Cultura
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Por — Rio de Janeiro

RESUMO

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GERADO EM: 28/06/2024 - 03:30

Show solo de Cezar Mendes com participações especiais no Rio

Cezar Mendes, renomado violonista e compositor, faz seu primeiro show solo no Rio com participações especiais. Amigo de João Gilberto, relembra momentos marcantes e prepara novo disco com colaborações de peso.

Músico de renome, disputado professor de violão e um dos parceiros de composição mais queridos de nomes como Caetano Veloso, Marisa Monte e Arnaldo Antunes, o baiano de Santo Amaro da Purificação Cézar Mendes, de 73 anos, se apresenta esta sexta-feira à noite no Manouche, com ingressos esgotados. É o seu primeiro show, como estrela, no Rio, onde mora desde 2010.

Esse negócio de ser o foco das atenções no palco, por sinal, é recente: mesmo tendo lançado um disco solo em 2018, “Depois enfim”, ele só fez show uma vez, em fevereiro deste ano, em Salvador (Cézar repete a dose no Manouche nos próximos dias 5 e 6, e no Bona, em São Paulo, 15 de agosto).

Um grande cultivador de amigos (“essa porta só fecha de noite, quando vou dormir”, diz, sobre a entrada do apartamento onde mora, em Ipanema), ele fala, com seu jeito caloroso, de quando perguntaram quem iria ser o cantor do seu show:

— Fiquei com tanta raiva que disse assim: “Eu, porra!” Eu não desafino, não semitono...

E, de fato, a noite trará Cézar cantando as suas músicas (a primeira e mais famosa delas, “Aquele frevo axé”, parceria com Caetano, foi gravada por Gal Costa em 1998), mas com o auxílio vocal, em algumas deles, da atriz Sophie Charlotte (sua aluna de violão, sobre quem ele lembra que “já cantou até com Roberto Carlos”, num especial de fim de ano do Rei) e do sambista Mosquito.

No acompanhamento instrumental, estarão o pianista Tomás Improta e o violonista Tom Veloso, filho de Caetano e seu parceiro em “Talvez”, música gravada por Tom e Caetano, que ganhou o Grammy Latino de gravação em 2021 e que até João Gilberto (1931-2019) andou querendo cantar.

Cézar e o pai da bossa nova travaram contato por volta de 2016, quando fez a gentileza de trocar as cordas do violão do mestre:

— Um dia ele ligou, perguntou meu endereço e disse que estava vindo. Rapaz, eu tive uma dor de barriga! Liguei para Marisa (Monte): “O que é que eu faço?” E ela: “Bote um disco aí e espere ele.” Botei um de Ella (Fitzgerald) cantando Cole Porter, mas a cantora favorita dele era Sarah Vaughan!

Parecia o fim, mas foi o começo de uma amizade. João começou a frequentar o apartamento de Cézar para ver lutas de MMA, comer acarajé e ouvir seu violão.

— Essa música (“Talvez”), ele me fazia tocar 30, 40 vezes. E tinha sempre a mesma piada: “Ligue para Gracinha (Gal Costa), vamos salvar um disco dela!” E eu: “Não, quem vai gravar essa música é Tom e Caetano.” João não tocava mais, estava muito debilitado, com o bracinho fino. Mas um dia eu saí do banheiro, deixei o violão aqui em cima e, quando ouvi o som era ele tentando tocar essa música — revela Cézar, que chegou a fazer com Arnaldo Antunes a canção “João”, gravada por Arnaldo no álbum “O real resiste”, de 2020. — O João chorou quando eu toquei essa pra ele.

Cézar Mendes é o sétimo de oito irmãos — Roberto, um ano mais novo que ele, tornou-se também um exímio violonista e compositor, gravado por Maria Bethânia. Na juventude, Cézar foi tentar a sorte em Salvador e sobreviveu dando aulas de violão de manhã até a noite.

— Composição, eu não acreditava que tinha condições de fazer — diz ele, que em 1998 viu sua vida mudar. — A Paulinha (Lavigne, mulher de Caetano Veloso) disse assim: “Cézar, faça uma música para Caetano.” Entrei num ônibus para Itapuã, onde morava, e aí veio a melodia inteira na cabeça. Assoviei a música para Caetano, era fim de ano, ele foi para Nova York, encontrou Gal na rua, ela perguntou por música e ele disse: “Tô fazendo uma com Cezinha.”

Sem pressa de compor

Com movimentos limitados pelo Parkinson e por uma Covid (“que tive e não soube que tive”), Cézar Mendes passa os dias em casa, dando algumas aulas de violão, e compondo à distância com fiéis parceiros que respeitam suas regras (“todo mundo tem que letrar minhas melodias, não sigo letra de ninguém, porque aí você fica preso”). Todos sabem que, com Cézar, a música só sai quando tem que sair.

— Sou compositor de poucas músicas, mas com (José Carlos) Capinan eu fiz oito de uma vez. Ele é parceiro de Roberto, meu irmão. Quando eu dizia que queria falar com Capinan, Roberto dizia: “A lua está linda.” Escrotíssimo! — recorda-se, entre risos. — Então, peguei o carro e fui até Capinan e fizemos as músicas. Claro que a primeira pessoa pra quem liguei foi o Roberto, pra sacanear.

Hoje, Cézar diz se sentir tão à vontade para compor com Capinan, de 83 anos, quanto com Tom Veloso, de 27:

— O Tom é um poeta inacreditável. Djavan diz assim: “Esse menino parece um poeta de 60 anos!” E é mesmo. Nunca teve uma angústia, não teve nada, e escreve essas coisas... Tom herdou de Caetano tudo que você pode imaginar. É crítico até a alma.

Algumas das novas composições estarão num disco que ele planeja gravar com a produção e arranjos de Mário Adnet. Diferentemente de “Depois enfim”, em que teve suas composições cantadas por Djavan, Marisa, Caetano, Arnaldo, Adriana Calcanhotto, os portugueses António Zambujo e Carminho, e até Fernanda Montenegro, Cézar vai cantar a maior parte das faixas. As exceções, ele vai abrir para Fernanda (ainda mais excepcionalmente cantando uma que não é sua, “Por causa de você”, de Dolores Duran e Tom Jobim), Tom Veloso, Sophie Charlotte, Dora Morelembaum (“ela é Gal quando começou”) e Zé Ibarra.

— Quando o compositor canta, é mais real. Pouquíssimos obedecem a sua melodia... — ensina.

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