Amigo, colega e parceiro profissional de Zé Celso — com quem fundou, na década de 1960, a longeva companhia Teatro Oficina —, o diretor Amir Haddad destaca, em depoimento ao GLOBO, lembranças cultivadas ao lado do diretor, que morreu, nesta quinta-feira (6), em decorrência de complicações por queimaduras de um incêndio em casa.
'Zé Celso cultivou a liberdade de fazer o que bem tivesse vontade'
Leia o depoimento de Amir Haddad, na íntegra, a seguir:
"No momento em que desaparece materialmente uma figura tão importante, determinante e participante na cultura, é necessário relembrar da vida. Não dá para falar sobre a morte de Zé Celso. Só é possível discorrer acerca da vida. Falemos de tudo o que ele fez e realizou — e daquilo que ele significa, significou e continuará significando na vida pública brasileira, sobretudo para o teatro.
Zé Celso correu passo a passo comigo. Começamos e caminhos juntos — eu sempre do lado dele, e ele sempre do meu lado. Fundamos o Teatro Oficina, numa época em que dividíamos os bancos de escola da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo, a USP. Tínhamos uma identidade em comum devido às nossas inquietações. Nesse período, havia um grupinho que se sentava junto nas salas para conversar sobre outras coisas e não prestar atenção nas aulas: éramos eu, Zé Celso, Renato Borghi, Moracy do Val e Carlos Queiroz Telles. Compúnhamos uma turminha que olhava a vida, um pouco desligado de tudo, enquanto esperávamos que algum caminho se apresentasse para nós.
Veja fotos do dramaturgo José Celso Martinez, o Zé Celso
![Nome fundamental das artes cênicas no Brasil, José Celso Martinez Corrêa — Foto: Ana Branco](https://s2-oglobo.glbimg.com/T22mooB8ZDHQo3DqgPvegiKh3nU=/0x0:2336x3504/430x432/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2023/U/X/86HNx8SC28cn2Tenq2jA/24785918-sc-exclusivo-rio-de-janeiro-rj-28-10-2008-50-anos-de-teatro-oficina-mostra-em-homenagem.jpg)
![Nome fundamental das artes cênicas no Brasil, José Celso Martinez Corrêa — Foto: Ana Branco](https://s2-oglobo.glbimg.com/ahlYxxDv5-bADxMWIhkJUBA-Sio=/1600x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2023/U/X/86HNx8SC28cn2Tenq2jA/24785918-sc-exclusivo-rio-de-janeiro-rj-28-10-2008-50-anos-de-teatro-oficina-mostra-em-homenagem.jpg)
Nome fundamental das artes cênicas no Brasil, José Celso Martinez Corrêa — Foto: Ana Branco
![Zé Celso é fundador do Teatro Oficina, uma das mais longevas companhias teatrais no país. — Foto: Ana Branco / Agencia O Globo](https://s2-oglobo.glbimg.com/WEKK1cN7cpCOkaq9XkKGQoWA3xQ=/0x0:3305x2210/216x215/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2023/F/T/YZtlXaRAa6gZjxC7eVWg/36520282-sc-exclusivo-rio-de-janeiro-rj-28-10-2008-50-anos-de-teatro-oficina-mostra-em-homenagem.jpg)
![Zé Celso é fundador do Teatro Oficina, uma das mais longevas companhias teatrais no país. — Foto: Ana Branco / Agencia O Globo](https://s2-oglobo.glbimg.com/0XShKa2YTivW5Dht08bbd5WjDi0=/1600x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2023/F/T/YZtlXaRAa6gZjxC7eVWg/36520282-sc-exclusivo-rio-de-janeiro-rj-28-10-2008-50-anos-de-teatro-oficina-mostra-em-homenagem.jpg)
Zé Celso é fundador do Teatro Oficina, uma das mais longevas companhias teatrais no país. — Foto: Ana Branco / Agencia O Globo
Publicidade
![O dramaturgo José Celso Martinez — Foto: Marcos Alves](https://s2-oglobo.glbimg.com/MMgz3VwYR1u_hQ92dEZznFtFekw=/0x0:4896x3264/216x215/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2023/F/m/fENk12StSp3jpfqguP3Q/13420369-sc-sao-paulo-sp-18-03-2014-golpe-64-especial-na-foto-jose-celso-martinez-correa-conhecido.jpg)
![O dramaturgo José Celso Martinez — Foto: Marcos Alves](https://s2-oglobo.glbimg.com/Ge_ANcPTEGwhOelSnC4csh6Y-n4=/1600x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2023/F/m/fENk12StSp3jpfqguP3Q/13420369-sc-sao-paulo-sp-18-03-2014-golpe-64-especial-na-foto-jose-celso-martinez-correa-conhecido.jpg)
O dramaturgo José Celso Martinez — Foto: Marcos Alves
![Nascido em 1937, Zé Celso é considerado um dos principais dramaturgos do país — Foto: Marcos Alves/ Agencia O Globo](https://s2-oglobo.glbimg.com/sRh523PJbvhULw922Y4a1ktoGBg=/1600x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2023/2/n/dywBrOQgS8VQIbCAjusw/63948059-sc-sao-paulo-sp-21-01-2016-jose-celso-martinez-correa.-foto-marcos-alves-agencia-o-globo.jpg)
Nascido em 1937, Zé Celso é considerado um dos principais dramaturgos do país — Foto: Marcos Alves/ Agencia O Globo
Publicidade
![Zé Celso dirigiu espetáculos marcantes do teatro brasileiro, entre eles "O Rei da Vela", escrito por Oswald de Andrade — Foto: Antonio Carlos Piccino / Agência O Globo](https://s2-oglobo.glbimg.com/b-gDP4hLhZfmQ9Cqxs6INlAr-y4=/1600x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2023/r/g/W4XPbQT4em476tBOyOhQ/79189306-sao-paulo-sp-04-07-1983-teatro-oficina-jose-celso-martinez-correa-o-ze-celso-o-princi.jpg)
Zé Celso dirigiu espetáculos marcantes do teatro brasileiro, entre eles "O Rei da Vela", escrito por Oswald de Andrade — Foto: Antonio Carlos Piccino / Agência O Globo
![José Celso Martinez Corrêa, o Zé Celso, o principal diretor do Teatro Oficina, em 1983 — Foto: Antonio Carlos Piccino / Agência O Globo](https://s2-oglobo.glbimg.com/B4irZo3_MvRjBFqpUpWjsPqZlsA=/1600x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2023/Z/H/xknQl0StalJ1Gs36s1Og/79189312-sao-paulo-sp-04-07-1983-teatro-oficina-jose-celso-martinez-correa-o-ze-celso-o-princi.jpg)
José Celso Martinez Corrêa, o Zé Celso, o principal diretor do Teatro Oficina, em 1983 — Foto: Antonio Carlos Piccino / Agência O Globo
Publicidade
![O diretor teatral José Celso, em 1978 — Foto: Silvio Correa / Agência O Globo](https://s2-oglobo.glbimg.com/GKU042XiE71BE58uxTLxBihin8w=/1600x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2023/W/V/iQOIKAQhCITa7K3zA4gQ/13457158-sao-paulo-sp-29-06-1978-entrevista-com-o-diretor-teatral-jose-celso-martinez-correa.jpg)
O diretor teatral José Celso, em 1978 — Foto: Silvio Correa / Agência O Globo
![José Celso e Antonio Abujamra no festival de teatro de Curitiba, em 1998 — Foto: Divulgação](https://s2-oglobo.glbimg.com/kL4gsfvw_ffQ-idUWTzOXI0dd9U=/1600x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2023/9/A/GiApPUR7mFsLUsIn9qbA/40701590-26031998-divulgacao-julio-covello-sc-encontro-dos-diretores-jose-celso-martinez-corre.jpg)
José Celso e Antonio Abujamra no festival de teatro de Curitiba, em 1998 — Foto: Divulgação
Publicidade
![Zé Celso Martinez na peça "Ela", de Jean Genet, em que interpreta o Papa, em 1998 — Foto: Divulgação](https://s2-oglobo.glbimg.com/InWDOoPHVpHGVvoFqFPgP6Pv4JA=/914x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2023/g/N/VjzIgWSlGp05FSkDwgAQ/40666849-02041998-divulgacao-ze-celso-martinez-correa-na-peca-ela..jpg)
Zé Celso Martinez na peça "Ela", de Jean Genet, em que interpreta o Papa, em 1998 — Foto: Divulgação
![Zé Celso nasceu no interior de São Paulo, em Araraquara, em 1937 — Foto: Guto Costa](https://s2-oglobo.glbimg.com/tpW15ckJNt4WrHg4HB1jrvlveEw=/1600x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2023/F/2/3UtiU3TMAkv3a8XUJTVQ/40226843-2103.2000-guto-costa-exclusivo-sc-diretor-de-teatro-jose-celso-martinez-correa-no-c.jpg)
Zé Celso nasceu no interior de São Paulo, em Araraquara, em 1937 — Foto: Guto Costa
Publicidade
![Natural de Araraquara, em São Paulo, Zé Celso começou a se interessar pelo universo artístico na infância — Foto: Michel Filho](https://s2-oglobo.glbimg.com/uGtKOkIlM2LBYUTddcW6jPCzrJ0=/1600x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2023/J/O/EIG9poSB6AQvabwyzcFg/13627862-sc-sao-paulo-sp-01-03-2014-na-foto-o-diretor-e-ator-teatral-jose-celso-martinez-em-seu-te.jpg)
Natural de Araraquara, em São Paulo, Zé Celso começou a se interessar pelo universo artístico na infância — Foto: Michel Filho
![Zé Celso em Alagoas, durante entrevista para o Globo em 2010 — Foto: Ana Branco / Agência O Globo](https://s2-oglobo.glbimg.com/2OEi5d32qRNqofO7W3lsEYlxuGA=/1600x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2023/Q/B/7Jmn5MQGyBHrnB7bN4zg/36043266-rg-exclusivo-pontal-do-coruripe-al-19-03-2010-jose-celso-em-alagoas-equipe-do-globo-encon.jpg)
Zé Celso em Alagoas, durante entrevista para o Globo em 2010 — Foto: Ana Branco / Agência O Globo
Publicidade
![O diretor Zé Celso, do Teatro Oficina, com alguns dos 70 integrantes do espetáculo "Os Sertões", em 2007 — Foto: Mônica Imbuzeiro](https://s2-oglobo.glbimg.com/yUY2p1BN0sDRI-wLP1KpUpjxm60=/1600x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2023/R/c/Kp5CyYSgeBPQIRmm9wSQ/26960325-3009.2007-monica-imbuzeiro-rs-festival-riocenacontemporanea-o-diretor-ze-celso-mart.jpg)
O diretor Zé Celso, do Teatro Oficina, com alguns dos 70 integrantes do espetáculo "Os Sertões", em 2007 — Foto: Mônica Imbuzeiro
![Zé Celso durante ensaio da peça Estela Brazyleira a Vagar, dirigida por ele, no Espaço Tom Jobim. — Foto: Ricardo LeoniI / Agência O Globo](https://s2-oglobo.glbimg.com/rkf8JrRU664Keid59TT-CF5uscg=/1600x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2023/G/v/TaqFClR7KsSrqsZIU6Sg/23755618-sc-rio-de-janeiro-rj-01-09-2009-ensaio-da-peca-estela-brazyleirta-a-vagar-cacilda-dirig.jpg)
Zé Celso durante ensaio da peça Estela Brazyleira a Vagar, dirigida por ele, no Espaço Tom Jobim. — Foto: Ricardo LeoniI / Agência O Globo
Publicidade
![Zé Celso durante aula de teatro. — Foto: Leo Aversa](https://s2-oglobo.glbimg.com/fNGysqSd3ME1uRpaUJEi-P1Fx38=/1600x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2023/u/N/jLbvLKQHqzWB9isVMnQg/35996055-sc-rio-de-janeiro-rj-24-02-2010-ze-celso-martinez-da-aula-de-teatro.-foto-leonardo-aversa.jpg)
Zé Celso durante aula de teatro. — Foto: Leo Aversa
![Trabalho do dramaturgo é por vezes classificado como orgiástico e antropofágico, tendo começado no fim da década de 1950, e se difundido na década de 1960, quando Zé Celso liderou a importante Teatro Oficina — Foto: Divulgação](https://s2-oglobo.glbimg.com/tVoXt6rcTN0KAkflGiMdmeGkkcU=/1600x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2023/n/o/QLY2jRSvqA8Ta8zMosMQ/36443014-zs-rio-de-janeiro-rj-26-11-2008-ze-celso-e-50-anos-do-teatro-oficina-em-retrospectiva-no-c.jpg)
Trabalho do dramaturgo é por vezes classificado como orgiástico e antropofágico, tendo começado no fim da década de 1950, e se difundido na década de 1960, quando Zé Celso liderou a importante Teatro Oficina — Foto: Divulgação
Publicidade
![Zé na peça "As Bacantes", montagem do Teatro Oficina — Foto: Arthur Mas/Divulgação](https://s2-oglobo.glbimg.com/5ScXnYy_JgOAhG-GJDerbk3aW4U=/1600x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2023/9/o/EbjqViQPe0lFtKTLY4Yg/35804084-rs-exclusivo-rio-de-janeiro-rj-01-11-2010-montagem-de-as-bacantes-pelo-teatro-oficina-cr.jpg)
Zé na peça "As Bacantes", montagem do Teatro Oficina — Foto: Arthur Mas/Divulgação
![O diretor Zé Celso com uma taça de vinho, em casa, durante a quarentena provocada pelo coronavírus — Foto: Beto Eiras](https://s2-oglobo.glbimg.com/TB5v27TkiwuomA__qUe5VCOdSpI=/1214x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2023/s/1/RvbiAiSNCYmcPp7yffcg/87926948-sc-o-diretor-ze-celso-posa-com-uma-taca-de-vinho-em-casa-durante-a-quarentena-provocada-p.jpg)
O diretor Zé Celso com uma taça de vinho, em casa, durante a quarentena provocada pelo coronavírus — Foto: Beto Eiras
Publicidade
![Grupo Garganta Profunda, ator José Celso Martinez, Othon Bastos e Ítala Nandi se apresentam ao público no Centro Cultural Banco do Brasil - Espetáculo VIDA, PAIXÃO E BANANA DO TROPICALISMO — Foto: Fernando Quevedo / Agência O Globo](https://s2-oglobo.glbimg.com/BKAtdiKc26ah4eV3XHXvBDkxE2k=/1536x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2023/J/x/jABCqtQzmOFqpBmMncQg/40540195-0205.1998-fernando-quevedo-sc-grupo-garganta-profunda-ator-jose-celso-martinez-othon.jpg)
Grupo Garganta Profunda, ator José Celso Martinez, Othon Bastos e Ítala Nandi se apresentam ao público no Centro Cultural Banco do Brasil - Espetáculo VIDA, PAIXÃO E BANANA DO TROPICALISMO — Foto: Fernando Quevedo / Agência O Globo
![Entrega do Prêmio Faz Diferença, no Copacabana Palace. Teatro - José Celso Martinez Corrêa. — Foto: Pablo Jacob / Agência O Globo](https://s2-oglobo.glbimg.com/iTVhq2R2Vjy5qj2thPss-FNUfWQ=/1600x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2023/x/M/gCUkKaQSe2VrJZlZpTvg/75862768-pa-rio-de-janeiro-rj-28-03-2018-entrega-do-premio-faz-diferenca-no-copacabana-palace-teat.jpg)
Entrega do Prêmio Faz Diferença, no Copacabana Palace. Teatro - José Celso Martinez Corrêa. — Foto: Pablo Jacob / Agência O Globo
Publicidade
![Zé Celso e Gerald Thomas falando de Becket — Foto: Fábio Seixo / Agência O Globo](https://s2-oglobo.glbimg.com/qkBz3oylalF8bggIUGQEPxwZQA8=/1600x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2023/D/M/TXXpsSTWAGgck3tZY5lg/39989141-1707.2001-fabio-seixo-sc-ze-celso-e-gerald-thomas-falando-de-becket-06492-2001071.jpg)
Zé Celso e Gerald Thomas falando de Becket — Foto: Fábio Seixo / Agência O Globo
![Zé Celso em cena do filme "Horácio" — Foto: Divulgação](https://s2-oglobo.glbimg.com/dCCduQea6SW_tJ-e5Q_rdM-dw4I=/1600x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2023/b/d/MQMuFJRMmfDSs0gD42HQ/82124572-rs-ze-celso-em-cena-do-filme-horacio.jpg)
Zé Celso em cena do filme "Horácio" — Foto: Divulgação
Publicidade
Pelo terceiro ano da faculdade, Renato Borghi me convidou para dirigir a peça "Cândida", de George Bernard Shaw, no auditório do Colégio São Bento, onde ele havia estudado antes. E eu falei 'tá bom', com certa inconsequência que todos nós compartilhávamos. E ali a gente foi se descobrindo. Éramos um bando de jovens talentosos, e a montagem deu muito certo, com vários elogios. Fomos então sendo chamados para outros lugares e seguimos caminhando, com essa paixão pelo teatro que floresceu por meio de nosso desinteresse no curso de Direito. Está aí a origem do grupo Oficina. Tudo foi fruto de um processo, sabe? Não houve um dia em que falamos assim: 'Fundamos a companhia'. Entendemos, pouco a pouco, essa vocação em nós.
Nesse início, Zé Celso era escritor. Ele não tinha nenhuma pretensão de ser diretor ou ator. O que queria mesmo — e gostava — era escrever. A formação era a seguinte: Zé fazia os textos, eu dirigia e Renato atuava. Mais tarde, quando começamos a montar pequenas peças nas casas de algumas pessoas em São Paulo, num esquema que chamávamos de 'teatro a domicílio' — em troca de um bom lanche —, a coisa foi mudando. E pronto: Zé Celso foi embora na vocação dele.
Zé era uma pessoa de personalidade muito forte. Para mim, era uma ameça enorme ter essa presença do meu lado. A todo momento, achava que ele era melhor do que eu. Mas nunca falei isso para ninguém. Não pude mais ficar perto dele, nem na mesma cidade. Zé Celso era excepcional e imorredouro. Um artista grande mais. Acabei saindo fora, porque não cabia mais eu. E deixei para ele São Paulo, essa cidade que é maior do que o próprio Brasil.
Zé Celso cultivava um descompromisso com qualquer coisa pronta. Essa é a maior marca dele, e única na linguagem que desenvolveu. Ele cultivou a liberdade de fazer o que bem tivesse vontade. Sempre foi muito livre. 'O Rei da vela', criação dele, é um dos melhores espetáculos que eu já vi em toda a minha vida. Lembro de ficar encantado ao assistir à peça. À época, eu era diretor do Teatro João Caetano, no Rio de Janeiro, e imediatamente dei um jeito de trazer aquela montagem para a cidade. Foi um sucesso enorme, retumbante.
Fará muita falta, Zé Celso. Fica um buraco agora. O teatro brasileiro não tem peça de reposição para Zé Celso. A vida cultural brasileira que o produziu não produz mais pessoas dessa qualidade. Espero que a gente continue semeando o novo, como Zé Celso fazia — e que essas sementes frutifiquem".