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Por , Em The New York Times

No ano passado, o Festival Cannes serviu como termômetro para o Oscar com a estreia de três filmes que seriam indicados ao prêmio máximo da Academia: “Anatomia de uma queda”, “Zona de interesse” e “Assassinos da Lua das Flores”. Teria a safra de Cannes 2024 a mesma energia?

“Anora”, de Sean Baker, levou a Palma de Ouro da 77ª do festival francês de cinema, na semana passada. Três dos últimos quatro vencedores deste prêmio receberam indicação de melhor filme — “Anatomia de uma queda”, “Triângulo da tristeza” e “Parasita” — e todos eles, como “Anora”, foram distribuídos pelo estúdio Neon.

É uma tendência que posiciona bem o filme, emprestando verniz de prestígio à estridente comédia de Baker sobre uma stripper do Brooklyn que se casa com um ricaço russo. Em 2018, “Projeto Flórida”, de Baker, chegou perto de ser indicado a melhor filme. Se, desta vez, os jurados forem mais receptivos à sua sensibilidade indie, esperem campanhas robustas não só para a direção de Baker, mas como para a atriz Mikey Madison.

Mais incerto, porém, igualmente digno, é o papel do ator coadjuvante Mark Eydelshteyn como o herdeiro com quem a personagem-título se casa. Embora o júri do Oscar raramente recompense jovens atores, esse garoto é um achado total, como uma espécie de Timothée Chalamet russo.

Numa jogada surpresa, o júri de Cannes dividiu o prêmio de melhor atriz em quatro partes, homenageando o principal elenco feminino do musical “Emilia Pérez”. Isso significa que Selena Gomez, integrante do grupo, agora tem um troféu de Cannes que escapou de nomes como Marion Cotillard. Talvez, campanhas mais frutíferas rumo ao Oscar sejam realizadas em nome da protagonista Zoe Saldaña, que nunca teve papel tão robusto, ou de Karla Sofía Gascón, que pode se tornar a primeira atriz trans indicada ao Oscar. A quarta vencedora foi Adriana Paz.

A Netflix comprou “Emilia Pérez” e certamente dará um impulso significativo na premiação, embora o apoio do canal de streaming possa ter desvantagens. É um filme difícil de classificar — partes iguais de drama policial, narrativa de empoderamento trans e musical —, o que o torna difícil de vender nos cinemas. E alguns de seus momentos mais ultrajantes certamente serão lembrados e ridicularizados assim que fizer sua estreia na TV, o que pode prejudicar a sua reputação.

O prêmio de melhor ator em Cannes foi para Jesse Plemons em “Tipos de gentileza”, que acrescenta maior humanidade ao filme maluco de Yorgos Lanthimos, embora sua natureza antológica – Plemons desempenha papéis diferentes em cada uma das três histórias do filme – faça de “Tipos de gentileza” uma perspectiva improvável para o Oscar.

E embora o tão comentado filme de terror “The substance” tenha ganhado um troféu de roteiro em Cannes, é muito mais provável que receba atenção em prêmios pela atuação de Demi Moore como uma atriz levada a extremos à medida que envelhece.

Dois filmes que não conseguiram ganhar um prêmio ou distribuição em Cannes esperam, no entanto, retornar nesta temporada de premiações. A cinebiografia de Donald Trump, “O Aprendiz”, apresenta Jeremy Strong como Roy Cohn em uma performance coadjuvante interessante que um estúdio poderia promover se estivesse disposto a lidar com as ameaças legais do ex-presidente contra o filme. E embora haja críticos e eleitores do Oscar que admiram o grande sucesso da “Megalópolis”, de Francis Ford Coppola, não espere muita força fora de categorias como figurino e produção.

“Furiosa: A Mad Max saga”, que estreou fora de competição em Cannes e timidamente nas bilheterias americanas, deve receber as mesmas indicações técnicas de seu antecessor, “Mad Max: Fury Road” (2016) — embora dessa vez seja improvável que concorra a melhor filme e diretor.

Crítica ao autoritarismo. Diretor de ‘A semente do figo sagrado’ fugiu do Irã para evitar uma pena de oito anos de prisão — Foto: Divulgação
Crítica ao autoritarismo. Diretor de ‘A semente do figo sagrado’ fugiu do Irã para evitar uma pena de oito anos de prisão — Foto: Divulgação

Cannes frequentemente estreia muitos dos possíveis indicados a filmes internacionais, mas o maior concorrente deste ano vem com algumas ressalvas. Não é possível que o Irã selecione “A semente do figo sagrado”, de Mohammad Rasoulof, como a sua candidatura oficial ao Oscar, uma vez que Rasoulof fugiu do Irã para evitar uma pena de oito anos de prisão por fazer filmes que criticam o governo autoritário daquele país.

Mas o estúdio Neon sabe como coordenar uma candidatura ao Oscar por um filme que não será inscrito para melhor longa-metragem internacional — quando a França esnobou “Anatomia de uma queda” no ano passado, o estúdio não se intimidou. Certamente teria ajudado se “A semente do figo sagrado” tivesse levado a Palma de Ouro, mas este ainda é um filme acessível para os jurados que ficarão comovidos com a história do próprio Rasoulof.

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