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Quase meio século depois de gestado, chega na quinta-feira aos cinemas brasileiros em cem salas o documentário “Elis & Tom: Só tinha de ser com você”. Na última sexta, o filme, já apresentado em festivais, teve première mundial em Los Angeles, onde o maestro e a intérprete gravaram — de 22 de fevereiro a 9 de março de 1974, entre momentos de carinho explícito e alguma tensão — um dos mais icônicos discos da MPB. O registro dos bastidores, desde a chegada de Elis Regina ao aeroporto na Califórnia, onde Tom Jobim a esperava com seu carro, um sorriso e uma flor, é o maior tesouro da obra de Roberto de Oliveira e Jom Tob Azulay.

— Sabia que tinha em mãos um material histórico, mas não o formato final. Não tive pressa. Sentia que o tempo faria bem a ele — diz Oliveira.

O disco modificou a trajetória artística dos dois. Elis, que morreu em 1982, viu o material bruto que é a base do filme e se divertia com as tiradas de Tom. Este, angustiado com a percepção de que “ninguém mais quer ouvir bossa nova”, teve sua obra recriada não apenas por uma das maiores cantoras de seu tempo, como pelas mãos certeiras do pianista Cesar Camargo Mariano, então marido de Elis e arranjador do disco.

Além de trechos do making of feito para um especial da TV Bandeirantes que foi ao ar em 1974, “Elis & Tom” contém registros inéditos das filmagens, imagens de arquivo, e depoimentos de, entre outros, Cesar, André Midani, Nelson Motta (roteirista do filme), Wayne Shorter, Roberto Menescal, Hélio Delmiro, Paulo Braga, e os filhos Beth Jobim, 16 anos quando o disco foi gravado, e João Marcelo Bôscoli, primogênito de Elis, que tinha quase 4 anos.

— Tenho frames de memória do período. Lembro do charuto do Tom, da mesa na casa de L.A., de fazer uma bola de fita adesiva pra jogar no estúdio — diz João Marcelo. — Agora, o bicho pega mesmo pra mim quando vejo no filme as imagens em que estamos nós dois juntos, eu e Elis. Aí num consigo mais falar direito.

Pelo buraco da fechadura

O espectador acompanha tudo como se olhasse pelo buraco da fechadura. Paralelo óbvio, inclusive pela excelência da montagem de João Wainer, é “Get back”, de Peter Jackson, sobre as gravações daquele que seria o último disco lançado pelos Beatles, “Let it be”. Mas, frisa Oliveira:

—Não tínhamos nem lugar específico no estúdio, éramos quase clandestinos. Transformei a dificuldade em charme.

Deu certo. Sem malabarismos, a câmera testemunha conversas de bastidores (“Só se pode copiar a quem ama”, diz Tom, parafraseando Stravinski ao falar de Villa-Lobos e Ary Barroso), flagra palinhas de pérolas de Johnny Alf e Ary nos intervalos da gravação e, não menos importante, o paulatino entrosamento do minimalismo jobiniano com a exuberância de Elis. Também dá cor à notória contrariedade de Tom, 47 anos, ao ser informado de que os arranjos do disco de composições suas, idealizado para celebrar os dez anos da cantora na Phillips, seriam feitos por Cesar Camargo Mariano, então com 30 anos.

As idades não são aqui números aleatórios. Se excluídos Tom, o produtor Aloísio de Oliveira, 59, que tocou com Carmen Miranda, e o diretor de fotografia Fernando Duarte, 37, os responsáveis diretos pela obra-prima mal chegavam às três décadas de vida. Elis completaria 29 uma semana depois de o disco ficar pronto. Na cozinha, Hélio Delmiro, 27, Paulo Braga e Oscar Castro Neves, 32, e Luizão Maia, 25. O engenheiro de som, o chileno Humberto Gatica, 23, nem sonhava em arrebatar oito Grammys e trabalhar com Deus, Michael Jackson e o mundo. O próprio Roberto de Oliveira tinha 25.

Depois de 18 dias do que parecia ser um cabo de guerra, Elis chegou a abandonar o projeto. Fez as malas, e Oliveira pegou um avião com o objetivo vitorioso de acalmá-la. Convenceu a amiga e os resultados, como este “Elis & Tom — só tinha de ser com você”, não param de assombrar o público.

No ano que vem, uma exposição celebrará os 50 anos do disco que começa com “Águas de março” e termina com “Inútil paisagem”. Rodará museus e transportará a audiência por um túnel imersivo com o áudio dos quatro concertos realizados pelos artistas em 1974, no Rio e São Paulo. E serão expostas as fotos pouco vistas de Nelson Mascarenhas, morto este ano, que clicou, como na imagem ao lado e nas que ilustram este texto no site do GLOBO, os raros e grandes encontros de Elis Regina Carvalho Costa e Antônio Carlos Brasileiro de Almeida Jobim.

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