Não há dúvida quanto ao compromisso de Moby com a causa dos animais. o astro da música eletrônica tem as palavras “ANIMAL” e “RIGHTS” tatuadas em letras enormes em seus braços e “Vegan for Life” no pescoço.
— Sou vegano há 37 anos — disse ele à AFP. — Trabalhar em nome dos direitos dos animais é o propósito da minha vida. Não penso mais na música como meu trabalho. A música se tornou um refúgio alegre e calmo.
Moby, cujo nome verdadeiro é Richard Melville Hall, fez um álbum que definiu uma era, 25 anos atrás, e já vendeu mais de 20 milhões de discos em todo o mundo. Agora, aos 58 anos, regressa à Europa para uma turnê de sete datas, com os lucros destinados a oito ou nove organizações de defesa dos direitos dos animais e do clima. Os nomes devem ser anunciados nas próximas semanas.
Crítica ao Radiohead
Nos shows, Moby vai se dedicar a tocar os sucessos – principalmente de “Play” e “18”.
— É o que o público está pagando para ouvir. Quando vou ver minhas bandas favoritas, é muito triste quando elas não tocam as músicas que conheço e amo. Parece egoísmo — argumenta, citando especificamente o Radiohead, que se recusa a tocar seu maior sucesso, "Creep". — A música é ótima, as pessoas gostam dela. Se você pode fazer alguém feliz, por que não tocá-la?
Essa atitude vem de lembranças claras de seu início conturbado em bandas punk de Nova York.
— Lembro de um show em um restaurante chinês, quando éramos quatro pessoas na banda e duas na plateia... Nunca esperei ter uma música que as pessoas conhecessem ou gostassem.
Hoje em dia, o artista passa a maior parte do tempo fazendo lobby junto aos políticos em nome dos animais. Ele diz que há muitas pessoas bem-intencionadas no atual governo de Washington, mas em ano eleitoral elas têm medo de fazer qualquer coisa que possa ajudar Donald Trump a vencer.
— Donald Trump é um verdadeiro sociopata. Ele odeia animais. Sua ex-mulher diz que trouxe um cachorro para casa e ele ameaçou matá-lo. Ele odeia animais porque eles não podem fazer nada por ele — diz.
Moby imagina que a origem de seu veganismo está em sua infância conturbada: o pai morreu ao dirigir alcoolizado, ele sofreu abuso sexual quando criança e sentia vergonha por ter crescido pobre.
— Aprendi desde cedo a não confiar nos humanos, enquanto os animais eram muito previsíveis.
Houve um tempo em que ele se envolvia ainda mais diretamente, visitando os animais enquanto eram levados para o matadouro, “prestando testemunho”, oferecendo momentos de gentileza antes de suas mortes. Mas ele diz que as empresas de carne hoje evitam essa ações transferindo as entregas de animais para o meio da noite.
— Pouca gente está dispostas a acordar às 2h30 para atravessar a cidade e ser uma das três pessoas no frio congelante. Eles venceram essa.
Agora, tenta abordar seu ativismo “de uma forma muito estratégica”.
— Envolve trabalhar em política, filantropia, capital de risco para jovens empresas veganas, mídia — diz. — Tento identificar tudo o que movimenta o status quo e descobrir como posso ajudá-las.