Cultura
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Por Silvio Essinger — Rio de Janeiro

Os brasileiros são grandes fãs da música do americano Lenny Kravitz, um dos maiores astros do rock surgidos nos últimos 30 anos. E, como muitos deles sabem, Lenny é fã do Brasil, onde tem uma fazenda avaliada em R$ 12 milhões, na região de Duas Barras, município no interior do Estado do Rio e terra natal do mestre do samba Martinho da Vila.

É um belo pedaço de natureza, onde, segundo publicações especializadas, o astro da música produz alimentos vegetarianos de alta qualidade (dieta da qual é adepto) e tem uma luxuosa casa, com academia, piano de acrílico e até uma poltrona que pertenceu ao papa da pop art Andy Warhol.

— Não vou lá desde a pandemia, sinto muita falta da fazenda — diz o músico, em entrevista ao GLOBO, para divulgar seu mais novo álbum, “Blue electric light”, que sai no próximo dia 24.

Lenny diz que tão cedo não deve vir ao Brasil, pois está trabalhando na montagem da turnê do disco, com a qual deve percorrer o mundo ao longo dos próximos dois anos.

— Mas logo que for aí para tocar, o que com certeza farei ao longo da turnê, vou arrumar um tempo para passar por lá. Nunca fiz música na fazenda, mas espero um dia gravar um álbum inteiro nela — sinaliza ele, que, durante suas ausências, tem alugado a propriedade, para interessados, por intermédio do Airbnb, pela módica diária de R$ 18 mil. — Eu gosto de compartilhar, e, se as pessoas querem ir à fazenda e vivenciar tudo aquilo, acho maravilhoso.

Décimo segundo álbum de uma carreira fonográfica iniciada em 1989, com o disco “Let love rule”, e coroada por músicas de sucesso como “Fly away”, “It ain’t over ‘til it’s over” e “Always on the run”, “Blue electric light” chega ao streaming dois dias antes do aniversário de 60 anos de Lenny Kravitz.

— Bem, isso não foi planejado. Simplesmente aconteceu, e eu adorei. É um maravilhoso presente de aniversário antecipado, e estou ansioso por ele — diz o músico, que chega a essa idade com invejável forma física (mês passado, por sinal, ele surpreendeu seus seguidores no Instagram com o vídeo de um exercício aparentemente impossível que combina abdominais e halterofilismo). — Nunca me senti tão bem ou tão jovem quanto agora. Nunca estive melhor em termos mentais, espirituais ou físicos. A quantidade de anos não importa para mim, acho que tenho é muita sorte de estar aqui, vivo. Porque você pode ter 30 anos de idade e estar destruído, pode ter 90 anos e estar jovem e vibrante. Depende de muitas coisas, de muitas escolhas na vida.

Foram quase seis anos desde o seu último álbum, “Raise vibration”, de 2018. Mas, se for olhar bem, defende Lenny Kravitz, “Blue electric light” não demorou tanto assim a ser feito.

— Bem, eu tinha lançado meu álbum anterior, fiz uma turnê que demorou dois anos, aí veio a pandemia e ficamos trancados por um bom tempo — recorda-se. — Mas continuei fazendo música durante a pandemia. Aliás, fiz muita música. E só queria lançá-la quando pudesse voltar a excursionar, é por isso que o disco só está saindo agora.

A vida em aberto

A pandemia, ele conta, o fez ficar quieto em sua propriedade nas Bahamas, sem a necessidade de fazer viagens que o distraíssem:

— Foi algo pelo qual nunca tinha passado, de não precisar estar em algum lugar em determinado momento... a vida estava simplesmente em aberto, e eu passei um bom tempo ocupado apenas com a criação. Na verdade, foram dias maravilhosos no meio de toda aquela loucura.

E foi um tempo que ele usou, em seu estúdio, nas Bahamas mesmo, para terminar o disco “e depois ouvi-lo, consertá-lo, ouvi-lo de novo e corrigi-lo de novo”:

— Eu segui mixando e mixando, e aperfeiçoando o disco. Gosto desse processo de polimento. Para mim, tudo ali está em perfeita ordem, e isso me dá uma sensação boa.

Capa do álbum "Blue electric light", de Lenny Kravitz — Foto: Reprodução
Capa do álbum "Blue electric light", de Lenny Kravitz — Foto: Reprodução

Como tem sido de costume em seus últimos discos, Lenny Kravitz trabalhou apenas com o seu velho parceiro, Craig Ross.

— Ele é o guitarrista mais incrível que você possa conhecer, e merece muito mais reconhecimento do que tem. Além disso, é um excelente engenheiro de som. Nos meus discos, eu cuido da produção e toco os instrumentos. Ele cuida do som e toca guitarra em algumas faixas, temos uma maneira maravilhosa de trabalhar. É muito fácil e instintivo, não requer muita conversa. Craig é meu irmão — elogia.

Amor, Deus, a Humanidade e o poder espiritual

Faixa que dá título ao álbum, “Blue electric light” (algo como “luz elétrica azul”) é, como se poderia esperar de uma definição vinda de Lenny Kravitz, uma música sobre “amor, Deus, a Humanidade e o poder espiritual”. Foi a última canção do álbum que ele gravou.

— Nem sei por que essa faixa apareceu, ela simplesmente veio até mim. E, depois de tê-la gravado, Craig chegou e disse: “Acho que ela deveria dar título ao álbum.” Eu estava pensando em outro nome, mas, no dia seguinte, depois de ouvir a música várias vezes, eu me convenci de que o título do álbum deveria mesmo ser “Blue electric light” — diz. — Às vezes, quando está fazendo algo, alguém tem que te dizer: “Veja o que você fez!” Porque não tem como você saber sozinho.

Cheio de canções dançantes, mais para o funk, algumas delas versando sobre o velho esporte do sexo (como “TK421” e “Let it ride”), “Blue electric light” também carrega no rock em faixas como “Paralyzed” e a alegre “Love is my religion” (“o amor é minha religião”), uma espécie de resposta de Lenny Kravitz para um mundo que ele vê — sem entrar em detalhes — como que entregue a pessoas “absolutamente fora de si”.

— Meu Deus, bastar dar uma olhada no noticiário, é um show de merda! — horroriza-se ele. — No meio de tudo isso, nós temos que defender o amor e a justiça. Acredito que o amor tem a resposta para tudo, mas os seres humanos estão presos ao poder, ao ego, ao dinheiro, ao controle e a todas essas coisas... nós não aprendemos. O que eu digo nessa música é que o amor é a minha religião, o amor é o meu Deus.

À beira dos 60 anos, contudo, Lenny Kravitz não tem muito mais do que reclamar da vida. Ele começou o ano sendo indicado, ao lado de Mary J. Blige, Oasis, Dave Matthews Band, Cher, Mariah Carey, Kool & the Gang e outros, a uma vaga no Rock’n’Roll Hall of Fame.

E, em março, ele ganhou a sua estrela na Calçada da Fama de Hollywood, em frente ao prédio da Capitol Records, numa cerimônia em que a sua filha, a atriz Zöe Kravitz, fez homenagens ao pai sem perder a chance de uma piada: “Vi a maneira como você aparece e cuida das pessoas que ama. Eu vi sua incrível dedicação à sua arte. Mas principalmente, eu vi através de suas camisas (transparentes). Afinal, de acordo com o que diz meu pai, se não expõe seus mamilos, não é uma camisa.”

De influenciado a influência

Hoje, Lenny Kravitz não é mais um colecionador de influências do rock, do funk e do soul dos anos 1970 e 80 — ele é, em si mesmo, influência para as novas gerações.

— As pessoas vêm até mim e falam sobre como foram influenciadas por mim e é maravilhoso, já que eu mesmo cresci sendo influenciado por pessoas que vieram antes. É bom ter vivido o suficiente para ver isso, é disso que trata a existência. Estamos todos aqui para inspirar uns aos outros — reconhece. — Estou aproveitando todos os momentos. Os momentos são preciosos.

E Lenny tem aproveitado tanto que, no dia da entrevista, ainda não tinha tido tempo de ouvir o novo álbum de Beyoncé, “Cowboy Carter”, incursão da artista pela música country — que pode dizer algo a um artista negro, como ele, que passou décadas fazendo sucesso com uma música vista por muitos como branca (o rock):

— Bem, acho isso maravilhoso, porque a música country vem principalmente dos negros, assim como o rock’n’roll. Nós devemos preservar a nossa herança, devemos ensinar às pessoas a verdade sobre a origem de certas músicas. A música é para todos, mas acho que temos que conhecer a história da música.

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