A vida e a carreira de Reynaldo Gianecchini foram profundamente marcadas por sua convivência com o dramaturgo Zé Celso Martinez Corrêa, morto nesta quinta-feira, aos 86 anos, após ser internado no Hospital das Clínicas, em São Paulo, com queimaduras em 53% do corpo, causadas por um incêndio em seu apartamento.
- Briga de 40 anos: Zé Celso e Silvio Santos disputavam terreno ao lado do Teatro Oficina
- História de amor: Zé Celso e Marcelo Drummond se casaram após 37 anos juntos
'Zé Celso é o teatro', diz Reynaldo Gianecchini, em depoimento exclusivo
Gianecchini, de 50 anos, deu seus primeiros passos como ator no Teatro Oficina de Martinez e, vinte anos depois, voltou a trabalhar com o diretor no espetáculo "Fédro". Veja seu depoimento exclusivo para O GLOBO:
"O Zé Celso é a pessoa mais transgressora e livre que tive o privilégio de cruzar na minha vida. É impossível não se deixar contagiar por sua liberdade e não se transformar estando em contato com ele. A liberdade dele é tamanha que faz a gente pensar nas nossas amarras e dar um passo a mais em direção à nossa verdade, em ser mais inteiro. Ele é um artista de uma importância e de uma relevância gigante na nossa história, em um contexto cultural social político que é imensurável, insubstituível. Vai fazer muita falta entre a gente. A história dele e do teatro se misturam. Ele é o teatro".
Em 2021, Gianechinni escreveu um artigo para O GLOBO lembrando os seus primeiros anos no Teatro Oficina.
"Nem nos meus melhores sonhos podia visualizar um começo de carreira tão intenso e determinante como esse", escreveu. "Naquele momento, entendi que dali pra frente nada seria como antes, meu destino nas artes estava selado. Achei que nunca mais sairia do lado dele, que não haveria terreno mais fértil do que aquele para eu me encontrar, me desenvolver como ser humano e artista. Mas um golpe do destino me levou para a TV. Topei o desafio do novo que se apresentava, mas nunca tirei o Zé Celso e seu Teatro Oficina de mim".
Depois de um hiato de 20 anos, os dois se reencontraram no documentário “Fédro”, promovido pelo inspirado Marcelo Sebá.
"Fiquei muito nervoso, porque sabia que ia mexer fundo nas minhas emoções", disse o ator. "Alguns podem rejeitá-lo, porque essa liberdade também dá medo. Outros, como eu, no mínimo param para refletir".
Inscreva-se na Newsletter: Seriais