Cultura
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Por — Rio de Janeiro

Para muitos, não foi uma grande surpresa a consagração de Davi como campeão do Big Brother Brasil 24, na noite da última terça-feira (16), levando o prêmio de R$ 2,92 milhões. O baiano de 21 anos, que antes do confinamento trabalhava como motorista de aplicativo, conquistou o favoritismo do público logo no primeiro mês do programa. Mas isso pouco importou. Até que a atração chegasse ao fim, as torcidas (tanto a favorável quanto a contrária ao rapaz) não deram o jogo como ganho — e jamais esmoreceram nas redes sociais.

O sucesso da 24ª edição do reality show atesta a força deste gênero, de envergadura folhetinesca, num país aficionado por novelas. O resultado é parecido com o que as tramas da teledramaturgia provocam: mesmo que saiba ou intua o que acontecerá no último capítulo da história, lá está o espectador grudado na tela.

Cantores confinados

Pois bem, os três últimos meses foram marcados por esse novelão. E mesmo quem não acompanhou a exibição diária do programa não ficou imune a ele. No X (antigo Twitter), 43 termos relacionados ao reality show ocuparam, em média, e diariamente — de janeiro a abril —, o ranking dos assuntos mais comentados. Em nível internacional, 11 palavras associadas ao programa alcançaram, também todos os dias, a lista de vocábulos mais digitados. Está aí um recorde. A grande final marcou 27 pontos de audiência em São Paulo — e superou o que havia sido alcançado nas duas últimas edições.

Não à toa, a residência mais vigiada do Brasil, nos Estúdios Globo, no Rio, se transformará em breve — a partir do segundo semestre — em palco para o “Estrela da casa”, reality inédito criado originalmente pela emissora. É uma aposta em consonância com estes tempos pautados por exacerbada exposição pessoal na internet. A atração comandada pela apresentadora e ex-BBB Ana Clara confinará sob o mesmo teto uma turma de cantores em início de carreira.

O formato se aproxima ao do que foi visto no “Fama” (2002-2005), também da TV Globo, e notabilizado por projetar artistas como Thiaguinho e Roberta Sá. Mas vai além, ao surfar sobre as possibilidades do streaming, com transmissão do programa 24 horas no Globoplay, além da exibição diária na programação da televisão aberta. Tal como no BBB, o que sobressairá na tela, mais até do que as lições e os aprendizados musicais dos participantes, poderá ser a convivência entre eles — e, claro, os amores, desamores e confusões impulsionados pelo clima de competição em busca do prêmio, que incluirá uma quantia em dinheiro, a gestão da carreira e o apoio numa turnê.

— O principal ingrediente para o sucesso deste gênero chamado reality show no país é o brasileiro. Tanto na maneira de consumir, como na maneira de produzir, somos diferentes. Muitas coisas criadas no BBB são replicadas em outras versões do programa no mundo. A criatividade e o desejo de renovação são leis a cada temporada — comenta Rodrigo Dourado, diretor artístico do BBB que assumirá a mesma função, ao lado de Creso Eduardo Macedo, no novo programa da TV Globo. — Junto à nossa expertise, existe o olhar de buscar sempre algo novo, pois a construção de formatos é constante, seja em novos quadros, em novas temporadas de programas já existentes ou em novos programas. O “Estrela da casa” nasce disso, de duas paixões: música e confinamento.

Davi, participante do BBB 24, é o campeão do programa — Foto: João Cotta/TV Globo/Divulgação
Davi, participante do BBB 24, é o campeão do programa — Foto: João Cotta/TV Globo/Divulgação

Dados do Kantar Ibope, empresa responsável pela medição da audiência da TV aberta no Brasil, apontam que oito em cada dez domicílios com aparelhos televisivos assistiram, entre janeiro e abril deste ano, ao Big Brother Brasil 24. Os números não incluem, porém, quem deu espiadinhas no programa por meio do Globoplay ou das redes sociais, em plataformas como o X e o Instagram, tomadas por uma enxurrada de recortes de vídeos e memes ligados ao reality show.

Convergência na tela

De 2002 para cá, o mais longevo programa do gênero no país vem sofisticando o que teóricos definem como “cultura da convergência”, expressão cunhada pelo comunicólogo e pesquisador americano Henry Jenkins. Grosso modo, à medida que a importância das decisões do público nas definições do jogo são aprimoradas, “realidade” e “show” — ou “mundo real” e “mundo confinado” — vão ficando cada vez mais imbrincados. E é isso o que torna o jogo tão atraente, na visão de especialistas. Há duas décadas, época em que ainda nem existiam smartphones, era preciso realizar uma ligação telefônica, ao custo de uma chamada local, para computar o voto no participante que se desejava eliminar. E, pronto, terminava aí a ação que cabia ao espectador.

Hoje, o público se reúne por meio das redes sociais para promover campanhas e mutirões de votos, realizados gratuitamente através do site do programa. Votar no BBB deixou de ser um simples ato individual. É preciso angariar torcidas e alimentar, no universo digital, certas intrigas espelhadas na tela da televisão. A TV Globo instituiu, neste ano, duas modalidades de voto — o “único”, por CPF; e o “geral”, sem limitação de quantidade —, para equilibrar a força das torcidas organizadas, mas reconhecendo a impossibilidade de embarreirá-las totalmente.

— Mobilizar torcidas é uma característica do BBB. Não existe jogo sem torcedor. De tempos em tempos, o que acontece é que temos um elenco e personagens que tocam e emocionam ainda mais as pessoas. Isso, quando somado ao desejo de jogar, faz a diferença. BBB é paixão. E quando isso acontece dentro da casa, extrapola e se une a outra característica desta edição: uma representatividade cultural ampla — comenta o diretor artístico Rodrigo Dourado. — Não à toa, tivemos a final com representantes do Norte, Nordeste e Sul. Foi um número recorde de brothers e sisters (26), com perfis bem diferentes entre si, de regiões, costumes e vivências muito diversos. É difícil citar a principal marca desta edição. Houve uma soma de fatores, e que resultou nesse sucesso.

Realidade transbordada

Nas redes sociais, um programa à parte se desenrolou junto ao reality show. Em 2024, figuras relacionadas a participantes confinados acabaram ganhando mais projeção do que alguns que estavam lá dentro. É um fenômeno novo. Ex-mulher de Lucas Buda (hoje com 936 mil seguidores), a professora Camila Moura arrebanhou, em poucas semanas, 3,1 milhões de seguidores ao anunciar o divórcio do marido enquanto ele trocava flertes com a colega Giovanna Pitel na casa. Namorada do campeão Davi (com quase dez milhões de seguidores), Mani Rego já acumula 2,5 milhões, número muitíssimo superior ao que têm vários ex-BBBs.

Para analistas, o cenário é descortinado com a popularização do que antes era chamado de “pay-per-view”. No Globoplay — em que assinantes têm acesso às câmeras da casa 24 horas por dia —, o reality show é um trunfo. Programa de maior consumo na plataforma, a atração registrou um crescimento de 56% em horas consumidas e aumento de 42% em alcance de usuários, em relação ao BBB 23.

Era por lá que as tais torcidas fisgavam uma sorte de situações para reproduzir nas redes sociais. Momentos polêmicos, como a expulsão de Wanessa Camargo e a desistência de Vanessa Lopes, se tornaram assim temas para pautas além do próprio programa, que, aliás, será disputado em duplas em 2025. Mais uma prova de que o formato é inesgotável.

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