Cultura
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Por O GLOBO — Rio de Janeiro

O cantor Tony Bennett — que morreu, aos 96 anos, nesta sexta-feira (21) — enfrentou percalços antes de se consagrar como um dos maiores cantores de jazz e pop nos Estados Unidos. Na juventude, o artista foi convocado a lutar, como parte do Exército dos EUA, nos momentos finais da Segunda Guerra Mundial, em novembro de 1944. Até o ano seguinte, lá estava ele, com armas em punho, na posição de soldado de infantaria, ocupando um "lugar na primeira fileira do inferno", como descreveria mais tarde, ao comentar esse período de sua vida.

O artista morou, nessa época, em cidades da Alemanha e da França, muitas vezes agachando-se em trincheiras enquanto canhões alemães disparavam contra as tropas americanas — e "escapando da morte" em diversos momentos —, como mostra o livro "All the things you are: the life of Tony Bennett", de David Evanier, sem tradução no Brasil. A experiência fez dele um pacifista (e um contundente ativista pelos direitos civis, nos anos 1960), como o próprio cantor sublinharia depois: "Qualquer um que pensa que a guerra é romântica obviamente não passou por uma. Foi um pesadelo permanente. Eu apenas dizia: 'Isso não é vida. Isso não é vida'".

Tony começou a cantar — ainda despretensiosamente — ao lado de colegas do Exército, sob a alcunha de Joe Bari. Findada a guerra, ele seguiu realizando apresentações em casas e boates de Nova York. Lá pelas tantas, recebeu um conselho do comediante Bob Hope, que o assistiu num dos clubes noturnos do bairro Greenwich Village. O humorista ficou tão impressionado com o que viu que fez o colega mudar seu nome para Tony Bennett e o convidou para participar de um ato de abertura em seu programa. Daí pra frente, o cantor deslanchou.

Tony assinou contrato com a gravadora Columbia Records, e o resto todo mundo que é fã já sabe. Emendou uma sequência de sucessos pop, como "Because of you", uma versão da música country "Cold, cold heart", de Hank Williams, "Blue velvet" e "Rags to riches". Os shows do rapaz, nos EUA, eram lotados por legiões de adolescentes aos gritos. Cristalizou-se como um fenômeno.

Máfia e cocaína

A despeito de pouco ter falado sobre o assunto, sabe-se que — em seus passos iniciais na carreira —, Tony Bennett ganhou um considerável empurrão da máfia italiana. Na biografia do artista, publicada em livro nos EUA, consta que a família mafiosa de Al Capone financiou e apoiou determinadas apresentações do artista em Nova York. A rigor, naquele terreno, era difícil se manter totalmente imune à presença do crime organizado na cena musical dos anos 1950.

"Embora Tony não quisesse nada com os mafiosos, eles eram simplesmente impossíveis de serem ignorados", escreve o biógrafo do artista. No fim dos anos 1960, o cantor teria pagado cerca de US$ 600 mil para escapar (ou pelo menos afrouxar) seus laços com a máfia, como noticiou o "Daily News".

Tony Bennett, como soldado, na Segunda Guerra Mundial — Foto: Reprodução/Arquivo pessoal
Tony Bennett, como soldado, na Segunda Guerra Mundial — Foto: Reprodução/Arquivo pessoal

Com uma carreira repleta de altos e baixos, Tony Bennett lidou — ao longo da maior parte da vida — com o vício em cocaína. Na década de 1970, quase morreu devido a uma overdose, como o próprio revelou. Nesse mesmo período, viu-se em meio a dívida de US$ 2 milhões e com perspectivas limitadas de trabalho. Achou que jamais conseguiria se reerguer.

Superou as dificuldades financeiras ao ceder a administração de sua carreira ao filho Danny (fruto de seu antigo relacionamento com Patricia Beech), que o impulsionou para novos patamares de popularidade, apresentando-o a gerações mais jovens — em seguida, ele realizou, a título de exemplo, parcerias bem-sucedidas com nomes como Lady Gaga e até mesmo a brasileira Maria Gadú.

Amizade com João Gilberto

O maior ídolo de Tony Bennett, aliás, era nome made in Brazil. Amante declarado do Rio de Janeiro, para onde viajou mais de sete vezes, afirmou, numa de suas passagens por solo tupiniquim, que se orgulhava em ser amigo de João Gilberto, seu artista predileto. "Meu cantor favorito no mundo todo é João Gilberto. E somos bons amigos. Ele veio em minha casa muitos anos atrás, quando estava começando. Foi uma grande emoção para ele", relatou, em certa ocasião.

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