Cultura
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Por — Rio de Janeiro

Logo no início de “Mundo novo”, filme em cartaz desde a última quinta-feira no Estação Net Rio, em Botafogo, na Zona Sul do Rio de Janeiro, onde neste sábado, às 17h30, acontece uma sessão especial com a presença da equipe, os créditos avisam que o roteiro do longa são do diretor “Alvaro Campos e elenco”, composto por atores majoritariamente negros. Segundo a equipe, esse texto a muitas mãos, premiado no Festival do Rio 2021, foi essencial para a obra ter “sinceridade” ao mostrar o relacionamento entre a advogada negra Conceição (a atriz Tati Villela) e o grafiteiro branco Marcelo (Nino Batista). O casal precisa da assinatura do irmão do rapaz, Charles (Kadu Garcia), para financiar um apartamento no Leblon. Isso expõe profundas estruturas racistas, do núcleo familiar do artista ao sistema bancário que escolhe a quem ceder empréstimos.

—Como o processo se deu durante a pandemia, as leituras eram on-line e começaram com base num primeiro tratamento de roteiro meu — conta Alvaro, que faz menção a limitações em seu script por ser branco e de classe média. —O grosso do nosso elenco é do Nós do Morro (grupo de formação de atores do Vidigal, onde aconteceram as filmagens) e também de maioria negra. Existem limitações óbvias de até onde eu posso ir, quando falamos de um filme antirracista. Então, durante os ensaios, todo mundo foi muito generoso, estavam ansiosos para colocar suas experiências pessoais em debate. E o texto foi sendo retrabalhado, redefinido.

Cena do filme 'Mundo novo' — Foto: Divulgação
Cena do filme 'Mundo novo' — Foto: Divulgação

“Cenas capitais”, diz o diretor, partiram dos próprios atores até mesmo no set. Um exemplo é a criação de uma situação por Melissa Arievo, no papel da empregada doméstica Kelly, que trabalha na casa de Charles, onde se passa a maior parte do filme. Isolada com os patrões em tempos pandêmicos, ela tem uma singela, porém simbólica, conversa ao telefone com a filha, que diz muito sobre as relações de patrões e empregadas no Brasil.

— Debatemos a questão de relacionamentos inter-raciais, de trabalho doméstico, do que significam para a mulher negra, e isso deu aos personagens verdades muito importantes — diz Melissa. —O filme prima por conseguir levar esse debate para o que é mais sensível, o racismo invisível, tudo que é não dito, o silêncio constrangedor, a ironia. O racismo não é só xingamento.

Atuação celebrada

Além do prêmio de roteiro, “Mundo novo” saiu do Festival do Rio de 2021 com o de melhor atriz para a protagonista, Tati Villela. Na época, foi o primeiro longa da carreira dela, antes no elenco apenas de curtas e médias-metragens.

— Conceição é uma mulher que a sociedade insiste em não ver e é quem segura tudo no fim das contas — diz a atriz, que contribuiu com cenas. —Uma das que mais gosto foi a que escrevi com a Leandra (Miranda, que vive uma das irmãs de Conceição), em que consegui defender o amor da personagem.

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