Cultura
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Por , Em AFP — Cannes, França

Os cineastas argentinos presentes no Festival de Cannes estão criticando os cortes na cultura feitos pelo presidente ultraliberal Javier Milei, uma "cruzada" que, segundo eles, terá um grande impacto no cinema.

A edição deste ano do festival de cinema mais importante do mundo inclui sete filmes argentinos em suas várias seções, o maior contingente latino-americano deste ano. Mas o evento acontece em um contexto difícil no país, imerso em uma grave crise econômica que o governo de Milei quer enfrentar reduzindo os gastos do Estado.

No caso do cinema, um corte severo foi imposto à instituição que o promove — o INCAA — com a suspensão de programas de apoio, a demissão de mais de um quarto de seus funcionários e a interrupção do recebimento de projetos por 90 dias.

Arma patriótica

Os organizadores do festival criticaram desde o início esses cortes e apoiaram a causa dos profissionais. Delegado geral do festival, Thierry Frémaux defendeu o cinema como uma "arma patriótica" que pode melhorar a cultura de um país e comparou "a difícil situação" da indústria cinematográfica argentina com a boa tendência do setor no Brasil.

A Quinzena dos Diretores, uma seção paralela com foco em novos talentos, também apoiou o cinema argentino, "hoje em perigo, embora esteja repleto de cineastas únicos e empolgantes". É exatamente nessa mostra que Hernán Rosselli participa com "Algo viejo, algo nuevo, algo prestado" ("Algo velho, algo novo, algo emprestado", na tradução literal), um filme que foi aplaudido pela crítica.

— Estamos orgulhosos de como funciona a lei do cinema e como funciona a promoção na Argentina, que é realmente única na América Latina — disse o diretor à AFP. — Tanto a educação pública quanto o funcionamento da lei do cinema possibilitam que a Argentina tenha um cinema muito heterogêneo, um cinema de classe média e de classe trabalhadora.

Os profissionais do setor insistem que a indústria cinematográfica é uma fonte de trabalho para muitas pessoas e criticam o discurso do governo que, segundo eles, classifica os artistas como "parasitas do Estado", como denunciou recentemente a atriz Cecilia Roth.

— A primeira coisa que eles decidem cortar tem a ver com a cultura, e a cultura representa um país, a cultura também é uma indústria e há uma indústria cultural que gera empregos e sustenta famílias inteiras — diz Iair Said, cujo filme "Sundays more people die" está incluído na mostra ACID, de Cannes.

"O governo embarcou em uma cruzada contra a cultura, a ciência e a educação", disseram os profissionais do cinema argentino em um comício em Cannes no domingo, onde exibiram uma faixa gigante com o slogan "Cine Argentino Unido" (Cinema Argentino Unido). "A indústria cinematográfica não é apenas uma questão econômica, dada a importância mínima dos cortes propostos para as finanças públicas, só podemos pensar que essas ações são um ataque ideológico", acrescentaram.

Futuro sombrio

Essas medidas terão, acima de tudo, um grande impacto sobre a futura produção cinematográfica do país.

2024 "é um ano perdido para o cinema argentino porque, durante a primeira parte do ano, o INCAA ficou completamente paralisado", diz Rosselli, que teme por um "futuro sombrio".

— Os filmes continuarão a ser feitos com muito esforço, porque os cineastas não deixarão de filmar, mas a indústria cinematográfica, o trabalho no cinema, sofrerá muito — reitera.

"É muito provável que os festivais de cinema dos próximos anos tenham pouca ou nenhuma representação argentina", de acordo com os profissionais que se manifestaram em Cannes.

— Este é o momento crucial em que você tem que levantar a cabeça e lutar com o dobro de esperança, porque quando há um grande inimigo na sua frente, o desejo de lutar se torna muito grande — diz o ator Lorenzo Ferro, estrela de "Simón de la montaña", de Federico Luis, exibido na Semana da Crítica.

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