A modelo brasileira Gisele Bundchen foi às lágrimas depois de ser parada por policiais em Miami e reclamar da falta de proteção contra os paparazzi. A top gaúcha relatou ao agente que um fotógrafo de celebridades estava "seguindo" a sua Mercedes G-Wagon pelas ruas de Surfside, na Flórida.
— Eu só estava tentando ficar (longe) daquele cara — destacou Gisele, ao receber ordem de parada após cometer uma infração no trânsito. — Estou tão cansada. Aonde quer que eu vá, tem esses caras atrás de mim. Nada me protege. Eu não posso fazer nada. Eu só quero viver minha vida.
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Imagens de câmeras da farda de um dos policiais mostrou o momento em que Gisele reclama da atuação do fotógrafo e cobra a resposta das autoridades. Durante a conversa, o policial diz à modelo que não poderia fazer nada para impedir o paparazzo "de fazer o seu trabalho", ou seja, tirar fotos dela.
— Sim, mas ele está me perseguindo — reclama Gisele, com lágrimas nos olhos, antes de ouvir do policial que deveria registrar uma ocorrência na polícia. — Não sei como isso é permitido.
Gisele não é a primeira celebridade a reclamar da atuação de paparazzi e se envolver em situações de trânsito com profissionais do segmento. A atuação deles, em verdade, é alvo de debates no mundo todo. As discussões ganharam força depois da morte da Princesa Diana, em 1997, num acidente de trânsito em Paris em meio a uma perseguição de paparazzi.
Em 2009, o ator Brad Pitt caiu de moto ao ser perseguido por um paparazzo em Los Angeles. Em 2010, a atriz Lindsay Lohan colidiu com seu Porsche contra um caminhão em Santa Monica, na Califórnia, ao fugir do assédio de dois fotógrafos. Em 2013, um homem morreu após bater com o carro enquanto seguia uma Ferrari branca pertencente ao cantor Justin Bieber. Quem estava ao volante, na verdade, era um amigo do astro.
Na ocasião, Bieber lamentou a morte do fotógrafo e disse esperar que o caso motivasse as autoridades a firmar leis mais claras sobre a atividade em nome da segurança dos famosos, de transeuntes e dos próprios paparazzi. Na época, profissionais do ramo apontaram que um clique de Bieber na condução da Ferrari poderia render cerca de US$ 100 e, no máximo, US$ 500.
Quais as regras?
Afinal, que regras regem a atuação de fotógrafos de celebridades nos Estados Unidos?
Os paparazzi não integram uma única organização e se aproveitam de brechas na legislação. Não há regras, nos Estados Unidos, que barrem a atividade de tirar fotos de celebridades. Aliás, o ofício tem resguardo na ampla proteção nacional à liberdade de expressão, e as limitações ao registro de imagens são excepcionais, sobretudo em vias públicas. Apesar disso, o direito de bater as fotos não é absoluto e está condicionado a outros fatores, como riscos à segurança pública.
As pessoas, mesmo as pessoas públicas, têm uma expectativa razoável de privacidade, de acordo com o entendimento da Suprema Corte dos Estados Unidos. Se o indivíduo está em casa, por exemplo, tem o direito de ser deixado sozinho, o que não se estende à esfera pública de convivência. É permitido tirar fotos de pessoas em público. Não se pode usá-las para promover alguma ideia ou produto sem autorização, mas essa restrição não se aplica para fins de informação.
Cada estado americano tem autonomia para fixar regras sobre a privacidade dos cidadãos. Em Nova York, por exemplo, leis contra o assédio podem ser manejadas para prevenir perseguições automobilísticas. A proteção é mitigada em espaços públicos e quando se trata de pessoas públicas, como Gisele.
Em 2010, a Califórnia aprovou uma lei que estabelecia penalidades para fotógrafos que dirigissem perigosamente para obter cliques de famosos. Meses depois, um juiz do tribunal superior do estado derrubou a legislação por considerá-la "inconstitucional".