Marcos Veras não pode ficar estacionado por muito tempo. “Vamos nos falar em cinco minutos, que aí entro no carro e já começo a dirigir?”, o ator sugere, ao atender à reportagem do GLOBO. Andar pra lá e pra cá, e por diferentes searas, é uma sina particular, como ele mesmo indica. Enquanto grava os últimos episódios do quadro “Vamo invadir sua casa”, do “BBB - Big Brother Brasil” — no qual leva artistas para bisbilhotar in loco a residência onde se desenrola o reality show, que chega ao fim no dia 16 —, o artista segue com o pé firme e forte no acelerador.
Ele acaba de estrear o musical “Alguma coisa podre”, no Teatro Casa Grande, no Leblon, na Zona Sul do Rio de Janeiro, em temporada que se estende até 5 de maio — e que já tem data confirmada logo na sequência, a partir de 11 de maio, em São Paulo (SP), onde a elogiada montagem fez seu debute no último ano, quando conquistou quatro estatuetas do Prêmio Bibi Ferreira, o maior no país dedicado a produções do gênero. E tem mais. Também em 2024, Marcos poderá ser visto em outras duas montagens teatrais (a partir de agosto e de outubro, na capital paulista), na série infantojuvenil “Turma da Mônica: origens”, do Globoplay, e no longa-metragem “Vudu delivery”, de Alain Fresnot.
'BBB' 24: Veja o que os participantes pretendem fazer com o prêmio
![O sonho é ajudar a família. Segundo a mulher do motorista de aplicativo, Mani, ele quer comprar uma casa para a mãe, em Salvador, com o prêmio. Também deseja se mudar para um lugar melhor — Foto: Reprodução / Instagram](https://s2-oglobo.glbimg.com/OOSmr8pqHWAa6dpfH7d1lYP-pB4=/0x0:1080x572/648x248/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2024/A/N/DOhN0uQDCNhLgfo61CGw/snapinsta.app-432777777-17859413262125131-2753998028522571048-n-1080.jpg)
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O sonho é ajudar a família. Segundo a mulher do motorista de aplicativo, Mani, ele quer comprar uma casa para a mãe, em Salvador, com o prêmio. Também deseja se mudar para um lugar melhor — Foto: Reprodução / Instagram
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Isabelle Nogueira vive de aluguel, em Manaus. De acordo com a mãe dela, Jaqueline Nogueira, ela sonha em comprar uma casa para a família
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![Lucas Henrique, o Buda, é casado com Camila Moura. Os dois compraram um apartamento juntos, e, segundo a irmã do brother, Carla Cristina, ele deseja quitar o apartamento e investir o dinheiro](https://s2-oglobo.glbimg.com/UqVzsjkVH5291aFNm_iH77QpBwM=/1080x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2024/I/j/JJgCkUQnA5M1kPeC2Ovw/snapinsta.app-433161252-708869521440654-2649216537424765413-n-1080.jpg)
Lucas Henrique, o Buda, é casado com Camila Moura. Os dois compraram um apartamento juntos, e, segundo a irmã do brother, Carla Cristina, ele deseja quitar o apartamento e investir o dinheiro
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![De acordo com a mãe de MC Bin Laden, Mariza Ventura, o cantor quer comprar um imóvel para ele. Além disso, Bin também deseja comprar um apartamento para o pai e o irmão, e fazer uma festa em Heliópolis, em São Paulo. O primeiro clipe do funkeiro foi gravado lá](https://s2-oglobo.glbimg.com/7xnSuLhTYg9_RXJf-rW574hqlK4=/1080x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2024/0/K/09eSZjT9SBoHnfRYNitA/snapinsta.app-433912907-1116252036232290-5411247893185568419-n-1080.jpg)
De acordo com a mãe de MC Bin Laden, Mariza Ventura, o cantor quer comprar um imóvel para ele. Além disso, Bin também deseja comprar um apartamento para o pai e o irmão, e fazer uma festa em Heliópolis, em São Paulo. O primeiro clipe do funkeiro foi gravado lá
![Segundo Weslley Toledo, namorado de Giovanna Pitel, a sister pretende comprar uma casa para a mãe com o prêmio do 'BBB' 24](https://s2-oglobo.glbimg.com/KBqQHGG9WAAAV12E2x8H2DiLsQA=/564x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2024/W/Z/TdKXIuTbiWAcRX7w03uw/snapinsta.app-429757487-18434114716062830-205808881402423530-n-1080.jpg)
Segundo Weslley Toledo, namorado de Giovanna Pitel, a sister pretende comprar uma casa para a mãe com o prêmio do 'BBB' 24
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— Sempre gostei de fazer muitas coisas ao mesmo tempo. E a vida foi se apresentando para mim dessa forma. Sei que não posso parar e que preciso “jogar nas 11” — ele afirma. — Em algum momento, fiquei confuso e me perguntei se deveria me colocar numa caixinha. Afinal, sou o quê? Comediante, ator, apresentador? Depois de muita terapia, entendi que esse estranhamento é bom, e não apenas para mim. Nunca quis fazer coisas só para um nicho ou algo alternativo demais. A arte tem que ser democrática, o máximo possível.
‘Linha direta’ e ‘Telecurso’
Não à toa, das últimas duas décadas para cá, o artista, de 43 anos, vem traçando a carreira num constante zigue-zague. Filho de comerciantes cearenses, Marcos abandonou, aos 18 anos, o trabalho como vendedor numa loja de roupas — e negou uma proposta para ser subgerente do estabelecimento — a fim de se dedicar ao estudo de teatro num curso profissionalizante. O pai, à época, segurou as pontas em casa.
![O ator Marcos Veras — Foto: Lucas Seixas/Divulgação](https://s2-oglobo.glbimg.com/dyFRLImJqdv5mCOAJ_MKZQzDZ-M=/0x0:2800x3500/984x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2024/r/G/9v9jgkQCWYQlouf9ADmQ/106458052-sc-o-ator-marcos-veras-que-atualmente-se-divide-em-varios-projetos-no-cinema-na-tv-e.jpg)
E o então jovem artista passou a aceitar tudo quanto é oferta profissional. Ele integrou o elenco de uma peça infantil no papel de um guarda mudo (“Quando fui promovido a príncipe, o espetáculo acabou”, ele rememora); fez as vezes de narrador da radionovela policial “Patrulha da cidade”, da Rádio Tupi (“Me sinto muito veterano quando falo isso”, brinca); apareceu em cenas do “Telecurso Educação Básica”; interpretou um assassino de taxistas num dos episódios da primeira versão do programa “Linha direta”; vendeu uma sorte de eletrodomésticos como apresentador do canal Shoptime; foi comentarista, por três anos, do “Encontro com Fátima Bernardes”, na TV Globo; destacou-se em novelas, a mais recente delas “Vai na fé” (2023)... E por aí vai seguindo, não necessariamente numa ordem predefinida.
— Tenho muito orgulho dessa trajetória, porque não sou filho de artistas ou de família rica. E meu sonho sempre foi viver da profissão, coisa que é muito difícil no Brasil — diz. — Modéstia à parte, acho que hoje posso até apresentar o Jornal Nacional. Esse negócio de saber fazer “ao vivo” sempre me acompanhou.
O gosto pelo improviso — e pelo modus operandi marcado pelo equilíbrio de um sem-número de funções em todo o lugar ao mesmo tempo —está enraizado na paixão pela comédia, como ele avalia. Na infância e na adolescência, Marcos gastava horas e horas à frente da televisão assistindo a humorísticos de nomes como Chico Anysio, Renato Aragão e Jô Soares. No dia seguinte, na escola, repetia todas as piadas, ao seu jeito, para os amigos. Passou a ser visto como uma pessoa engraçada e gostou de mergulhar nessa onda.
— O humor sempre me perseguiu, e eu amo. Tenho o maior prazer de ser reconhecido assim. É o meu cartão de visitas. Mas faço questão de bater na tecla de que comediantes podem fazer tudo. Humoristas acessam lugares que um ator que só faz drama talvez não consiga — defende ele, que se projetou nacionalmente após participar do “Zorra total” (entre 2009 e 2013) e chamar atenção em esquetes do grupo Porta dos Fundos.
![Marcos Veras recebe Susana Vieira no quadro 'Vamo invadir sua casa', do BBB 24 — Foto: Reprodução/Globoplay](https://s2-oglobo.glbimg.com/MEyRnAlW3I07RqTZ1zv4LLhq4o4=/0x4:1440x810/984x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2024/b/y/441d9MR9mb9jPOyCPJAA/106460416-sc-bbb-24-vamo-invadir-sua-casa-marcos-veras-e-suzana-vieira.jpg)
Hoje, ele arregala os olhos quando escuta colegas reclamarem da dificuldade de fazer graça num mundo supostamente pautado pela “ditadura do politicamente correto”. Marcos ri. E insiste que não vê qualquer crise na comédia.
— A gente passou por uma fase de muita reclamação entre os comediantes, simplesmente porque mexeram no nosso conforto, no nosso biscoito. Nos anos 1980 e 1990, as piadas sobre louras, gays e gordos eram possíveis, inclusive na TV aberta... E a gente ria. Mas essa época já passou! Essas piadas matam, e as pessoas não querem mais isso. Quem somos nós para ser contra? — enfatiza. — O humor sempre acompanhou as mudanças da sociedade. Mas tem gente que ainda resiste ao mundo. Não dá para acreditar, em pleno 2024, em alguém que diga que é “muito difícil” fazer humor hoje em dia. Não, não é difícil. Só é preciso ter responsabilidade e cuidado. Então, o que digo para essas pessoas é: “Vá lá sentar a bunda na cadeira para entender o mundo de hoje e aprender a respeitar os outros.” Comédia, na verdade, é uma coisa seriíssima e que, de vez em quando, faz rir.
Maratona no teatro
Em “Alguma coisa podre”, Marcos Veras praticamente não sai de cena. Ao longo de pouco mais de duas horas — numa “maratona digna de atleta”, como ele define —, o ator canta, dança, interpreta e sapateia para dar vida ao protagonista à frente do elenco composto por nomes como Laila Garin, Leo Bahia, George Sauma e Wendell Bendelack. Produção bem-sucedida da Broadway, “Something rotten” (no original) — que ganha direção de Gustavo Barchilon e adaptação assinada por Claudio Botelho — acompanha a saga de dois irmãos rivais de William Shakespeare, na Inglaterra do século XVI (vem daí o título, pinçado da famosa frase de Hamlet: “Há algo de podre na Dinamarca”).
![Marcos Veras e Leo Bahia, em cena do musical 'Alguma coisa podre' — Foto: Caio Gallucci/Divulgação](https://s2-oglobo.glbimg.com/n2nEu6O8Nm_CBZVzMqLAooMCy2Y=/0x0:6539x4359/984x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2024/M/N/mHlaKQSkG38fh0whQS8Q/106458030-sc-os-atores-leo-bahia-e-marcos-veras-em-cena-do-musical-alguma-coisa-podre-foto.jpg)
Na trama, a dupla batalha contra uma crise criativa para montar uma nova peça, até ouvir de um guru que o futuro do teatro está num formato novo para a época — os musicais.
— O espetáculo satiriza o próprio gênero “musical”. A gente debocha e, ao mesmo tempo, traz à tona questões abrangentes, como machismo, frustração profissional... — diz Marcos. — Sei que musical não é lá uma unanimidade. Este é feito tanto para quem ama o formato quanto para quem diz que não gosta.
Nas ruas, o ator tem sido abordado, com euforia, para discorrer sobre o Big Brother Brasil. Não tem jeito.
— Me perguntam, o tempo inteiro, quem vai ganhar o programa, como se eu soubesse (risos). Fora as sugestões de convidados para eu levar para a casa. Já me pediram para chamar a Márcia Sensitiva, a Sônia Abrão, a Inês Brasil... Se o quadro fosse diário, até dava para levar. Mas eu mesmo ficaria surpreso — gargalha ele, que já “invadiu” o confinamento ao lado de personalidades como Susana Vieira, Ary Fontoura e Jojo Todynho.
![O elenco do musical 'Alguma coisa podre': da esquerda para a direita, George Sauma, Marcos Veras, Wendell Bendelack, Leo Bahia e Laila Garin — Foto: Caio Gallucci/Divulgação](https://s2-oglobo.glbimg.com/BhoZAVwB_OXd2aWJOrjb-RZXFGM=/0x0:1280x848/984x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2024/t/x/lHkydZRwyrQ8eQCTApiA/alguma-coisa-podre-musical-elenco.jpg)
O artista admite que tem acompanhado mais o reality show por meio da repercussão na internet e da enxurrada de memes nas redes sociais. Ele se explica: além da atribulada agenda profissional, ainda há a rotina em casa, como pai de um menino de 3 anos — Davi é fruto do relacionamento com a atriz Rosanne Mulholland.
— Pois é, no meio disso tudo, ainda tenho que comer, fazer exercícios, ser um pai presente... Tem tudo isso em 24 horas. Dormir é para os fracos, né? Tô brincando, pelo amor de Deus (risos)... Já não sou mais um garoto — graceja. — Mas dormir mais é um dos meus planos para logo, logo.