Psy está de volta — e em grande estilo. Sensação global da internet cujo videoclipe viral da música "Gangnam Style", de 2012, se tornou o primeiro do YouTube a ultrapassar um bilhão de visualizações, o rapper sul-coreano de 45 anos surpreendeu o público, no último sábado (24), no show que marca seu retorno aos palcos. Ao início da apresentação, o artista surgindo voando — e dançando a famosa coreografia que reproduz um galope —, para euforia do público.
"Esse homem realmente sabe como impressionar a plateia", elogiou um fã, por meio do Twitter. Nas redes sociais, o artista revelou como o truque foi realizado. Veja o vídeo a seguir:
Psy está de volta
Pode não parecer, mas, com um terno de abotoamento duplo e um penteado com gel suficiente para refletir as luzes, o executivo de música de 45 anos confidencia um segredo enquanto esfrega as têmporas: está de ressaca. Mas não se importa com a dor de cabeça, bem depois das 14h de uma quinta-feira em Seul, porque algumas de suas melhores ideias de composição vêm com o mal-estar que se segue a uma noite de muita bebida.
O homem do sofrimento criativo é Psy, sensação global da internet responsável pela música viral "Gangnam Style", de 2012. A canção estranha, mas irresistivelmente cativante, e o vídeo que a acompanha — que mostra Psy fazendo o movimento de dança a cavalo, característico da música, em Gangnam, luxuoso bairro de Seul — alcançaram o recorde e o sucesso mundial que antes eram frustrantemente perseguidos por artistas do pop coreano, ou K-pop.
O vídeo, que agora tem cerca de 4,6 bilhões de visualizações, foi tão culturalmente difundido em 2012 que chegou a ser incluído em uma pergunta ao presidente dos EUA, Barack Obama, no dia da eleição. Astronautas da Nasa gravaram uma paródia, e um site de propaganda estatal norte-coreano evocou o movimento da dança para zombar de um político sul-coreano.
Veja vídeo de 'Gangnam syle'
Pressão por outro hit
Mas Psy admitiu que, durante vários anos, depois de toda a sua fama, o sucesso da música o assombrou. Mesmo quando, da noite para o dia, conquistou um perfil de astro de Hollywood, sendo perseguido por paparazzi em Nova York, assinando com o empresário de Justin Bieber e lançando single com Snoop Dogg, internamente sentia a pressão de lançar outro hit. “Vamos fazer só mais um”, continuava dizendo a si mesmo.
Mudou-se para Los Angeles, em um esforço para desenvolver seriamente uma carreira global, a um oceano de distância de sua Coreia do Sul natal, onde era figurinha carimbada das paradas musicais e uma fonte de alívio cômico em programas de variedades na TV. Mas nenhuma das tentativas chegou perto de replicar a fórmula que fez de “Gangnam Style” um sucesso global.
Psy não estava sozinho na tentativa de descobrir como reproduzir o fenômeno. Na Coreia do Sul, não apenas a indústria da música, mas autoridades do governo e economistas buscavam descobrir exatamente o que havia na melodia, na letra, no vídeo, na dança ou no homem que levara a música a níveis tão singulares de onipresença.
E na década seguinte que o música e o vídeo colocaram pela primeira vez o som pop da Coreia do Sul no mapa para muitos ao redor do mundo, o K-pop se tornou um rolo compressor cultural, expandindo-se dos mercados do Leste e do Sudeste Asiático e chegando a todos os cantos do mundo.
Grupos como BTS e Blackpink contam com fãs devotos na casa das dezenas de milhões e exercem um impacto econômico que rivaliza com o produto interno bruto de uma pequena nação. O fervor transbordou para além da música, chegando à política, à educação e até ao teatro.
Alguns acreditam que Psy merece muito do crédito.
— Psy sozinho colocou o K-pop em um nível diferente. Sua canção foi um divisor de águas para a cena musical coreana e abriu o caminho para o interesse e o sucesso comercial que estrelas sul-coreanas que vieram depois dele experimentaram — declarou o crítico de música Kim Young-dae.
Agora, dez anos depois de seu momento de sucesso, Psy, cujo nome verdadeiro é Park Jae-sang, está de volta à Coreia do Sul, onde começou uma gravadora e uma empresa de agenciamento próprias e está tentando recriar a magia com a próxima geração de talentos do K-pop como um dos formadores de opinião da indústria.
— Uma das coisas que mais amo nesse trabalho é que ele é imprevisível. Dizemos entre nós que estamos no “negócio da tampa”, porque você não sabe o que tem lá dentro até abri-lo. Você não sabe qual nuvem vai trazer a chuva — afirma Psy.
Agente de artistas
Com dez artistas sob sua asa, Psy afirmou que se sente mais pressionado moldando e administrando a carreira de outros do que quando era responsável apenas pela sua. E, embora possa dar conselhos a suas estrelas iniciantes com base em décadas de experiência, o que não consegue é lhes dar instruções infalíveis sobre como fazer um disco de sucesso.
Mesmo depois de todos os anos que passou pensando e falando em “Gangnam Style”, ainda se sente confuso com seu sucesso:
—As músicas são escritas pela mesma pessoa, e os movimentos de dança também foram criados e executados por ela. Tudo é igual, mas o que aquela música tinha de tão especial? Ainda não sei, até hoje.
Em âmbito global, Psy e seu “Gangnam Style” são a síntese do sucesso único. Mas, na Coreia do Sul, já era bem conhecido como rapper e músico uma década antes, traçando um caminho que diferia de muitos de seus colegas intérpretes, porque não contava com a ajuda de sua aparência física nem evitava controvérsias.