Cultura
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Por , Em The New York Times — Nova York

“Na maior parte do tempo, estou meio satisfeito.” Essas palavras são de Bob Dylan que foram repetidas na noite de 12 de setembro por Brooke Shields durante sua estreia, com ingressos esgotados, no Café Carlyle, badalado clube intimista em Manhattan. De muitas maneiras, pareceu um esforço de Brooke para mostrar como se aproximou da realidade depois dos anos de fama na infância e na adolescência.

Seja por vontade própria, seja por acaso, Brooke, de 58 anos, refletiu o clima da época em sua carreira de quase cinco décadas. Nos loucos anos 1970, estrelou (aos 11 anos) “Pretty baby”, filme de Louis Malle sobre o romance entre um homem adulto e uma prostituta infantil. Nos anos 1980, aqueles da campanha “Apenas diga não às drogas”, estrelou “Lagoa azul”, formou-se em Literatura Francesa na Universidade de Princeton e escreveu um livro de autoajuda para adolescentes, no qual discutia sua decisão de permanecer virgem.

Brooke Shields em cena do filme 'A lagoa azul' (1980) — Foto: Divulgação
Brooke Shields em cena do filme 'A lagoa azul' (1980) — Foto: Divulgação

Na década seguinte, Brooke Shields estrelou na Broadway uma remontagem de “Grease”, apareceu em uma sitcom de sucesso (“Suddenly Susan”), casou-se com o astro do tênis Andre Agassi e se divorciou dele. Em 2001, casou-se com o roteirista e cineasta de comédia Chris Henchy, com quem teve dois filhos, e voltou aos palcos da Broadway em “Chicago”. Também encontrou tempo para escrever memórias e apresentar um podcast, “Now what”.

O show no Café Carlyle ocorreu cinco meses depois de Brooke ter voltado aos holofotes com “Pretty baby: Brooke Shields”, aclamado documentário que narra os altos e baixos de uma carreira que começou na década de 1970, quando era modelo infantil e atriz enaltecida como símbolo sexual.

No palco, contou para o público algumas das suas experiências com outras celebridades. Na introdução, mencionou ter recusado um convite de Donald Trump para sair, mas admitiu ter atendido a um curioso pedido de Elizabeth Taylor para que mastigasse seu chiclete:

— Como o mastiguei antes dela, fiquei com a melhor parte.

A beldade também contou que foi desdenhada por algumas das mulheres mais conhecidas do mundo. Disse que, quando conheceu Bette Davis, numa cerimônia de entrega do Oscar, apresentou-se à veterana com simplicidade:

— Oi, sou Brooke Shields.

E a veterana respondeu, meio que sem interesse:

— Sim, é.

Foi parecido quando Ben Stiller a levou à casa de Madonna. A saudação que ela recebeu da cantora ficou apenas nisso:

— Ah, você...

Perdigotos

Brooke Shields em campanha de moda realizada em 2022 — Foto: Divulgação
Brooke Shields em campanha de moda realizada em 2022 — Foto: Divulgação

Na segunda parte do show, Brooke Shields fez brincadeiras a respeito de sua mãe, Teri Shields — que nos anos 70 e 80 se tornou ponto focal das preocupações culturais sobre paternidade no palco e sexualização das crianças em Hollywood:

— Ela apareceu na imprensa quase mais do que eu, e provavelmente todos vocês têm sua opinião sobre ela.

A atriz comentou que conviver com a mãe, que morreu em 2012, não era totalmente ruim:

— Havia muita risada e diversão. Ela fazia coisas realmente malucas. Via um cachorro amarrado do lado de fora de uma loja, esperando o dono voltar, e se abaixava para dizer a ele: “Ele nunca vai voltar.” Era muito doentio, havia algo de sombrio nisso. Mas era muito engraçada.

Ela também mencionou o alcoolismo da mãe.

— Demos o nome dela a um coquetel no bar. Na verdade, batizamos vários coquetéis em homenagem a ela — disse Brooke, antes de falar seriamente sobre a saudade que sentia dela.

Acrescentou que um dos motivos pelos quais queria se apresentar no Carlyle era o fato de ser um lugar onde sua mãe a levava quando era jovem:

— Ela ficaria muito orgulhosa.

Em seguida, começou a cantar a melancólica “Most of the time”, de Dylan.

Parecendo estar resfriada, ela realmente soou um pouco como Bob Dylan quando sua garganta começou a falhar. E, enquanto cantava “Count to ten”, de Tina Dico, pediu desculpas a um homem sentado perto do palco, que estava sendo atingido por seus perdigotos.

Brooke Shields também não deixou de falar sobre as provações e atribulações de ser casada com Henchy, que estava na plateia, e mãe de duas filhas adolescentes, Rowan e Grier. Mais aplausos.

Quase no encerramento do espetáculo, ela interpretou “Faith”, sucesso de 1987 de George Michael, que conheceu. Cantou com convicção e, ao mesmo tempo, usou a música para fazer uma referência atrevida às noites em que se apresentava diante dos paparazzi no papel de namorada pública do próprio George Michael e de Michael Jackson.

Um pouco depois dos aplausos finais, o designer de moda Christian Siriano fez uma rápida avaliação:

—Ela foi ótima, apesar de claramente estar com Covid.

Brooke saiu de seu camarim e cumprimentou rapidamente amigos e simpatizantes. Um garçom lhe perguntou o que ela gostaria de beber.

—Tequila — disse, antes de se dirigir a uma mesa de canto para conversar com um repórter.

Ao ser informada do comentário de Siriano, garantiu:

— Não estou com Covid!

Mas revelou que estava com uma doença respiratória que a obrigara a ir ao hospital alguns dias antes. Seu preparador vocal ofereceu, então, pastilhas para tosse.

Os jornalistas estavam à espera. Brooke explicou que o espetáculo começou a tomar forma há poucos meses, a partir do desejo de montar, em parceria com o roteirista e diretor Nate Patten e o diretor musical Charlie Alterman, algo que envolvesse contar a própria história de uma forma sincera e, ao mesmo tempo, cômica.

A atriz estava ciente de que este é um momento difícil para humanizar as pessoas que haviam decidido que era apropriado que ela aparecesse em um filme, aos 11 anos, como alguém cuja virgindade foi leiloada. No entanto, sua mãe ainda era sua mãe, e ela a amava.

— A ambivalência é parte da vida real. Quero dizer, a questão é que não somos uma coisa ou outra. Somos seres humanos cheios de conflitos.

Em tempo: a temporada de Brooke Shields no palco do Carlyly se encerrou em 23 de setembro. E todas as apresentações ficaram lotadas.

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