Cultura
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Por Louise Queiroga — Rio de Janeiro

Desde o anúncio de que o conglomerado sul-coreano HYBE, que detém a agência Big Hit Music, responsável pelo BTS, estaria prestes a se tornar o acionista majoritário da SM Entertainment, uma das quatro maiores empresas de K-pop, fãs estão preocupados com o futuro de seus grupos favoritos.

A gigante do entretenimento confirmou que pretende adquirir 14,8% de participação da rival, fundada por Lee Soo Man há exatos 28 anos. A transição das ações foi avaliada em 422,8 bilhões de wones (R$ 1,7 bilhão).

O CEO da HYBE, Park Ji-won, teria se comprometido a garantir a independência da SM mesmo após concluir os trâmites. A declaração de Park teria sido feita durante uma reunião com funcionários nesta segunda-feira.

— Respeitamos o legado da SM — teria dito Park, acrescentando que a HYBE vai ajudar a outra empresa a expandir seu próprio valor.

A Yonhap News informou ainda que, segundo Park , "os principais pilares da indústria do K-pop poderão se beneficiar do efeito de sinergia" dessa movimentação, descrevendo tais pilares como fãs, artistas e funcionários das duas empresas e da indústria do K-pop.

Possivelmente para deter os direitos administrativos da SM, a HYBE também compraria participação de acionistas minoritários, visando a possuir até 25% da concorrente.

Por mais de uma década sem ocupar um cargo oficial na SM, Lee Soo-man não deve integrar a administração, de acordo com fontes da indústria musical sul-coreana ouvidas pela agência de notícias Yonhap News. Apesar disso, acredita-se que ele tenha influenciado significativamente no gerenciamento e treinamento dos artistas.

Até o K-pop conquistar o amplo alcance que tem hoje — alavancado por grupos que se tornaram fenômenos, como BTS e BLACKPINK — foi realizado vasto investimento, a partir das iniciativas pública e privada, na área do entretenimento sul-coreano ao longo das últimas três décadas.

A SM Entertainment foi a agência por trás da estreia do grupo H.O.T. em 1996, considerado o primeiro conjunto musical a apresentar a essência do que mais tarde viria a caracterizar o K-pop. Desde então, a SM lançou diversos grupos de sucesso, a exemplo de TVXQ, Super Junior, Girls' Generation, EXO, NCT, Red Velvet e aespa.

Na sequência, surgiram a YG Entertainment e a JYP Entertainment — fundadas, respectivamente, em março de 1996 e maio de 1997. Estas duas, ao lado da SM, compuseram o trio de empresas que foram apelidadas de Big 3, por terem se firmado como as maiores empresas de K-pop por anos a fio.

Conforme a ditadura militar na Coreia do Sul terminou em 1988, os anos 1990 marcaram o fortalecimento de suas relações diplomáticas com outros países, incluindo a China, o que contribuiu para as manifestações artísticas sul--coreanas entrarem no mercado chinês. Foi neste período que surgiu o termo Hallyu, cunhado por jornalistas chineses para se referir à "onda cultural sul-coreana", formada por K-dramas, filmes, literatura, gastronomia, moda, entre outros fatores. Dividida em duas fases pelos estudiosos, a Hallyu iniciou sua expansão para além dos países próximos a partir de 2008.

Entre os principais grupos da segunda geração do K-pop, estão Girls' Generation (fundado em 2007 pela SM), BIGBANG (originado em 2006 pela YG), e Wonder Girls (lançado oficialmente em 2007 pela JYP).

A situação da Big 3 aos olhos do mercado financeiro começaram a mudar conforme a HYBE, quando ainda se chamada Big Hit Entertainment, dava passos largos em seu crescimento. Enquanto isso, o BTS (que estreou em 2013, já na terceira geração do K-pop) expandia a música pop sul-coreana no Ocidente, vencendo as barreiras do fechado mercado americano a artistas asiáticos. Tal expansão foi impulsionada por meio da conquista de prêmios, números impressionantes de venda de CDs e de música digital, ou por sua base de fãs, chamada ARMY, que demonstra forte engajamento em elevar a popularidade do grupo nas redes sociais e chama atenção por ações sociais, ambientais e políticas.

Um ponto de virada na carreira do BTS foi em 2017, quando ele saiu vitorioso na categoria Top Social Artist do American Music Awards (AMAs). Em 2020, o grupo levou seu primeiro hit em inglês, “Dynamite”, ao topo da Billboard Hot 100 — algo inédito para um ato musical sul-coreano.

Desde então, o septeto, formado por RM, Suga, Suga, J-Hope, Jimin, V e Jungkook, já liderou a Hot 100 com outras cinco músicas: "Savage love (Laxed – Siren Beat)" em parceria com Jawsh 685 e Jason Derulo, "Life goes on", "Permission to dance", "Butter", e "My universe" com o Coldplay.

Seu recorde mais recente data do último sábado, dia 11, quando “Boy With Luv” (feat. Halsey), ultrapassou 1 bilhão de streams no Spotify, tornando-se a primeira música em coreano a bater esta marca.

Recordes do BTS reconhecidos pelo Guinness — Foto: Divulgação
Recordes do BTS reconhecidos pelo Guinness — Foto: Divulgação

Em setembro de 2020, a HYBE abriu capital e realizou sua oferta pública inicial (IPO) em 135 mil wones (cerca de R$ 640, na cotação da época) por ação. Esta foi até aquele momento, segundo a agência de notícias Reuters, a maior cotação da Coreia do Sul em três anos.

Outra mudança significativa foi a mudança de endereço, para um edifício em Yongsan, e de nome, deixando para trás a identidade Big Hit Entertainment para assumir a atual, HYBE, dividida entre HYBE HQ e HYBE America. A gigante comporta ainda outras três marcas: HYBE Labels, HYBE Solutions e HYBE Platforms.

É como parte da HYBE Labels que se encontram as subsidiárias ADOR (casa do grupo feminino novo NewJeans, lançado em 2022), Big Hit Music (gravadora dos grupos masculinos BTS e TXT, e do solista Lee Hyun), Belift Lab (joint-venture com a CJ E&M, responsável pelo Enhypen), Source Music (Le Sserafim), Pledis Entertainment (Seventeen, fromis_9, entre outros), e KOZ Entertainment (Zico e DVWN).

Já na HYBE America, estão grandes artistas ocidentais, como Ariana Grande e Justin Bieber. Além disso, a revista Variety informou, na última quarta-feira, que a empresa firmou um acordo para fundir e adquirir a Quality Control (QC Media Holdings, Inc.), sediada em Atlanta, nos EUA, com vertentes na música, produções audiovisuais e esportes.

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