Cultura
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Por — Rio de Janeiro

Todo vestido de branco, Leozinho Bradock, um dos cinco filhos do cantor Anderson Leonardo, do Molejo, acompanha o velório do pai, neste domingo. Cercado por amigos e parentes, ele falou sobre a dor da despedida e do apoio que tem recebido desde a morte do sambista, na última sexta-feira, num hospital na Barra da Tijuca, na Zona Oeste do Rio de Janeiro. Também músico, Bradock falou do legado de Anderson e da partida, após cerca de dois anos do tratamento contra um câncer. No início desta tarde, contou que a espiritualidade tem sido uma forma de enfrentar a situação.

— A espiritualidade pra mim é o princípio da minha vida, e eu tô aqui de branco, tô com a paz, rodeado de pessoas da paz, e pra seguir o meu legado também com muita paz. Porque se a gente não tiver paz na nossa mente, nada funciona. Assim, a minha espiritualidade é, foi e está sendo o que de fato está me deixando aqui com essa alegria, com essa força e com tudo isso, com esse peito estufado, com esse semblante, com essa cara, com essa vontade de vencer na vida — disse Leozinho Bradock.

O velório do cantor Anderson Leonardo é realizado no Cemitério Jardim da Saudade, em Sulacap, Zona Oeste do Rio, desde as 11h deste domingo (28). O artista morreu nesta sexta-feira (26), aos 51 anos, por consequência de um câncer na região inguinal.

Anderson deixa quatro filhos, frutos de diferentes casamentos: Alessa, de 30 anos; Leozinho Bradock, de 29, que é mestre de bateria da escola de samba Lins Imperial; Rafael Phelipe, de 28, que toca no Grupo Surpreender; e a caçula Alice, de 3 anos.

O legado na música também ficou para as próximas gerações. Bradock conta do contato da filha de 5 anos, com essa arte e da dificuldade em dar a notícia sobre a morte do avô. A menina não acompanha o velório.

— Imagina só para um pai como é contar para uma filha de 5 anos de idade, que tem a mesma genética nossa, eu tenho uma filha que com 5 anos canta, dança, toca. Então, você imagina pra mim como é ser neto, bisneto, filho, sobrinho, sobrinho-neto, sobrinho-bisneto, né, no caso que a minha tia-avó Elsa Soares, então, assim, ser sobrinho-bisneto, ser bisneto, neto, filho de estrelas da música. Você imagina como é pra mim que estou nesse momento de desenvolver isso, passar pra minha filha uma notícia dessa. Não é algo fácil, né, então assim, é difícil. Foi difícil, minha filha não entendeu. Minha filha não está aqui porque ela não entendeu, e minha filha não merece ver o avô dela do jeito. Eu não quero que minha filha veja o avô dela nesse lugar aqui. Eu quero que minha filha veja o avô dela sempre nas lembranças, a música do vovô careca. Então, a voz do vovô careca está na mente dela como algo alegre — conta Bradock.

O pagodeiro, mais conhecido como Anderson Molejão, se tratava contra um câncer na região inguinal desde 2022. O câncer do sambista foi descoberto em outubro daquele ano. Dois meses depois, ele chegou a anunciar que estava curado. No entanto, em maio de 2023, contou ter tido que retomar o tratamento.

Anderson Leonardo estava internado e apresentou uma piora no quadro de saúde. O artista morreu na última sexta-feira (26). O músico carioca estava internado na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) do Hospital Unimed, na Barra da Tijuca, na Zona Oeste do Rio de Janeiro. Recentemente, colegas realizaram uma campanha, por meio das redes sociais, solicitando que fãs e amigos doassem sangue.

Nascido e criado na Zona Norte do Rio, Anderson viveu cercado pelo samba. Um de seus melhores amigos de infância era Andrezinho, filho do ex-diretor de bateria da Mocidade Independente de Padre Miguel, Mestre André.

No começo dos 90, Anderson e Andrezinho (surdo e vocal) assumiram a banda criada por Bira — produtor musical e pai do cantor — e se juntaram a Claumirzinho (pandeiro e vocal), Lúcio Nascimento (percussão e vocal), Robson Calazans (percussão e vocal) e Jimmy Batera (bateria). Orientados por Bira — que mais tarde também produziria grupos como Revelação, Exaltasamba, Pixote —, misturaram o samba-pop e bem-humorado dos Originais do Samba com as inovações introduzidas no samba de raiz pelo grupo Fundo de Quintal.

— Para mim, que sou pai, perder um filho… estou muito abatido — diz. — A gente está muito baqueado. Não é fácil. É uma perda muito grande. Um dos maiores artistas do país partiu, mas deixou um bom legado. Vamos agora agilizar para lançar o projeto "Paparico", para que não caia no esquecimento.

O trabalho foi gravado no início do ano passado, enquanto Anderson estava em tratamento contra o câncer. Ao menos 13 artistas participam com releituras e músicas inéditas.

— O Anderson sempre será um artista muito virtuoso. Ele teve a ideia de fazermos esse trabalho, parece que já estava se preparando — diz o pai do cantor.

Fãs fazem homenagens

O velório do cantor Anderson Leonardo é realizado no Cemitério Jardim da Saudade, em Sulacap, Zona Oeste do Rio, desde as 11h deste domingo (28). O artista morreu nesta sexta-feira (26), aos 51 anos, por consequência de um câncer na região inguinal.

Apesar do sol forte e das altas temperaturas, antes do início do velório, uma fila já se formava do lado de fora da capela, com pessoas prestando homenagens e cantando músicas do grupo. Algumas até imitavam coreografias.

Entre os fãs que puxavam o coro e as palmas estava Rosane Brito Gomes, de 57 anos, moradora de Pedra de Guaratiba, também na Zona Oeste da cidade, para acompanhar o velório.

— O Anderson é meu amor. Eu conhecia os meninos da banda, já até me botaram no palco. Eu sou fã desde que eles eram pequenos, nos anos 90, quando eu frequentava os bailes e as rodas de samba — conta a carioca. — Ele iria querer música e alegria nesse momento. Agora ele está no andar de cima cantando e tocando o cavaquinho dele.

Fãs de Anderson Leonardo, do Molejo, fazem coreografia na despedida do cantor; o sambista lutava contra um câncer desde 2022 — Foto: Gabriel de Paiva/Agência O Globo
Fãs de Anderson Leonardo, do Molejo, fazem coreografia na despedida do cantor; o sambista lutava contra um câncer desde 2022 — Foto: Gabriel de Paiva/Agência O Globo

O fã Reginaldo Reis, de 61 anos, que acompanhou o grupo Molejo desde o início da carreira, trouxe flores para a despedida do ídolo.

— É um domingo triste, uma despedida dura. Mas vamos seguir vivendo, sem solidão — afirmou.

Um dos grupos mais famosos e irreverentes do pagode dos anos 1990, o Molejo estourou grandes hits em todo o país, como "Cilada", "Caçamba", "Brincadeira de Criança", "Dança da Vassoura", "Paparico" e "Clínica Geral".

Como é o câncer inguinal?

Desde o fim de 2022, quando descobriu um câncer inguinal (na região da virilha), Anderson Leonardo vinha se submetendo a um tratamento para controlar o avanço da doença e aplacar as dores decorrentes dela. Tipo raro de tumor, este câncer está associado a inflamações prolongadas e pode estar ligado à infecção pelo papilomavírus humano (HPV). É mais comum em homens acima dos 50 anos de idade, mas pode acometer jovens.

Dentre os sintomas mais comuns do câncer inguinal, como no caso de Anderson, estão o aparecimento de uma ferida no pênis ou úlcera persistente no local. O homem também pode sentir dores localizadas e notar sangue ao urinar ou ter relações sexuais. De acordo com o Ministério da Saúde, é possível que seja feita uma cirurgia para a retirada do tumor. Quimioterapia e radioterapia podem ser outras opções viáveis de tratamento.

Morre Anderson Leonardo:

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