/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2023/T/q/YhW1D0RSO8NDOtepAdBA/screenshot-5-.png)
Autor de "O Ateneu", um dos maiores clássicos da literatura brasileira, Raul Pompeia será tema da segunda conferência do ciclo "Escritores, lado B", que acontece na próxima terça-feira, dia 9 de maio, às 16h, no Teatro R. Magalhães da Academia Brasileira de Letras. O pesquisador Gilberto Araújo falará sobre um aspecto menos conhecido do patrono da cadeira 33: o Pompeia desenhista.
Pompeia foi chargista na imprensa e também escultor. Entre 1888 e 1894, fez ilustrações a lápis para uma nova edição de "O Ateneu". Como era de praxe na época, o editor Francisco Alves enviou o material para a impressão em Paris, na França. Nesse processo, os originais foram alterados e, até hoje, nunca foram publicados como o autor desejava. Em sua pesquisa, Araújo encontrou na Biblioteca Nacional o caderno que Pompeia entregou ao editor, com as imagens originais.
- Os desenhos a lápis foram remendados com nanquim - explica Araújo, professor de literatura brasileira na UFRJ. - Há imagens esfumaçadas que ficaram desfiguradas. Como o livro trabalha com o apagamento de memória, a ausência de contorno seria muito mais forte.
/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2023/B/E/Ty7cXiSQmJnDJs172QcQ/screenshot-6-.png)
Araújo também encontrou ilustrações perdidas de Pompeia para o seu "Canções sem metro", publicado em 1900 - cinco anos após a sua morte. Grande projeto de Pompeia, a obra traz 33 poemas em prosa e também deveria ter desenhos.
- Encontrei em um jornal antigo de Curitiba dez canções sem metro ilustradas por ele - diz Araújo. - A obra literária de Pompeia era muito ligada ao desenho.
Por outro lado, a atuação de Pompeia como chargista lhe trouxe alguns problemas. Em 1892, uma charge com o título “O Brasil crucificado entre dois ladrões” rendeu uma rusga com Olavo Bilac, que o desafiou para um duelo. Mas o evento não se concretizou, levando a diversas especulações sobre o brio de Pompeia. Três anos depois, o escritor suicidou-se com um tiro no peito na noite de Natal de 1895, aos 32 anos.
O ciclo “Escritores, lado B”, que tem a coordenação do Acadêmico Joaquim Falcão, terá cinco palestras, sempre às terças-feiras às 16h. A coordenação-geral do projeto de ciclos de conferências de 2023 é do Acadêmico Antonio Carlos Secchin. A entrada é franca e as inscrições podem ser feitas pelo site da instituição e todas as palestras são transmitidas pelo Youtube da Academia. No dia 16 de maio, o poeta e ficcionista Carlos Newton Junior falará sobre “Ariano Suassuna, gravador”. Já no dia 23, a professora Teresa Montero falará sobre “Clarice, cronista”. Encerrando o ciclo, no dia 30, "João Cabral, editor e impressor" será o tema da palestra ministrada pela pesquisadora Priscila Monteiro.
