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Realizada por Anna Costa e Silva e Rafa Éis em colaboração com os servidores públicos da Secretaria Municipal da Cultura (SMC), a exposição “Formas de respirar” surgiu de uma imersão de mais de um ano feita pela dupla na sede do órgão. Os artistas participaram da terceira edição da Residência Artística Setor Público (RASP), e desenvolveram com a equipe da SMC uma série de vivências a partir da rotina do local e das experiências pessoais dos servidores, resultando em trabalhos colaborativos em diferentes formatos, como desenhos, fotografias, filmes e instalações.

Muito antes de iniciarem as obras expostas até domingo no Centro Cultural Municipal Sérgio Porto, no Humaitá, Zona Sul do Rio, Anna e Rafa Éis desenvolveram diferentes formas de conexão com os servidores e seu cotidiano, cujo trabalho não poderia ser alterado pela residência.

— O primeiro momento foi um processo de muita escuta, o projeto lida com pessoas dentro de uma rotina de trabalho muito intensa. Não daria para chegar lá e querer parar tudo, era preciso identificar as brechas possíveis para que houvesse essa troca — recorda Anna. — A primeira ação foi uma chamada aberta que fazia por meio de bilhetes deixados nos murais de comunicação, para quem quisesse me trazer um objeto com uma importância afetiva ou ir até um lugar na secretaria com o qual tivesse alguma relação. Meu trabalho já tem essa relação com as pessoas e suas histórias, foi bem conectado à minha prática.

Desenhos feitos por Rafa Éis e registros dos servidores da SMC com  as obras — Foto: Divulgação/República.org
Desenhos feitos por Rafa Éis e registros dos servidores da SMC com as obras — Foto: Divulgação/República.org

A imersão de Rafa Éis, que é responsável pela área de artes visuais da Coordenadoria de Artes e Oficinas de Criação da Uerj (Coart-Uerj), também começou com diálogos com os servidores, que eram desenhados pelo artista em seus locais de trabalho, e depois fotografados com seus retratos.

— Foi interessante a experiência, já que também sou servidor. Ainda que muitos dispositivos e mecanismos desses ambientes sejam comuns, cada contexto é singular — comenta Rafa Éis. — Outro ponto é que estávamos no período de retorno presencial no pós-pandemia. Ainda havia aquela hesitação no cumprimento, de não saber se aperta a mão ou dá um abraço. Como a necessidade de “dar um respiro” era sempre citada nas conversas, acabamos chamando essas proposições de “Formas de respirar”, que virou o nome da mostra.

Anna Costa e Silva e Rafa Éis na exposição — Foto: Divulgação/República.org
Anna Costa e Silva e Rafa Éis na exposição — Foto: Divulgação/República.org

As questões de saúde mental também apareceram nas interações de Anna com os servidores, que propôs que escrevessem cartas a ela, respondidas com mensagens em pequenas garrafas deixadas nos locais de trabalho. Antes de produzirem o filme-instalação “Ventário”, exibido na exposição, a artista e os trabalhadores envolvidos no projeto também criaram espaços de meditação.

— Também sou terapeuta reichiana e, ainda que não atenda, isso sempre se reflete no meu trabalho. Faço terapia desde os 10 anos de idade, essa relação que acontece na clínica me interessa muito. Foi incrível ver pessoas de diferentes áreas experimentando práticas que não são só terapêuticas, mas artísticas também — relata Anna. — Essas experiências pessoais foram transformadas em personagens, a partir de um processo de confiança de eles colocarem seus corpos a serviço do filme.

Após retratar os servidores com grafite e fotos, Rafa Éis “fundou” na secretaria o Setor de Criações Artísticas, um espaço físico dentro do órgão que funcionou, durante o período da residência, para a realização de saraus, apresentações musicais, mostras de filme, entre outras atividades lúdicas.

— O desenho é minha linguagem nativa, mesmo em outros suportes sempre parto dos desenhos. Foi o que busquei para este primeiro contato, trocar momentos de conversas por retratos desenhados — conta o artista. — Depois pudemos criar, no ambiente de trabalho, um espaço para uma suspensão do tempo dos processos cotidianos. Foi enriquecedor por ser com um grupo diverso, com participação de vários setores, com pessoas da limpeza, da cantina. Foi um processo de entrega, em meio a uma rotina cheia de demandas como a deles.

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