Voltando do recesso, a Academia Brasileira de Letras dá início ao ano acadêmico com o seu tradicional ciclo de conferências. Até dezembro, a instituição promoverá palestras gratuitas com acadêmicos da casa e outros especialistas, às terças-feiras, às 16h, no Teatro R. Magalhães Jr. As inscrições podem ser feitas no site da ABL, em www. academia.org.br.
Com coordenação do acadêmico e escritor Geraldo Carneiro, a primeira conferência do ciclo, “Mitos da Música Brasileira”, começa nesta terça-feira com uma aula-show do pesquisador, ensaísta e compositor José Miguel Wisnik. As outras palestras contemplam três “orixás” da música brasileira: no dia 12, Geraldo Carneiro fala sobre Tom Jobim; no dia 19, será a vez do compositor Alfredo Del-Penho analisar a obra de Noel Rosa; e no dia 26, o jornalista e escritor Hugo Sukman se debruçará sobre a música de João Gilberto.
— Noel foi o letrista mais brilhante da primeira metade do século XX, e inspirador de seus sucessores — diz Geraldo Carneiro. — Tom reinventou a música brasileira e se tornou a confluência, o estuário em que deságuam todas as águas da música do Brasil. João Gilberto é o criador de uma batida alquímica que decompõe a força dionisíaca do samba e a reduz a um tamborim apolíneo e minimalista, quase imaginário. Em suma, são três dos principais criadores da nossa cultura.
Mão na massa
Carneiro ressalta o fato de todos os palestrantes terem intimidade com a música.
— Não apenas como quem pensa, mas como quem vive a experiência musical — acrescenta o imortal, que tem uma rica trajetória como letrista de grandes sucessos da MPB.
A diversidade de temas e de palestrantes segue um dos princípios da ABL. Inspirada no modelo francês, ela não se limita à literatura, abrangendo em seu quadro personalidades que tiveram contribuição em sua área. Qualquer área, vale ressaltar.
— Isso já vem desde a fundação, com as posições divergentes de Machado e Nabuco, acabando por prevalecer a de Nabuco — lembra o acadêmico Antonio Carlos Secchin, coordenador-geral dos ciclos de 2024. — Os ciclos, sem descurar da ênfase na literatura, também se abrem para as mais diversas manifestações da cultura. Palestras sobre música brasileira, sobre as relações entre o futebol e as letras. Temas de antropologia. E um ciclo 100% feminino: a coordenadora, as palestrantes e as artistas cujas obras serão estudadas.
As atividades seguem na casa. Na próxima quinta-feira, 7 de março, a partir das 16h, no Petit Trianon, os acadêmicos escolherão quem sucederá o historiador e diplomata Alberto da Costa e Silva na cadeira 9 de seu quadro. A eleição tem como franca favorita a historiadora Lilia Moritz Schwarcz. O diplomata e escritor Edgard Telles Ribeiro também está na disputa.
Programação do Ciclo
Popular Brasileira
- 5/3 Abertura: “A terceira margem do rio: poesia da canção”, aula-show de José Miguel Wisnik
- 12/3: “Antônio Carlos Brasileiro de Almeida Tom Jobim”, com Geraldo Carneiro
- 19/3: “Noel de Medeiros Rosa”, com Alfredo Del-Penho
- 26/3: “João Gilberto Prado Pereira de Oliveira”, com Hugo Sukman
Poesia na Academia
- 2/4: Carlos Nejar
- 9/4: “Re/Des/Dizer”, com Antonio Carlos Secchin
- 16/4: Geraldo Carneiro
- 25/4: Gilberto Gil
- 30/4: Marco Lucchesi
- Deus, Deuses
- 7/5: “Tupã, um deus jesuíta”, de Alberto Mussa
- 14/5: “Deuses do Olimpo”, com Rafael Brunhara
- 21/5: “Aquele que é — O Deus da Bíblia”, com Maria Clara Bingemer
- 28/5: “O mistério de Deus na tradição mística do Islã”, com Faustino Teixeira
Machado de Assis e a questão racial
- 7/6: “O Machado que eu leio”, com Jefferson Tenório
- 14/6: “Era de cor como eu: racismo e antirracismo na trajetória de Machado de Assis”, com Ana Flávia Pinto
- 21/6: “Machado e a invenção do ‘ser-branco’ no Brasil”, com Paulo Dutra
- 28/6: “Diálogo: as melindrosas presunções da branquitude”, com Pedro Meira Monteiro e Hélio Guimarães
Pensar
- 2/7: “A saúde”, por Margareth Dalcomo
- 09/7: “A política”, por Merval Pereira
- 16/7: “A inteligência artificial”, por Silvio Meira
- 23/7: “A natureza”, por Ailton Krenak
- 30/7: “A justiça”, por Luis Roberto Barroso
Cadeira 41
- 6/8 “Graciliano Ramos”, por Godofredo de Oliveira Neto
- 13/8: “Joel Rufino”, por Luiz Antonio Simas
- 20/8: “Henriqueta Lisboa”, por Wander Melo Miranda
- 27/8: “Murilo Rubião e Helio Pelegrino”, por Humberto Werneck
O que eu sei dela
- 3/9: “Carla Madeira”
- 10/9: “Carolina Maria de Jesus”, por Eliana Alves Cruz
- 17/9: “Anita Malfatti”, por Lúcia Bettencourt
Temas em Língua e Literatura
- 1/10: “Pureza e purismo na língua literária”, por Ricardo Cavaliere
- 8/10: “Literatura & internet”, por Luis Augusto Fischer
- 15/10: “Literatura & cinema”, por Edgard Telles Ribeiro
- 22/10: “A criatividade lexical em Guimarães Rosa e Mia Couto”, por André Valente
- 29/10: “O legado modernista e a gramática do português escrito no Brasil”, por José Carlos de Azeredo
Gol de Letras
- 5/11: “Uma vez Flamengo”, por Ruy Castro
- 12/11: “Botafogo, Botafogo”, por Hélio De La Peña
- 26/11: “Vamos todos cantar de coração”, por Bruno Mazzeo
- 28/11: “Sou tricolor de coração”, por Pedro Bial
Memórias da Academia
- 3/12: “Academia: tema e variação”, Marco Lucchesi
- 10/12: “A ABL entre helenos e modernos: o desafio da his- toricidade”, por Arno Wehling