Cultura
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Por Carlos Helí de Almeida; Especial Para O GLOBO — Rio de Janeiro


Depois de uma versão simbólica em 2020 por causa da pandemia, outra bem enxuta em 2021 e um começo de retorno à normalidade em 2022, o Festival de Cannes chega em 2023 com disposição para celebrar a experiência do cinema presencial e reconquistar seu título de maior e mais glamourosa plataforma da indústria no planeta. E a seleção oficial de sua 76ª edição, que começa nesta terça-feira com a exibição, fora de concurso, do drama histórico “Jeanne du Barry”, estrelado por Johnny Depp, não pretende deixar dúvidas quanto a isso.

O programa reúne, em diferentes partes, a nata do cinema internacional, como Wim Wenders, Wes Anderson, Ken Loach, Nuri Bilge Ceylan, Todd Haynes, Nanni Moretti, Pedro Almodóvar, Steve McQueen e Marco Bellocchio, ao lado de jovens realizadores de diferentes origens. Ao mesmo tempo, estão escaladas duas aguardadas superproduções de Hollywood para fazerem sua première na pequena cidade da Riviera Francesa: “Indiana Jones e a relíquia do destino”, quinto e último capítulo da franquia protagonizada por Harrison Ford, dirigido por James Mangold; e “Assassinos da Lua das Flores” (“Killers of the Flower Moon”), de Martin Scorsese, com Leonardo DiCaprio e Robert De Niro.

— Poderíamos falar de uma volta às origens, mas eu prefiro dizer que Cannes está de volta para o futuro — disse Iris Knobloch, a recém-empossada presidente do festival, ao anunciar o programa. — Cannes oferece uma fotografia do presente cinematográfico, e a seleção dá uma ideia do que agita o cinema neste momento. É um programa estética e geograficamente abrangente. Os filmes e o público estão de volta aos cinemas.

Thierry Frémaux, diretor artístico da mostra, endossa:

— Assistimos a mais de dois mil filmes durante o processo de seleção. Esses números refletem a saúde do cinema mundial e a aspiração de continuar a fazer filmes em todos os lugares do mundo — comemora Frémaux.

Ausência sentida ano passado, o cinema brasileiro também está de volta este ano. O país tem quatro longas-metragens na programação: “A flor do buriti”, de João Salaviza e Renée Nader Messora (mostra Um Certo Olhar), “Levante”, de Lillah Halla (Semana da Crítica), e “Nelson Pereira dos Santos — Uma vida de cinema”, de Aída Marques e Ivelise Ferreira (Cannes Classics), e “Retratos fantasmas”, de Kleber Mendonça Filho (Sessões Especiais). O cearense Karim Aïnouz dirige a produção britânica “Firebrand”, que compete pela Palma de Ouro.

— É lindo ter essa presença brasileira em Cannes este ano. É importante estarmos de volta à arena cinematográfica internacional — diz Aïnouz. — Confesso que ficaria mais feliz ainda se “Firebrand” fosse inteiramente brasileiro. Mas tudo bem, a alma dele é brasileira, tem muito calor, independentemente de falar sobre a família real inglesa do século XVI.

'Extraña forma de vida’

'Extraña forma de vida' — Foto: Reprodução
'Extraña forma de vida' — Foto: Reprodução

Um habitué de Cannes, o espanhol Pedro Almodóvar volta ao tapete vermelho para a estreia de “Extraña forma de vida”, a ser exibido em sessão especial. O filme é um faroeste queer de curta duração (30 minutos) protagonizado pelo americano Ethan Hawke e pelo chileno-americano que se tornou sensação, Pedro Pascal. A dupla interpreta um xerife e um fazendeiro, velhos amigos que se reencontram mais de duas décadas depois de trabalharem como pistoleiros. É o segundo filme falado em inglês de Almodóvar (o primeiro foi “A voz humana”, de 2020, com Tilda Swinton).

‘The Old Oak’

'The old oak' — Foto: Reprodução
'The old oak' — Foto: Reprodução

Vencedor de duas Palmas de Ouro (por “Ventos da liberdade”, em 2006, e “Eu, Daniel Blake”, em 2016), o veterano Ken Loach volta a Cannes com um novo drama de fundo social. “The Old Oak” gira em torno do pub do título, último lugar de encontro de um pequeno vilarejo de mineiros, em franca decadência desde o fechamento das minas. A baixa no preço da moradia acaba atraindo refugiados sírios para a área, gerando tensão com os locais. É a última disputa de Loach por uma terceira Palma, porque o diretor britânico, que completa 87 anos em junho, vem dizendo que este é o seu derradeiro filme.

‘The idol’

'The idol' — Foto: Reprodução
'The idol' — Foto: Reprodução

Vai ter reunião da família Depp em Cannes. Lily-Rose Depp, filha do ator americano Johnny Depp (astro do filme de abertura do festival) com a atriz e cantora francesa Vanessa Paradis, é a protagonista da série dramática “The idol”, da HBO, uma das mais aguardadas do ano, que ganhará première mundial na mostra francesa. O festival promete exibir os dois primeiros episódios do programa, que acompanha o romance entre Jocelyn (Lily-Rose), jovem estrela da música pop, e um misterioso empresário da noite, vivido pelo cantor e compositor The Weeknd (ou Abel Tesfaye), que vem a ser líder de um culto. Sam Levinson, de “Euphoria”, é um dos criadores da série.

‘Assassinos da Lua das Flores’

'Assassinos da lua das flores' — Foto: Reprodução
'Assassinos da lua das flores' — Foto: Reprodução

É mais um longo filme de Martin Scorsese (3 horas e 26 minutos) e a produção mais cara da Apple TV+ (US$ 200 milhões). Adaptação do livro homônimo de David Grann, “Killers of the Flower Moon” (no original) descreve o caso real da sistemática eliminação de uma comunidade indígena rica em petróleo, na Oklahoma dos anos 1920. Leonardo DiCaprio, Robert De Niro, Brendan Fraser e Lily Gladstone lideram o elenco desta superprodução, que demorou dois anos para ficar pronta e marca o retorno do diretor americano à seleção oficial desde “Depois de horas” (1984).

‘Indiana Jones e a relíquia do destino’

'Indiana Jones e a relíquia do destino' — Foto: Reprodução
'Indiana Jones e a relíquia do destino' — Foto: Reprodução

É o título arrasa-quarteirão da seleção de Cannes, com o qual se espera repetir a sensação de “Top Gun: Maverick” ano passado. Razões não faltam: meio mundo quer ver Harrison Ford manuseando novamente o chicote do famoso arqueólogo, em aventura envolvendo um misterioso artefato com o poder de mudar o rumo da História. O quinto e último capítulo da franquia iniciada com “Caçadores da Arca Perdida” (1981) é dirigido por James Mangold e tem Antonio Banderas e Mads Mikkelsen no elenco. Aos 80 anos, Ford também ganhará homenagem especial, pelo conjunto de sua carreira.

‘Jeanne du Barry’

'Jeanne du Barry' — Foto: Reprodução
'Jeanne du Barry' — Foto: Reprodução

O filme de abertura promete causar certo alvoroço, e não exatamente por suas características cinematográficas. O drama histórico e biográfico sobre a cortesã carismática que cai nas graças do rei Luís XV, dirigido pela atriz e cineasta francesa Maïwenn, é o primeiro filme de Johnny Depp desde que o ator venceu a rumorosa batalha contra a ex-mulher Amber Heard nos tribunais, ano passado. Depp encarna o soberano. Maïwenn, que vive a personagem-título, também aparece sob os holofotes num caso jurídico: ela está sendo processada por um jornalista francês que a acusa de agressão.

'Asteroid City’

'Asteroid City' — Foto: Reprodução
'Asteroid City' — Foto: Reprodução

O estilo visual e narrativo inconfundível de Wes Anderson, que faz filmes que mais parecem desenhos animados, está de volta à disputa da Palma com “Asteroid City”. A trama é ambientada nos anos 1950, numa cidade deserta que abriga uma convenção de jovens observadores das estrelas. As coisas começam a sair do prumo com a chegada de um alienígena. Uma constelação de astros e estrelas — incluindo Tom Hanks, Steve Carell, Scarlett Johansson, Tilda Swinton, Bryan Cranston e Edward Norton, entre muitos outros — iluminam o elenco do novo filme do autor de “A crônica francesa”.

‘May december’

'May december' — Foto: Reprodução
'May december' — Foto: Reprodução

O premiado diretor Todd Haynes (“Velvet Goldmine”, “Carol”) volta a se unir à atriz Julianne Moore, com quem fez “Longe do paraíso” (2002), no drama “May december”, um dos títulos em competição. Ela interpreta uma mulher que ganhou as páginas dos tabloides por namorar um empregado 20 anos mais jovem.

‘Rapito’

'Rapito' — Foto: Reprodução
'Rapito' — Foto: Reprodução

Ano passado, Marco Bellocchio lançou em Cannes a série “Noite exterior”, oferecendo nova perspectiva sobre o sequestro de Aldo Moro. Ele volta a cutucar a história política da Itália este ano com “Rapito” (“rapto”), que disputa a Palma de Ouro. O filme recria a luta de uma família judia da Bolonha do século XIX para recuperar o filho de 7 anos, raptado pela Igreja Católica. De acordo com o cardeal da cidade, a criança havia sido batizada secretamente por sua enfermeira, quando ele ainda era um bebê e, segundo a lei papal, deveria receber educação católica.

'Firebrand’

'Firebrand' — Foto: Reprodução
'Firebrand' — Foto: Reprodução

Quatro anos depois da vitória de “A vida invisível” (2019) na mostra Um Certo Olhar, a principal programação paralela de Cannes, o brasileiro Karim Aïnouz compete pela Palma de Ouro à frente de uma produção britânica, estrelada por atores europeus e falada em inglês. “Firebrand” é um épico histórico ambientado na corte do rei Henrique VIII (Jude Law), no século XVI, à época de sua união com a sexta e última mulher, Katherine Parr (Alicia Vikander). É uma história de rivalidades amorosas e intrigas palacianas que pode abrir novas portas para o cineasta brasileiro.

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