Cultura
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Por Talita Duvanel

Enquanto o dono do Twitter, Elon Musk, tenta vender o pacote Twitter Blue, que dá direito a selo de verificação e funcionalidades extra por R$ 42 mensais, milhares de usuários da rede conversam sobre um outro tipo de “azul”. No caso, o que não sai da timeline de muita gente são assuntos relacionados ao Bluesky, projeto de Jack Dorsey, o fundador do Twitter, que está ganhando tração nas últimas semanas. É gente pedindo, vendendo e comprando convite — afinal, a novidade está funcionando em versão teste e as entradas são restritas. No eBay, tem para vender por uma média de R$ 200.

Um dos grandes apelos da plataforma, especialmente entre os entusiastas da tecnologia, é o fato de ser uma “rede social descentralizada”, sem um único dono, assim como o Mastodon e o CounterSocial.

— Nessas redes sociais descentralizadas não existe um único administrador comandando um exército de servidores idênticos. O que há são grupos de usuários, que disponibilizam seu computador para fazer essa tarefa — explica Paulo Licio de Geus, professor do Instituto de Computação da Unicamp, sobre o tipo de rede que tem crescido à medida que usuários perdem entusiasmo com propostas de Elon Musk para sua plataforma. — E quem administra o conteúdo, o que pode e não pode nessas redes, são as pessoas e não mais uma empresa como o Twitter ou a Meta, por exemplo.

Mas o que isso traz de novo para quem está do outro lado da tela? A promessa é mais autonomia e, principalmente, transparência nas políticas de recomendação. Os códigos de programação são abertos, os posts em ordem cronológica e o algoritmo (sempre tão falado em Facebook, Twitter, YouTube e TikTok) é bem menos valorizado.

— Esse tipo de rede não reforça conteúdo que gera engajamento, que muitas vezes são desinformação e discursos de ódio — diz Pedro Braga, cientista da computação e pesquisador do Instituto de Tecnologia e Sociedade (ITS-Rio). — Pode ser mais difícil derrubar um grupo de spam, por exemplo, por causa de os servidores pertencerem aos usuários. Em contrapartida, essa questão do engajamento pode gerar um ambiente menos tóxico. Do ponto de vista de estrutura da rede, o usuário é mais poderoso, mas será que ele tem capacidade de operar?

Essa é a grande crítica ao Mastodon. O usuário precisava, até o mês passado, escolher uma comunidade na hora do cadastro. Muita gente ficava pelo caminho porque não entendia o que isso queria dizer. Em tempo: a rede social aboliu essa etapa e todos os novatos entram direto na comunidade principal da empresa, numa timeline bem semelhante à do Twitter. Quando acostumados, podem se aventurar nos detalhes. O Bluesky, por enquanto com só uma comunidade, é idêntico ao Twitter e bem fácil de mexer.

—A questão do Mastodon é que o usuário médio tem dificuldade de usar — diz Lívia Lamblet, produtora de conteúdo digital, que mora em Lincoln, nos Estados Unidos, e está lá e no Bluesky. — Eu até gosto, mas acho que poderia ser mais fácil. Ficou no inconsciente coletivo que ele é complicado.

O administrador Augusto Campos, que escreve sobre tecnologia desde os anos 1990 em blogs, Twitter e agora no Mastodon, tem uma visão diferente:

— No começo, o Twitter e a ideia de um microblog era superdifícil. A complicação tem a ver com estar habituado a um certo modelo e a estar numa plataforma em que não se segue ninguém e não se sabe quem seguir. A chegada numa rede nova é como chegar numa vizinhança onde não temos raízes.

Simples ou complexas, o fato é que essas redes descentralizadas têm agradado os usuários pelo ambiente ainda cordial. A analista de inovação Janaíne Meira, de Brasília, geralmente abre o Bluesky para os momentos em que quer “paz e tranquilidade” das tretas do Twitter:

—O Bluesky é uma rede amigável, tem mais brincadeirinha, as pessoas conversam mais. Mas está no início também, então pode ser isso.

É justamente esse ponto que Pedro Braga toca: uma rede social de hoje não é a mesma de amanhã.

— Elas têm um quê de hobby, muito menos dinheiro envolvido, ainda não há um negócio criado em torno delas. Se, em algum momento, crescerem demais, não vão ser mais desse jeito. O Facebook não surgiu da forma que está hoje. O funcionamento, as regras de moderação e de uso, a monetização, tudo muda quando o negócio aumenta —diz.

Finado Orkut

Enquanto as coisas seguem como estão, quem responde por essas redes? O responsável por cada comunidade (pense no finado Orkut), dizem os especialistas.

—Ser descentralizado é um desafio para a ação jurisdicional sempre, afinal, para quem eu dou uma ordem? — diz Augusto. — Ela é dada para os administradores, já que não existe uma organização central. É mais trabalhoso, mas é algo que a Justiça consegue fazer.

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