Cultura
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Por — São Paulo e Nova York

Foi há pouco tempo que grandes cidades do mundo (incluindo Rio e São Paulo) passaram a abrigar as chamadas mostras de arte imersiva, em que o visitante era convidado a ocupar uma grande sala tomada por projetores que repetiam — em escala gigantesca – quadros de Van Gogh, Monet ou quem sabe Renoir ao som de peças para orquestra ou músicas instrumentais diversas. A novidade, embora use projetores em vídeo com tecnologia de ponta, já parece soar datada tendo em vista novas criações que usam o combo tecnologia e imersão para criar experiências sensoriais potente — sem, contudo, apoiar-se nas obras de grandes mestres da pintura. A “imersão” da vez é criar imagens nunca antes vistas, com diferentes texturas e colorações.

Símbolo da nova onda, o Museum of Art and Technology Mercer Labs abriu as portas em Nova York em um prédio de pouco mais de 3 mil metros quadrados com a missão de criar os tais ambientes “imersivos”. Ali estão disponíveis 15 ambientes para visitação. Em um dos mais impressionantes, chamado de "The Dragon", meio milhão de lâmpadas LED comandam um balé flamejante de cores e brilho em uma sala tomada por espelhos, do chão ao teto. As imagens que brotam da sincronia de lâmpadas vão de uma cavalaria azul celeste a cenas de chuva avermelhada, que lembram labaredas de fogo. As obras são todas assinadas pelo israelense Roy Nachum, radicado em Nova York.

Mas não é só. No Japão, o coletivo teamLab inaugurou um museu temporário dedicado a esse tipo de experiência ainda em 2018 e segue em expansão, com mostras em cartaz e em outros endereços na China, Singapura e nos Estados Unidos. Entre outras inovações, a trupe foi capaz de criar diversos tipos de ambientes que vão de jardins ao fundo do mar. Aos que visitaram alguns de seus trabalhos, o veredicto é que a potência visual é tamanha que todo o corpo todo participa da imersão.

— Com a evolução tecnológica e dos sistemas possíveis, abre-se a chance de artistas criarem novas linguagens. Ocorreu o mesmo com o cinema e com a fotografia, novas portas foram abertas conforme o avanço das possibilidades. Porém, dá para dizer que o artistas que vão definir essa nova linguagem (digital e imersiva) ainda vão aparecer, eles estão começando a surgir agora — afirma o curador Marcello Dantas. — Não é esperado que alguém que seja nativo de outra linguagem (como o vídeo e a pintura) consiga migrar para essa nova forma de comunicar-se.

Sala de entrada: montanhas de espuma para deitar — Foto: Mariana Rosário
Sala de entrada: montanhas de espuma para deitar — Foto: Mariana Rosário

Cabe como exceção nesse caso, diz o curador, o britânico David Hockney, que está em cartaz em Londres com uma exibição em que demonstra, por meio de projeções em vídeo, uma instalação inédita que visita seus 40 anos de trajetória na pintura. Trata-se, explica o curador, de um passo incomum para artistas da "velha guarda".

— Ainda é preciso que surja um novo tipo de artista, que vai levar essa linguagem até a última consequência. O teamLab é um dos que nasceu com essa linguagem e ja está anos luz à frente — pontua Marcello.

Desafios aos museus

Esse modelo de exibição não só desafia os artistas como também lança dúvidas aos museus, que precisariam adaptar-se (tanto na linguagem quanto em acomodação de espaço) para exibir esse tipo de criação artística e digital. Um dos reputados endereços que saiu na frente nesse sentido é o Museu of Modern Art (MoMA), também e Nova York. Até o final de 2023, a instituição exibiu a obra “Unsupervised” do turco Refik Anadol, que contava com o desenvolvimento por meio de Inteligência Artificial (AI). Anadol e sua equipe treinaram o programa para ler milhares de obras do museu e assim desenvolver uma releitura da história da arte — sob o olhar da máquina.

Embora funcionasse só como uma tela e não como uma sala para imergir, a animação feita pelo trabalho da AI era exposta numa parede com duas ou três vezes a escala humana. E além disso contava com cores vibrantes e projeções que abusavam da simulação de tridimensionalidade. A conexão com o público era tamanha que a estimativa de tempo médio gasto pelos visitantes no local, dizem pessoas ligadas ao artista, chegava aos impressionantes 30 minutos.

— As pessoas estão investindo dinheiro de verdade, 30 dólares, 40 dólares, para ter esse tipo de experiência de arte. E os museus estão se perguntando “por que não fazemos isso?” As instituições notam que esse tipo de exibição, independente de seu investimento inicial, tem atraído plateias bem diversas. As crianças mesmo adoram — pontua András Szántó, consultor de de estratégia cultural para museus e autor do livro “O Futuro do Museu: 28 diálogos”, lançado no Brasil pela editora Cobogó. — Alguns museus tem feito integrações, mas o maior tipo de iniciativas assim estão acontecendo fora, em outros lugares.

No Brasil

O Brasil, que abraçou fortemente as mostras imersivas, chegando a milhares de pessoas de público, conta com algumas inovações já em andamento em formato diferente ao visto em praças internacionais. O Museu da Imagem do Som de São Paulo (MIS-SP) inaugurou em 2019, no bairro da Barra Funda, um segundo endereço focado especialmente nas imersões mais virtuais. A partir de julho, por exemplo, o local receberá uma mostra dedicada à Catedral de Notre Dame, em Paris. A magia, contudo, ainda dependerá de tablets nas mãos dos visitantes para ocorrer. Porém, há outras inovações.

— Vamos ter uma exposição, em agosto, no MIS Europa (a primeira unidade paulistana do MIS, nos Jardins), em que a inteligência artificial fará com que uma personagem seja capaz de dizer, em vídeo, uma frase que nunca foi dita por ela — anima-se o diretor André Sturm. — Hoje temos acesso a ferramentas que eu nem poderia sonhar há alguns anos.

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