Cultura
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Por O Globo — Rio de Janeiro

Fernanda Montenegro fez história, há exatos 25 anos, em 1999, ao ser indicada na categoria de Melhor atriz no Oscar por seu papel como Dora em "Central do Brasil", longa de Walter Salles. O filme, que concorria como Melhor filme internacional, perdeu para o italiano "A vida é bela", dirigido e protagonizado por Roberto Benigni. Fernanda também acabou não levando a estatueta para casa — o que, até hoje, provoca debates nas redes.

Fernanda Montenegro e Vinícius de Oliveira em cena no longa "Central do Brasil" (1998), de Walter Salles, indicado ao Oscar de Melhor filme internacional — Foto: Divulgação
Fernanda Montenegro e Vinícius de Oliveira em cena no longa "Central do Brasil" (1998), de Walter Salles, indicado ao Oscar de Melhor filme internacional — Foto: Divulgação

Na ocasião, a atriz concorria com um time de peso: Cate Blanchett (por "Elizabeth"), Meryl Streep (por "Um amor verdadeiro"), Emily Watson (por "Hilary e Jackie") e Gwyneth Paltrow (por "Shakespeare apaixonado"), que acabou ganhando. Veja, abaixo, o momento em que Jack Nicholson anuncia o prêmio:

— Era impossível levar aquele prêmio. Imagina. Meryl Streep perdeu. A (Cate) Blanchett no seu auge, fez duas "Elizabeths" extraordinárias... tinha mais alguém lá. Como eu ia pensar em ganhar alguma coisa? Fiquei lá, foi interessante, importante. Não é que não é importante, não estou jogando fora e nem menosprezando, pelo amor de Deus. É uma experiencia humana e, dentro da nossa área, espantosamente interessante de ver — disse Fernanda, em 2018, em entrevista ao programa "Milênio", da Globonews.

Na ocasião, a atriz relembrou e comentou o fato ter ficado mais animada com a indicação de "Central do Brasil" do que com a sua própria.

O diretor Walter Salles e Fernanda Montenegro durante o anúncio dos indicados a Melhor filme internacional do Oscar 1999 (esquerda), e, depois, dos indicados a Melhor atriz (direita) — Foto: Divulgação/Rogério Assis
O diretor Walter Salles e Fernanda Montenegro durante o anúncio dos indicados a Melhor filme internacional do Oscar 1999 (esquerda), e, depois, dos indicados a Melhor atriz (direita) — Foto: Divulgação/Rogério Assis

O lobby no Oscar

— Vale muito aquele prêmio nos Estados Unidos. É uma coisa extremamente americana, com repercussão no mundo. Lá, ninguém tem problema de fazer lobby — comentou a atriz, se referindo às campanhas massivas (e, muitas vezes, com a ética questionada) de grandes estúdios e produtores para que os seus atores e filmes levem as estatuetas para casa.

O Oscar de 1999, este mesmo em que Gwyneth Paltrow ganhou como melhor atriz, acendeu uma polêmica, já à época, quanto a esta questão do lobby e sobre o quão éticos teriam sido os irmãos Harvey e Robert Weinstein, dos estúdios Miramax, durante a campanha pré-Oscar. Naquele ano, seus dois filmes, "Shakespeare apaixonado" e "A vida é bela", ganharam dez das 20 categorias em que concorriam, incluindo a de "Melhor filme". Na época, os irmãos Westein investiram 15 milhões de dólares para tentar ganhar os votos dos membros da Academia.

Depois daquela cerimônia, Westein disse à imprensa que seria o primeiro a seguir uma nova regra que pudesse impor limites nos gastos de divulgação dos filmes.

— Temos aí uma prova de que os milhões de dólares investidos pela Miramax fizeram de 'A vida é bela' um enorme sucesso comercial. E, infelizmente, o dinheiro, mais uma vez, acabou influenciando no resultado da noite passada — disse o produtor de "Central do Brasil", Arthur Cohn, para a Folha de São Paulo, um dia depois daquele Oscar. — Acho que, por mais poder que uma pessoa tenha, ninguém vai mudar o sistema. O meu medo maior é a possibilidade de esse tipo de jogo incentivar no futuro outros filmes indicados ao Oscar a se tornar obras comerciais, em vez de obras de arte.

'A maior injustiça da história'

Fãs de Fernanda Montenegro não superam o resultado daquele Oscar. Todos os anos, a derrota da brasileira volta à tona nas redes sociais e provoca revolta. "Justiça para Fernanda Montenegro. Foi a melhor atriz entre as concorrentes de 1999", publicou uma internauta. "Todo ano no dia da cerimônia do Oscar eu vejo essa postagem e a minha indignação continua a mesma (ou maior). Nunca te perdoaremos, Gwyneth Paltrow", disse outra. Um terceiro, foi enfático: "A maior injustiça da história".

A derrota da consagrada atriz brasileira também não foi muito bem aceita por uma colega de profissão, a atriz americana Glenn Close. Em 2020, durante uma entrevista de divulgação do filme "Hillbilly elegy" ("Era uma vez um sonho"), pelo qual recebeu a sua oitava indicação ao Oscar, a atriz foi perguntada sobre como lida com o fato de nunca ter ganhado uma estatueta da Academia.

— Bem, eu fui nomeada por meu primeiro filme, "O mundo segundo Garp". E eu sinto, honestamente, que ser indicada por seus colegas é o melhor que você pode querer. E eu nunca entendi como é possível comparar atuações. Eu lembro aquele ano em que Gwyneth Paltrow ganhou daquela atriz incrível de "Central do Brasil". Eu pensei: "O quê? Isso não faz sentido" — respondeu.

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