'Succession': como peça de Shakespeare pode prever final da série

Nas redes sociais e em fóruns virtuais há varias discussões sobre as semelhanças entre as duas obras, que tratam sobre sucessão. Encenada pela primeira vez em 1606, a peça traz um rei louco e envelhecido, que divide seu reino entre suas três filhas: Goneril, Cordelia e Regan.

Assim como na criação de Jesse Armstrong, as conspirações se multiplicam junto com as tensões entre pai e herdeiros. Na peça, duas das três filhas traem o pai. Na primeira temporada da série, Kendall, visto como o principal sucessor do conglomerado familiar Waystar, tenta destituir o pai Logan Roy (que, no antigo idioma normando, significa “rei”). Na terceira, revolta-se mais uma vez e tenta jogar a justiça contra o patriarca, afastando-se temporariamente dos dois irmãos, Roman e Shiv.

O que chama a atenção é o espelhamento entre os personagens de ambas as obras. Em “Succession”, o inquieto Roman, filho mais novo de Logan, é comparado a Cordelia, a filha mais nova de Lear, porque ambos são os únicos a se manterem fiéis ao pai. Em algumas versões da peça, Cordelia sobrevive e assume o reino. Sorte para Roman, certo? Nem tanto, já que na versão mais conhecida os três filhos morrem e o reino acaba indo para Albany, marido de Goneril. Se o mesmo acontecer em "Succession" (e esperando que nesse caso a "morte" seja metafórica), é certo que a Waystar sairá do controle dos filhos, deixando livre o acordo de venda para a big tech GoJo.

Mas quem assumiria como CEO? Os paralelos entre Albany e Tom, marido de Shiv, são incontestáveis. Assim como Goneril, Shiv vê o seu marido como um fraco, apesar do cargo importante que ele ocupa na ATN, rede de notícias da Waystar. Albany e Tom se parecem de muitas formas: são ambos bajuladores do rei que tentam se firmar por seus próprios méritos. Sinais, fortes sinais?