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Por , Em The New York Times

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GERADO EM: 20/06/2024 - 16:27

Kandinsky em Amsterdã: Vida e Obra

A retrospectiva de Kandinsky em Amsterdã destaca a vida e a obra do artista russo, mostrando sua trajetória marcada por guerras e nacionalismo. A exposição reúne cerca de 60 pinturas do artista, incluindo obras icônicas e menos conhecidas, permitindo uma visão abrangente de sua carreira. A mostra também aborda aspectos pessoais de Kandinsky, como seus relacionamentos e sua influência política, oferecendo uma visão única sobre um dos mais renomados artistas modernistas do mundo.

Quando o Hermitage Amsterdam cortou relações com o Museu Hermitage de São Petersburgo, após a invasão da Ucrânia em 2022, muito temeram que a instituição fosse se afastar da cultura russa, ou mesmo dos artistas russos. Mas a diretora do museu holandês, Annabelle Birnie, não quer deixa nenhuma dúvida sobre o motivo da separação.

— A arte russa nunca fez parte da decisão. Foi um boicote econômico que não teve nada a ver com a qualidade da arte russa e dos artistas russos — disse a diretora do museu que passou 15 anos exibindo obras-primas da instituição russa, com exposições dedicadas à fundadora do Hermitage, Catarina, a Grande, e à Casa Romanov.

Para enfatizar este ponto os diretores do museu, rebatizado de H'Art no ano passado, decidiram se reapresentar ao mundo nesta quarta-feira (19) com uma retrospectiva de um artista nascido na Rússia cuja carreira foi moldada pelas forças da guerra e o nacionalismo, e que também cortou laços com a sua terra natal: Wassily Kandinsky (1866-1944).

A mostra, que vai até 10 de novembro, apresenta cerca de 60 pinturas do artista. Quase todas vêm do Centro Pompidou, em Paris, que possui um vasto acervo de cerca de 1.300 itens, incluindo telas, arquivos e o conteúdo de seu ateliê, doado por sua viúva, Nina Kandinsky.

O Pompidou é um dos três museus (juntó com o British Museum, de Londres, e o Smithsonian American Art Museum, de Washington D.C.) que criaram uma parceria com a H’Art para emprestar arte para as suas exposições.

A vida de Kandinsky

Nascido em Moscou, em 1866, e criado em Odesa (na época parte da Rússia czarista, hoje da Ucrânia), Kandinsky deixou a sua terra natal duas vezes. Se tornou cidadão da Alemanha, mas depois regressou à Rússia, antes de partir novamente e acabar na França.

A coleção Kandinsky do Pompidou abrange toda a sua vida artística, desde o momento em que abandonou a carreira de advogado aos 30 anos e se mudou para Munique para estudar pintura, até a sua morte, em 1944. Esses anos foram marcados pela Primeira Guerra Mundial, pela Revolução Russa e pela Segunda Guerra Mundial – todos eventos históricos que afetaram a carreira de Kandinsky.

'Quadro com um arco negro' — Foto: Reprodução
'Quadro com um arco negro' — Foto: Reprodução

Junto com várias obras geralmente expostas no Pompidou, como “Quadro com um arco negro”, do período Cavaleiro Azul, e “On white 2” do período Bauhaus, a mostra inclui paisagens antigas menos conhecidas que ele pintou nas suas viagens por Munique, Veneza, Tunísia e várias cidades holandesas.

A exposição continua com suas primeiras abstrações inovadoras, criadas em Murnau, Alemanha, como parte do movimento Cavaleiro Azul, e passa para suas abstrações mais famosas que abandonaram inteiramente a figuração, incluindo sua pintura final, “Acordos recíprocos” (1942), pendurada em seu funeral acima do caixão aberto.

'On white 2' — Foto: Reprodução
'On white 2' — Foto: Reprodução

“O que gosto na coleção dele é que você pode contar a história de sua vida com ela”, disse Birnie. “Isso o torna muito humano.”

A Primeira Guerra Mundial

Um elemento ausente na narrativa, no entanto, é o relacionamento de uma década de Kandinsky com a colega artista Gabriele Münter, sua amante e confidente artística, com quem viveu em Murnau.

Em vez disso, o tesouro de obras de arte pessoais do Pompidou faz maior referência a Nina Andreevskaya, quem ele se casou em 1916, quando voltou para Moscou. A Primeira Guerra Mundial forçou Kandinsky a deixar a Alemanha, e ele rompeu com Münter, que ficou tão chateada que se recusou a devolver suas pinturas. O caso foi posteriormente a julgamento e ele recebeu alguns trabalhos de volta.

Uma imagem particularmente comovente é a sua pintura de 1917, “Akhtyrka: Nina e Tatiana na varanda”, retratando a sua esposa grávida, com a irmã, na sua dacha, ou casa de campo, em Akhtyrka (hoje Okhtyrka, na Ucrânia). O casal logo teria seu único filho, Vsevolod, que morreria pouco depois, aos 3 anos.

'Artista degenerado'

Em 1922, os Kandinskys trocaram a Rússia pela Alemanha, para que o artista pudesse assumir um cargo de professor na famosa escola Bauhaus, em Weimar. Os anos que se seguiram foram alguns dos mais produtivos — ele criou cerca de 250 telas no estilo Bauhaus.

Mas em 1937, os nazis rotularam Kandinsky como um “artista degenerado” e exigiram que 57 das suas obras fossem retiradas dos museus do país. Ele fugiu novamente, desta vez para a França, onde ele e sua esposa viveram a guerra até logo após a libertação. Kandinsky morreu naquele mesmo ano, três dias antes de completar 78 anos.

Sua esposa, que era cerca de três décadas mais jovem, viveu mais 36 anos e foi a principal guardiã de sua coleção. Ela foi extremamente seletiva ao vender sua arte, oferecendo obras apenas a colecionadores e museus respeitados, disse Angela Lampe, curadora de arte moderna do Pompidou e da mostra H’Art.

'Acordos recíprocos' — Foto: Reprodução
'Acordos recíprocos' — Foto: Reprodução

Nina Kandinsky também desenvolveu uma estreita amizade com Claude Pompidou, esposa do presidente francês Georges Pompidou e, ao longo dos anos, doou suas obras ao estado francês.

No momento da misteriosa morte de Nina Kandinsky em Gstaad, na Suíça (ela foi encontrada estrangulada após um roubo), mais de mil obras de arte permaneciam em suas mãos. Seu testamento afirmava que todas deveriam ser legadas à França, juntamente com o conteúdo do ateliê parisiense de Kandinsky, incluindo paletas de pintura, pincéis e cadernos, além dos escritos.

O fato de tantas obras de um dos mais renomados artistas modernistas do mundo não terem sido vendidas reflete o impacto que a política global teve sobre Kandinsky.

Durante os anos em que viveu na Rússia, Kandinsky quase não vendeu nada, explica Lampe.

— Ele vendeu muito bem na década de 20, na Alemanha, até ser classificado como um artista degenerado. Então o mercado alemão deixou de existir. O mercado para Kandinsky como estrangeiro na França não era grande. Era mais favorável para Picasso, por exemplo — explica, destacando que ele preferiu manter muitas de suas pinturas favoritas. — Algumas dessas obras eram muito importantes para ele, então acho que não queria vendê-las. Isso nos dá uma rara oportunidade de ver toda a evolução de sua carreira, de sua trajetória, com algumas obras-primas realmente absolutas.

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