Cultura
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Por — Rio de Janeiro

De chinelo, bermuda camiseta e um cordão de ouro de meio quilo, L7nnon está relaxado numa poltrona na varanda de seu apartamento com vista para o campo de golfe usado na Olimpíada de 2016, emoldurado em paredões de vidro. É num condomínio fechado, na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio, que o rapper recebe a equipe do GLOBO, com um copo d’água na mão e um pé na mesinha de centro.

Com 30 anos recém-completados, o rapper tem muito a comemorar. Seu terceiro disco, o recém-lançado “Irrastreável”, já se aproxima dos cem milhões de streams e chegou a ficar em 3º lugar no ranking mundial de álbuns do Spotify — a principal lista da principal plataforma de música —, atrás somente de Beyoncé e The Academy. O rapper, que já tocou em festivais como Rock in Rio e Lollapalooza, ano passado abriu seu próprio selo, o HHR (Hip Hop Rare), mesmo nome de seu segundo álbum, com que chegou ao grande público.

O sucesso ele atribui a “três pilares”: música, família e skate. Lembrados e revisitados nas 31 faixas de “Irrastreável”, eles estão representados na estante de sua sala com um toca-disco, um retrato com parentes e um shape com seu nome.

— Quis falar sobre a realidade que vivi na infância. Agora, que sou ouvido e visto, posso voltar os olhares para o lugar de onde vim — diz L7nnon, nascido Lennon dos Santos Barbosa Frassetti e criado na região do Barata, em Realengo, Zona Oeste do Rio. — Hoje, minha vida parece um sonho.

L7nnon em sua varanda — Foto: Guito Moreto
L7nnon em sua varanda — Foto: Guito Moreto

‘Me tratam diferente’

A importância de se sentir “visto” é exposta na letra da faixa-título do disco. “Irrastreável/ Mas não no sentido de não se poder encontrar/ É mais sobre/ Às vezes você viver uma vida inteira sem ser notado”, recita ele. L7nnon define a saída dessa invisibilidade como resultado da fama, que o levou a lugares onde antes não era bem-vindo.

— Tinha lojas em que as pessoas me olhavam tipo “quem é esse moleque?”. Conforme fui ficando conhecido, passaram a me tratar diferente— diz ele, admitindo ter prazer em fazer compras. — Casa, carro, roupa, moto, relógio, cordão... Esses dias comprei um perfume, tipo R$ 2 mil. Cheguei em casa e não gostei dele na pele, dei para um amigo. Comprei três motos para mim, mas acabei dando também. Daqui a pouco compro outra (risos).

Essa ostentação, que prefere chamar de “superação”, ele coloca nas rimas do rap. A intenção é mostrar aos mais novos aonde é possível chegar com a música. Romance também tem no repertório — e ele garante que não fica só no papel.

— Gosto de ficar agarrado, fazer carinho, dar presente. Quero casar, ter filhos... Estou com 30 anos, espero que seja antes dos 40 — diz L7nnon, que nas redes tem a vida amorosa investigada e recebe críticas à sua atitude, aparência, música... — Nem ligo mais. Deve ser tristão para quem fala mal ver que a minha parada vai cada vez mais longe e mais alto.

L7nnon parece mesmo estar aberto a falar de sentimentos. Em “Sozinho”, admite a solidão: “Às vezes me sinto confuso, inseguro, tenho medo/ Eu já tentei te explicar/ Carregando o peso do mundo nos meus ombro desde cedo/ Tá difícil suportar”.

Quando começou a se destacar, o rapper conta que encontrava com gente na rua que o abraçava, chorava, e dizia que o amava. Pensava que só estavam querendo agradar, mas com o tempo entendeu que seus versos “falavam com as pessoas”.

— Tinha uma fã que, em todo lugar que eu ia, ela aparecia. Era postar uma foto do lugar, ela saía de São Gonçalo (região metropolitana do Rio) para me encontrar e tirar selfie. Teve um show em que cheguei e ela já estava no meu camarim, antes da minha equipe. É assustador ver gente que te admira assim — conta L7nnon.

Em muitas letras do novo álbum, o rapper lembra de pessoas que se aproximaram por interesse. Será esse o preço da fama?

— As pessoas acham que a gente é super-herói. Mas tenho problemas, minhas questões. Eu me cobro ser forte a maioria do tempo, não posso ficar doente porque tenho que fazer shows e várias pessoas dependem de mim. Em momentos que não estou bem, lembro que ninguém acorda todo dia feliz.

Quando tira a capa do “herói”, bota o skate no pé, às vezes uma prancha de surfe ou uma bola. Nos esportes estão seu ponto de relaxamento e hobbies — ainda não tentou o golfe.

— Só tem o campo aí mesmo, mas tenho vontade, deve ser maneiro. Já pensou, virar profissional de golfe, participar de uns campeonatos, não duvido não (risos) — brinca ele, que é encorajado por um amigo que acompanha a entrevista. — Mas meu hobby preferido é jogar conversa fora, fofoquinha, para fortalecer a amizade.

Ao lado de nomes como Djonga e Filipe Ret, L7nnon é um exemplo de rapper que se destaca no mainstream e já inspira novos talentos, algo que ele vê com orgulho.

— Sou referência para mim mesmo. Para todas as minhas dúvidas, a minha vida é uma solução. Então faz total sentido eu ser referência para outras pessoas — reflete L7nnon.

L7nnon — Foto: Guito Moreto
L7nnon — Foto: Guito Moreto
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