Cultura
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Por — Rio de Janeiro

Nenhum outro balé na história da dança tem a capacidade de enfeitiçar plateias como “O lago dos cisnes” faz. E quando a montagem da obra-prima russa, com música deliciosamente grudenta de Tchaikovsky, é feita com todo rigor, a experiência artística da plateia é imbatível. É esta a sensação diante da nova produção do chamado balé dos balés, em cartaz no Theatro Municipal do Rio, até o próximo dia 26, com ingressos esgotados.

Balé e Orquestra Sinfônica da casa estão juntos —e muito afinados — nesta montagem que abre a temporada oficial de dança de 2024, exatos dois anos depois da última versão de “O lago dos cisnes” apresentada ali. Se, em 2022, os corpos artísticos vinham de dois anos parados por conta da pandemia de Covid-19, e a garra dos intérpretes compensou alguns deslizes, agora tudo está em perfeita sintonia. E uma das razões, com certeza, foi a boa temporada de 2023, incluindo a montagem integral de “O corsário”, em dezembro.

Primeiros bailarinos, solistas e corpo de baile reluzem em cena, embalados pelos temas musicais de Tchaikovsky. Além da poderosa trilha, o segredo do sucesso da obra centenária dos coreógrafos Marius Petipa e Lev Ivanov é a variedade e complexidade de suas danças, tão bem celebradas nesta versão: são duos, trios e quartetos rebuscadíssimos que fazem os solistas se sobressaírem; o papel duplo e antagônico da bailarina principal (a cisne Odette e a malvada Odile); as chamadas danças de caráter inspiradas em passos folclóricos; e, sobretudo, a delicadeza extrema dos atos brancos, em que as bailarinas-cisnes parecem flutuar, carregando o público para um mundo dos sonhos.

'O lago dos cisnes': montagem no Theatro Municipal aquece temporada de dança no Rio — Foto: Leo Martins
'O lago dos cisnes': montagem no Theatro Municipal aquece temporada de dança no Rio — Foto: Leo Martins

Aplausos efusivos

Nas pré-estreia e estreia, os dois casais de bailarinos principais escalados mostraram muita competência para dar conta da história do príncipe Siegfried que se apaixona pela princesa-cisne enfeitiçada Odette, mas a trai enganado pelo bruxo Rothbart e sua filha Odile. A jovem promessa Manuela Roçado exibiu uma segurança incomum como Odette-Odile ao lado de Filipe Moreira na pré-estreia para convidados, enquanto Juliana Valadão e Cícero Gomes mostraram toda a maturidade e o entrosamento de uma dupla que atualmente roda o Brasil inteiro dançando estes e outros papéis do repertório clássico.

Nos dois dias, o Municipal veio abaixo várias vezes, com o público reverenciando os momentos mais desafiadores tecnicamente e a comunhão das bailarinas-cisnes. Vale ressaltar o trabalho da ensaiadora dos solistas principais, a primeira bailarina Áurea Hammerli, cujas mãos cuidadosas podem ser sentidas nos mínimos detalhes da execução dos passos.

As soluções caseiras, por sinal, mostram a força e o peso da história quase centenária do Balé do Municipal. A montagem é assinada por Hélio Bejani e Jorge Texeira, respectivamente diretor e maître de ballet da companhia, que nos últimos anos se tornaram os principais remontadores da casa. Ao lado deles estão as experientes ensaiadoras Mônica Barbosa e Celeste Lima, também dos quadros da companhia. E reforçando o time de bailarinos, há jovens estudantes da Escola de Dança Maria Olenewa. Figurinos (impecáveis) e cenários são do acervo do Municipal. A regência da Orquestra Sinfônica é de Tobias Volkmann.

Falta de educação

No entanto, há pontos dissonantes desta produção de “O lago dos cisnes”, que não estão em cena. Na plateia, a falta de educação do público continua chamando a atenção, com celulares insistentemente ligados para filmar os artistas, apesar dos avisos de proibição do uso durante a apresentação. É importante que a direção da casa promova ações mais enérgicas para coibir quem atrapalha a fruição do vizinho.

Outra questão sensível é a frustração do público que não conseguiu comprar ingressos e que vem enchendo as redes sociais do Theatro Municipal de comentários de descontentamento. Segundo nota da direção, os ingressos para as nove récitas terminaram no mesmo dia em que a vendas abriram: eram 11.743 ingressos para nove apresentações. Numa conta simples, foram colocados à venda 1.304 ingressos por récita, quando a lotação total do teatro é de 2.240 lugares. Ainda de acordo com o Municipal, estes 8.424 ingressos que não chegaram ao público comum foram distribuídos para autoridades (camarote do Presidente da República, governador, Alerj e Tribunal da Justiça do Rio de Janeiro), projetos sociais e escolas, cotas de patrocinador e da Associação de Amigos do Municipal, e para os funcionários da casa.

Diante de tanta procura e do sucesso da nova temporada, fica a pergunta: não seria o caso de programar mais apresentações?

Cotação: ótimo

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