Cultura
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Por Maria Fortuna — Rio de Janeiro

Bruna Linzmeyer surge vestida de carmim dos pés a cabeça, no que Fernanda Paes Leme começa a cantar o hit de Gloria Groove para ela: “Quem é essa menina de vermelho/ Eu vim pro baile só pra ver/ Ela rebolando até o chão”. Bruna é a convidada da próxima edição do “Quem pode, pod”, que vai ao ar na próxima terça-feira.

— É roupa de gala, né? — explica Bruna. — Vi que todo mundo que vem aqui capricha no look. Mandei até para o Trigo (Antonio Trigo, assessor de imprensa da atriz) para saber se estava bom. Aí, ele me mandou botar um batom vermelho também.

A gravação começa e, à medida que a conversa se desenrola, a atriz vai se abrindo, contando intimidades. Esse, aliás, é o principal motivo da enorme repercussão do “Quem pode, pod”: as revelações íntimas feitas pelos convidados. Foi o que deu ao programa um ar de “divã dos famosos”.

Gravado semanalmente em um estúdio na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio, o videocast comandado por Giovanna Ewbanck e Fernanda se tornou fenômeno de audiência. Exibido no canal GIOH no YouTube, com quase 6 milhões de inscritos, o programa acumula 63 milhões de views em menos de um ano de existência — o recorde é o episódio com Bruna Marquezine, que soma 2,9 milhões de visualizações. E a versão só em áudio, para as plataformas de streaming, é um dos 10 podcasts mais ouvidos do Brasil.

A atração não tem patrocínio oficial, mas conta com inserções publicitárias. Em geral, recebe cerca de 100 consultas mensais de marcas interessadas no produto. O merchan é liberado para os convidados — Bruna por exemplo, fala livremente sobre a marca esportiva da qual é garota propaganda.

O sucesso também movimenta a vida publicitária das apresentadoras. Se elas já eram cases no mercado, o “Quem pode, pod” as reposicionou como “um novo produto”, segundo o empresário das meninas, Mauro Lemos. Agora, elas vendem também como dupla.

Giovanna e Fernanda, que não são bobas nem nada, sabem direitinho transformar tudo em negócio. A começar pelos tais “lookinhos” que vestem. A estratégia inclui, como elas chamam, o “momento social media”.

Pouco antes de a gravação começar, posam para uma sessão de fotos (e vídeos), que serão publicadas nas redes às vésperas de o episódio ir ao ar — tudo com as grifes devidamente tageadas nos posts de cada uma.

Figurino é fundamental

Os entrevistados (como Bruna ressaltou ao chegar) já entenderam que figurino ali é um troço muito sério. Mas as motivações por trás da elegância vão além da, como se diz, “publi”.

Giovanna explica:

— Vim de uma pandemia. Depois, fiquei dois anos amamentando um bebê de pijama... Quero mais é me arrumar, estar gata, gostosa — afirma a mãe de Zyan (além de Títi e Bless), prestes a completar 3 anos, às gargalhadas.

Naquela tarde, a dupla de apresentadoras escolhe usar tubinhos pretos. O de Fernanda tem uma rosa de cetim enorme pregada na altura da cintura. O de Giovanna, uma fivela de cinto que passa por cima do peito. Esse chiquê todo, no entanto, é só na hora do vamos ver.

Minutos antes do “gravando”, Fernanda está de moletom, Giovanna, de jeans folgado e grampos no cabelo. Assim elas debatem na reunião de pauta do programa.

“É linzmEyer ou LinzmAyer”, quer saber Giovanna, sobre a pronuncia do sobrenome da atriz. “Será que ela vai querer beber? Até agora, só o Zeca (Pagodinho) bebeu (vinho) aqui no videocast, né?”, entrega Fernanda, sentada no chão de uma sala acarpetada. Ali, a equipe troca ideias sobre temas e perguntas que julgam serem interessantes para sabatinar a convidada.

“É legal a gente falar sobre a sigla de identificação dela, LGBT Queer”, sugere o diretor, Raphael Vieira, antes de chamar atenção para a característica “high low” de Bruna, “que vai do filme alternativo à novela da Globo”.

“Acho interessante quando ela fala, nas redes, dos processos dos personagens que faz”, aponta Giovanna. “É meio o que o ‘Videoshow’ fazia, né?”, emenda Fernanda.

‘Bruna é artistona... está a fim de falar?’

Raphael recomenda outra pergunta: “Como ela é cabeçuda, intelectualizada, será que consegue identificar se é necessário ficar pelada em uma cena? Ela tem cara de questionar não a necessidade da nudez especificamente, mas a condução da narrativa toda”. Fernanda levanta uma dúvida: “Bruna é artistona, cool... ela está a fim de falar?”

A gravação começa, e Bruna mostra que está, sim, disposta a entrar no jogo.

“Um dia, senti tesão por uma mulher e dei em cima dela, a gente ficou e transou. Aí, olhando para trás, entendi que era sapatão há muito mais tempo”, crava a atriz, logo de cara, ao ser perguntada sobre quando descobriu que gostava de meninas.

“Depois, achei várias fotos minhas aos 13 anos beijando uma amiga. Foi um caos interno”, continua Bruna. “Falei (para si mesma): ‘Quanta coisa eu poderia ter vivido com essa namorada se eu soubesse’. Não consegui enxergar isso por causa da heterossexualidade compulsória. A gente é criada para ser hétero.”

Sexo sapatão

Bruna Linzmeyer — Foto: Alex Santana
Bruna Linzmeyer — Foto: Alex Santana

Um dos pontos altos da entrevista com Bruna Linzmeyer no “Quem pode, pod” é o momento em que a atriz fala sem pudor sobre o “sexo sapatão”. E Fernanda emenda fazendo uma revelação surpreendente. Muitas declarações inesperadas têm vindo à tona atrás daqueles microfones. Cleo, por exemplo, confessou ser uma mulher insegura. Taís Araújo contou ter sofrido racismo de um colega de novela. Deborah Secco expôs o ménage que propôs a Giovanna e o marido, Bruno Galiasso.

O ator, aliás, foi a cobaia do videocast, numa conversa que Fernanda considera a mais difícil dos 42 episódios exibidos. Culpa da intimidade. Parte do papo girou em torno do momento em que o ator e Giovanna se separaram, e Fernanda o acolheu como melhor amiga.

O fato de elas também se exporem é o ingrediente que faz os convidados perderam a cerimônia, acreditam. Giovanna, inclusive, revelou que já chorou de saudade de um ex enquanto transava com outro.

— Desde sempre, a ideia era tentar desconstruir certas coisas, falar de temas tabu, nos colocando também em lugar de vulnerabilidade — comenta ela. -— É a maneira de trazer a pessoa para perto. “Olha, tô te abrindo uma coisa minha, pode se abrir, a gente tá aqui no mesmo lugar”.

Para Fernanda, “se a gente fala, o convidado vai falar”.

— Somos artistas também e isso traz proximidade, um lugar seguro, de afago. A premissa é papo solto, descompromissado, de onde saem pérolas e coisas pessoais.

Não colocar a pessoa numa posição constrangedora, em que elas mesmas não gostariam de estar, é um norte que as conduz. A experiência de estarem sempre na berlinda em entrevistas serve para que tenham noção dessa medida. E elas procuram pegar leve quando o convidado está envolvido em polêmicas.

A participação de Dani Calabresa foi cercada de tato para que o assédio sofrido por ela não roubasse a cena. Afinal, a humorista “não merecia ser reduzida a esse episódio”, analisa Fernanda.

A dupla coloca em prática outra tática: quando uma é mais amiga do convidado, a outra entra em ação para fazer as perguntas delicadas.

— Com o João Vicente, eu falei: “Gio, ele é mais meu amigo que seu, mete o pé nele que aí eu fico isenta (risos). Já a Bruna Marquezine era mais amiga dela... — lembra Fernanda.

— Às vezes, a gente sabe coisas da intimidade que a pessoa não vai querer expor — completa Giovanna.

Entender a medida disso, às vezes, pode ser complicado...

— Sem falar que sabemos quando estão mentindo... — avisa Giovanna, rindo.

A personalidade oposta das duas ajuda nessa dinâmica. Giovanna é divertida e doce. Fernanda, irônica, sarcástica, ácida.

— As pessoas vêm com medo de mim, mas quem faz as perguntas mais cabeludas é a Giovanna. E de um jeito todo fofo que a pessoa responde. É um trunfo nosso — aponta Fernanda.

Assuntos delicados são deixados para o final. Vai que surge um choro... No caso do episódio inédito com Lázaro Ramos, as lágrimas vieram em cinco minutos de conversa. Foi quando Fernanda sacou uma piada para descontrair. Alguns convidados dão aula. Caso, elas citam, do apresentador Manoel Soares, que falou sobre racismo. Bastaram duas perguntas para que ele tomasse as rédeas e conduzisse o restante do papo.

— A gente aprende muito. Tem conversa de que saímos transformadas e viram uma sessão de terapia no nosso camarim — diz Giovanna.

10 MOMENTOS QUENTES DO 'QUEM PODE, POD', SEGUNDO AS APRESENTADORAS

1. O momento que Taís fala que sofreu assedio de um ator da Globo

2. A gordofobia que Preta gIL passou no SBT quando Silvio Santos chamou ela no camarim para indicar um endocrino

3. Bruna Marquezine revelando seu voto na eleição e falando que por um período pensou que era assexual

4. Antonio Fagundes contando que assistiu a série "Euphoria"

5. Angélica falando que teve muitos parceiros sexuais

6. Camila Pitanga revelando que transava todo dia com o namorado

7. Deborah Secco confessando ter crush na Gio e quando ela quiser é só marcar

8. Carol Dieckmann falando sobre a resiliência da descoberta da morte da mãe e revelando como ela lidou.

9. Pabllo confessando que já foi ‘marmita’ de famoso

10. Paolla Oliveira contando que talvez não queira ser mãe e a pressão que sofre das pessoas

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