Lúcia Veríssimo chegou a ter a pressão arterial batendo 19, um patamar considerado de risco, em meio aos momentos de tensão recentes. No último sábado (15), a atriz, cuja última aparição na televisão ocorreu com “Rensga Hits!” (Globoplay), em 2022, viu a fazenda onde mora em Minas Gerais ardendo em chamas, deixando um rastro de destruição. Na confusão, a mãe dela, Yvonne, de 92 anos, sofreu uma queda e segue com assistência médica em razão da idade.
A fazenda da também produtora, localizada na cidade de Chiador, na Zona da Mata, teve quatro alqueires mineiros (cada qual com 48.000 m²) completamente queimados, o que totaliza cerca de 192.000 m². Apesar disso, o que seria o maior prejuízo, para Lúcia, não ocorreu: a floresta, composta de uma área preservada da Mata Atlântica, não chegou a ser atingida.
— Tenho 4,5 alqueires de Mata Atlântica virgem e tiro dela todas as mudas para reflorestamento que venho fazendo há anos e que foi inteiramente queimado. Meu desespero, durante o incêndio, foi justamente que não fosse atingida a mata. Era o que eu suplicava aos bombeiros: que tomassem conta dela — diz a atriz. — Somente uma pequena área dela foi atingida. Mas graças a Deus, a todos os santos e, principalmente, à coragem e técnica dos bombeiros, a mata foi preservada.
Saiba como era a fazenda de Lúcia Veríssimo antes do incêndio
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É dentro da floresta, inclusive, onde foi construída a casa onde moram Lúcia e Yvonne, cerca de 1,5 km distante da entrada principal da fazenda. A atriz conta que precisou ir para São Paulo realizar uma bateria de exames por ter inalado muita fumaça, ficando com o "esôfago todo machucado", além de ter sido exposta a um calor excessivo. Atualmente com 92 anos e depois de ter sofrido uma queda, naquela manhã do incêndio, a mãe da artista requer cuidados extras:
— Graças a Deus, minha mãe não quebrou nenhum osso, mas está acamada por causa das dores causadas pela queda. (Foi) medicada e (conta) com total assistência médica, já que tem 92 anos — afirma.
Uma semana depois do incêndio, Lúcia diz não fazer “a menor ideia de quem fez isso”. De acordo com ela, antes mesmo do dia raiar, ouviu os cachorros atacando pessoas invasoras e levantou para saber o que tinha acontecido, mas não conseguiu ver quem estava na propriedade por conta da parca visibilidade.
Ela afirma, porém, ter ouvido “vozes masculinas que se deslocavam para fora da fazenda, o que concluí que deviam ser caçadores que invadiram a propriedade”.
— Tinha voltado a dormir e acordei com som de estalos de fogo e ele já estava alto na beirada da estrada interna. Foi quando desci correndo e, junto ao meu funcionário (Betinho), começamos a tentar fazer o aceiro para que o fogo não se alastrasse. Mas foi impossível. Entramos por todos os lados e o vento mudava de direção e mandava para outro lado. Conseguimos salvar a capela e o galpão do trator e do trailer dos cavalos. Só que pegou todos os piquetes e o fogo foi se dirigindo para a floresta — conta a artista, que não vê possibilidade fazer uma denúncia formal no momento. — Se você me der uma resposta de que uma denúncia no meio rural e principalmente no meu município terá um resultado, eu corro para formalizá-la imediatamente.
Os alqueires que ficaram totalmente destruídos, conta Lúcia, abrigavam a área onde estava plantada o capim “coast-cross”, considerado ideal para a alimentação dos cavalos. Assim, os equinos ficaram sem comida, temporariamente.
Na fazenda de Lúcia Veríssimo, estruturada sob um modelo sustentável, aliás, nenhum animal é de engorda. “Lá os animais morrem de velhos”, diz ela em um texto sobre a propriedade —nomeada Independência—, e quando estão na velhice, são enviados para pastos especiais, os “asilos”, chamados assim por ela. “Como não como carne, se tenho algum convidado que queira carne de frango, mando comprar na casa do vizinho.”
Mesmo com gado leiteiro bovino e caprino, cavalos, aves de postura (caipiras de campo) e de ornamentação (pavões, angola, galinhas Brahma qualidade perdiz, patos, cisnes, etc.), o forte da fazenda, conta ela, é o plantio de feijão, milho, abóbora, hortaliças e frutas.