praia no Mar Báltico, em convivência ameaçada por incêndios nas matas da região.

O também veterano Philippe Garrel foi escolhidocomo o melhor diretor da competição, por “Le grand chariot”. O cineasta dedicou a vitória a Jean-Louis Godard, falecido ano passado.

— Para nós é um grande mestre, que não está aqui entre nós, mas estava aqui em Berlim nos anos 1960 para receber um prêmio por “Alphaville” — disse o cineasta francês.

O prêmio do júri ficou com “Mal viver”, do português João Canijo, parte de um díptico formado com “Viver mal”, exibido na mostra paralela Encounters. O filme é centrado em um grupo de mulheres de diferentes gerações que administram o hotel decadente.

O Urso de Prata de melhor performance coadjuvante foi para a Thea Ehre, que interpreta uma jovem mulher trans que ajuda um policial a desarticular a rede de um traficante de drogas. A estatueta prateada para performance protagonista foi para as pequenas mãos de Sofia Otero, de “20.000 especies de abejas”, de Estibaliz Urresola Solaguren. A atriz de 9 anos interpreta um menino trans que explora sua identidade sexual durante as férias de verão no País Basco.

Angela Schanelec, diretora de “Music”, ganhou o prêmio de melhor roteiro. A produção grega é uma interpretação moderna do mito de Édipo, a partir da história de amor entre um universitário preso e uma das seguranças da prisão. O prêmio de contribuição artística foi para a fotografia de “Disco boy”, de autoria de Hélène Louvart. O filme de Giacomo Abbruzzese acompanha os passos de dois homens, um soldado da Legião Estrangeira francesa, e um ativista revolucionário que tenta salvar sua vila africana das companhias petrolíferas estrangeiras.

Jovens e experientes também foram premiados por paralelos. “The survival of kindness”, do australiano Rolf de Heer, foi escolhido o melhor filme da competição pelo júri da Fipresci, a federação internacional de críticos de cinema. O júri Ecumênico, que aponta filmes com valores humanos e cristãos, premiou “Tótem”, segundo longa-metragem da diretora mexicana Lila Avilés, sobre uma menina de 7 anos que ajuda a família a preparar a festa de aniversário do tio enfermo.

Ao longo de 10 dias de programação, o mais politizado do circuito de grandes festivais lembrou o primeiro ano da guerra na Ucrânia e reafirmou sua solidariedade ao povo do Irã, sacudido por manifestações contra os abusos contra os direitos humanos cometidos pelas autoridades locais, programou uma série de eventos para debater a situação nos dois países. O presidente ucraniano Valodomyr Zelensky discursou, por vídeo, durante a cerimônia de abertura do festival, no dia 16. A mostra alemã também serviu de plataforma para a estreia mundial de “Superpower”, o documentário de Sean Penn sobre Zelensky e o conflito em seu país.

O cinema brasileiro também se destacou nas mostras paralelas. O curta-metragem “Infantaria”, de Laís Santos Araújo, venceu a categoria da seção Generation 14+, com histórias dedicadas ao público infanto-juvenil. O curta já havia sido premiado no 32ª edição do Cine Ceará, ano passado.

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