Em meio ao forte calor no show desta sexta-feira, que resultou na morte de uma fã, a cantora Taylor Swift fez uma pausa na apresentação e pediu para a organização distribuir água. A artista percebeu a gravidade da situação ao ver a mensagem iluminada no celular de Luccas Macchi, que levantou a "placa" pedindo ajuda enquanto seu amigo passava mal.
— Um amigo começou a passar mal e pensei que não dava, estamos aqui desde as 9, que palhaçada. Escrevi a placa, no celular mesmo, e levantei. Aí ela viu, parou o show e pediu para darem água para ele. Mas não era só ele que estava sofrendo com isso. Tinha muita gente nessa situação — narrou Macchi em um vídeo publicado na sua conta do TikTok.
Na primeira noite de apresentação, a estudante de Psicologia Ana Benevides, de 23 anos, morreu após passar mal devido ao forte calor. A jovem teve duas paradas cardiorrespiratórias e chegou a ser levada ao Hospital Municipal Salgado Filho, mas não resistiu. Por conta o calor, mais de mil pessoas desmaiaram durante o show, e muitos fãs criticaram a organização por causa do veto à entrada com garrafas de água e dificuldade de comprar o item no estádio.
Neste sábado, o ministro da Justiça Flavio Dino determinou que as próximas apresentações não tenham proibição de entrada de garrafa. O ministro informou que vai assinar uma norma obrigando a distribuição de água potável e a permissão de entrada de garrafas em shows.
Ainda no seu relato, Macchi conta que chegou ao Engenhão às 10h, uma hora após os outros amigos. Ele disse que o calor já era intenso, e que passou um pouco mal, então recorreram a um guarda-chuva e a leques. A desorganização, diz, já foi notada quando abriram os portões e pediram para que os fãs entrassem "correndo" pelas grades em zig-zag.
No início do evento, o esquema estava funcionando bem, com presença de muitos ambulantes vendendo água e distribuição gratuita durante o show de abertura, de Sabrina Carpenter. Mas a situação piorou quando começou o show de Taylor, explicou o fã.
— Já estava super quente sem as pessoas, com tudo lotadíssimo, muito mais. As pessoas morrendo de sede, suadas. E sumiram os vendedores. A gente não via mais ninguém. Todo mundo desesperado por água. Muita gente passando mal, indo para o posto médico, saindo do lugar que lutou para conseguir para ir para o posto médico porque não estava aguentando mais. Ia colapsar a pessoa.
Ele e os amigos, então, pediram para a organização distribuir água, como houve no show de abertura. Mas foram informados de que a água teria acabado, o que eles acharam "suspeito". Somente após a interrupção de Taylor que a água voltou a ser distribuída, mas em pequenas quantidades, disse Macchi, que lamentou a falta de organização.
— A quantidade de água que você perdia era muito maior do que estava repondo. A gente estava quase desmaiando e eles davam uma miséria, só para a gente conseguir voltar à vida.
Mais determinações das autoridades
Mais cedo, o prefeito Eduardo Paes e o governador Claudio Castro já haviam anunciado medidas para o segundo dia de show.
Paes anunciou o seguinte:
- antecipar a entrada em 1h e ocupar o anel de circulação para tirar o público do sol
- novos pontos de distribuição de água;
- aumento de número de brigadistas
- aumento de ambulâncias
Já Castro prometeu o seguinte:
- Instalação de mais bebedouros dentro do Engenhão e permissão da entrada de garrafas vazias, sem tampa, para servir de refil, depois de o Procon oficiar a organizadora.
- Distribuição de água no entorno do estádio por agentes da Cedae e da Operação Lei Seca.
- Mais ambulâncias dos bombeiros disponibilizadas nos arredores do Engenhão, para atender ocorrências.
- Seis caminhões jogarão água nos fãs para diminuir o calor.