Cultura
PUBLICIDADE
Por — Rio de Janeiro

Eddie Murphy tinha 19 anos quando fez sua estreia na TV, no programa “Saturday Night Live”, recém-saído do ensino médio, e 22 quando assumiu nos cinemas o papel de Axel Foley, agente do departamento de polícia de Detroit em meio a uma investigação que o leva até Beverly Hills, na Califórnia, em “Um tira da pesada” (1984), de Martin Brest. O longa faturou na época impressionantes US$ 316 milhões nas bilheterias de todo o mundo, rendeu continuações em 1987 e 1994, e ajudou a transformar o ator em astro global. Quatro décadas depois do début na pele do personagem, Murphy retorna ao papel em “Um tira da pesada 4: Axel Foley”, dirigido pelo estreante Mark Molloy, agora no streaming.

No filme, que faz sua estreia nesta quarta-feira (3) na plataforma da Netflix, Murphy, no alto de seus 63 anos, continua sendo visto em muitas cenas de ação. Sobre o segredo para tanto, é honesto:

— Usei muitos dublês — diz o ator, de forma bem-humorada, em entrevista ao GLOBO via Zoom. — Fazia o início da cena, o dublê vinha e dava suas piruetas, e eu só aparecia no fim respirando ofegantemente. É a magia de Hollywood. Ou a palhaçada de Hollywood (risos).

O ator conta que, durante as três décadas desde o terceiro filme, continuou tentando retornar ao personagem, mas sem nunca encontrar uma história boa o bastante.

— Sinto que o terceiro filme não foi tão bom como os dois primeiros. Então, quando decidi fazer um quarto, eu falei que só faria quando tivesse o roteiro certo, no momento certo. Foram mais de 20 anos até que recebesse um roteiro que parecesse bom — conta Murphy. — Li entre oito e dez roteiros ao longo dos anos e nunca sentia que era o certo. O estúdio me ligava e falava “temos um roteiro”, mas eu não via isso.

Axel Foley fez história no cinema ao trazer um “herói de verdade”, que apanha, sofre, se diverte e se atrapalha, sem a “perfeição” (especialmente no condicionamento físico) de outros heróis da ação da década de 1980, como Arnold Schwarzenegger e Sylvester Stallone. Para Murphy, não foi difícil voltar ao personagem. Afinal, “ele nunca foi embora”.

— Não foi difícil retornar porque o primeiro filme é exibido o tempo inteiro aqui nos Estados Unidos. Na TV, no streaming, o filme simplesmente não desaparece. — se diverte o astro. — É incrível ter filmes que nunca vão embora e perceber que as pessoas querem ver mais. Muitas delas nem tinham nascido na época do lançamento do primeiro filme e estão descobrindo agora.

Solto e relaxado

Em “Um tira da pesada 4”, Murphy reencontra em cena os atores Judge Reinhold e John Ashton, que também integravam o time do original. O elenco também conta com novidades como Taylour Paige, Joseph Gordon-Levitt, Paul Reiser e Kevin Bacon.

— Quando fiquei sabendo sobre o projeto, tive a impressão de que seria uma refilmagem, e que Eddie não estaria envolvido. Não me pareceu a melhor ideia. Mas aí me avisaram: “Não, Eddie interpretará Axel e você será o vilão.” Amei a ideia — destaca Bacon, de 65 anos, ao GLOBO. — Foi incrível trabalhar com Eddie. Ele é tão solto, tão relaxado. Gostaria de ser mais relaxado, não pensar tanto na hora de atuar. Ele fez com que me sentisse mais solto em cena.

Kevin Bacon e Eddie Murphy em cena de "Um tira da pesada 4: Axel Foley' — Foto: Divulgação / Netflix
Kevin Bacon e Eddie Murphy em cena de "Um tira da pesada 4: Axel Foley' — Foto: Divulgação / Netflix

E foi desse jeito divertido, solto e relaxado que Murphy conquistou Hollywood e sua base de fãs. O astro construiu uma galeria de personagens queridos e populares, seja como o detetive irresponsável de “O rapto do menino dourado” (1986), como o príncipe rico que finge ser pobre em “Um príncipe em Nova York” (1988), como o professor de bom coração que se torna uma pessoa pior quando emagrece em “O professor aloprado” (1996), ou mesmo emprestando sua voz para figuras da animação como Mushu, em “Mulan” (1998), ou o burro, em “Shrek” (2001).

A proximidade com o público rendeu a Murphy muitos frutos. Somados, seus longas arrecadaram cerca de US$ 10 bilhões mundialmente. O mesmo reconhecimento não teve de premiações. Recebeu um único Emmy (melhor ator convidado por participação no “SNL”, em 2020) e teve apenas uma indicação ao Oscar, em 2007, como melhor ator coadjuvante por “Dreamgirls: em busca de um sonho” (2006). Há cinco anos, chegou a ser cotado para uma nova indicação, que acabou não vindo, por “Meu nome é Dolemite” (2019).

A vida de Eddie Murphy nunca mais foi a mesma depois que iniciou sua trajetória artística no “Saturday Night Live”, em 1980. O comediante surgiu como um furacão no programa, que sofria com baixos números de audiência e a saída de nomes lendários como Dan Aykroyd, John Belushi e Chevy Chase. Criado em 1975, o “SNL” parecia destinado ao cancelamento até ressurgir com o humor ácido, ágil e acessível de Murphy.

Com o sucesso nas telinhas, o astro logo chamou a atenção de Hollywood e foi convidado para estrelar seu primeiro longa, a comédia de ação “48 horas” (1982), ao lado de Nick Nolte, o que mostrou para a indústria que Murphy também poderia render como um ator de ação, o que é confirmado com “Um tira da pesada”.

Eddie Murphy e Taylour Paige em cena de "Um tira da pesada 4: Axel Foley" — Foto: Divulgação / Netflix
Eddie Murphy e Taylour Paige em cena de "Um tira da pesada 4: Axel Foley" — Foto: Divulgação / Netflix

Nesta nova sequência, Axel visita a Califórnia para ajudar a filha Jane (Taylour Paige), advogada envolvida em um caso perigoso ligado à corrupção na polícia de Beverly Hills. Ao mesmo tempo em que tenta retomar a relação com a jovem, com quem não se dá bem, ele busca descobrir quem está por trás das ameaças à mocinha.

— Vi que tínhamos um bom roteiro quando inseriram a relação de Axel com sua filha. Me interessou essa coisa de resolver um crime e ao mesmo tempo tentar corrigir uma relação pessoal. Toda essa pegada emocional fez o filme fazer sentido para mim — conta Murphy.

Além da filha da ficção, o ator divide cena com a filha real Bria Murphy e com o genro Michael Xavier. Um de seus dez filhos, Bria, de 34 anos, faz uma pequena participação como uma policial de Beverly Hills que prende Axel. Xavier também vive um oficial na obra. Detalhe: quando rodou o filme original, Murphy tinha 22 anos, era solteiro e sem filhos. O caçula, Eric, de 35 anos, nasceu quando o ator tinha 28 anos, fruto do namoro com Paulette McNeely. Ele se casa aos 32, em 1993, com Nicole Mitchell Murphy, com quem tem cinco filhos, e permanecem juntos até 2006. No momento, Murphy vive um relacionamento com Paige Butcher, com quem tem dois filhos, o último nascido em 2018. Os outros dois filhos foram frutos de relacionamentos passados. O ator, por sinal, teve namoros muito comentados, como os vividos com Whitney Houston, nos anos 1980, e Mel B, das Spice Girls, em 2006.

Tempo e espaço

O ator garante que os fãs do personagem não precisarão ficar mais 30 anos esperando por uma continuação, que já está sendo desenvolvida por ele e pelo produtor Jerry Bruckheimer.

— Com certeza iremos fazer outro “Um tira da pesada” — garante. — Já estão, neste momento, desenvolvendo um novo roteiro e assim que ficar pronto e parecer correto, sei que todo mundo vai querer voltar. Estou completamente disposto a voltar para um quinto filme.

Quem também não pode esperar para retornar é John Ashton. Após interpretar o detetive John Taggart em “Um tira da pesada” e “Um tira da pesada 2”, ele ficou de fora do terceiro por conflitos na agenda e por não concordar com a troca de produtores, mas está de volta para o quarto.

— Ficamos muito próximos trabalhando no primeiro filme, quando estávamos desenvolvendo estes personagens. Foi incrível reencontrar os caras (Murphy e Judge Reinhold) em cena. Parecia que nunca tínhamos deixado esses papéis — destaca Ashton, de 76 anos. — É incrível ver o carinho das pessoas por este filme. Me param na rua falando que mal podem esperar pelo novo, adoraria fazer mais.

De fã a colega

Nascido em 1981, quando Murphy já fazia sucesso na TV americana, Joseph Gordon-Levitt lembra de como foi crescer com os filmes do hoje colega de cena.

— Fui apresentado ao Eddie por meu irmão mais velho, que era um grande fã de seu trabalho no “SNL” e de seus stand-ups. Cresci assistindo a “Um tira da pesada”. E também gostava muito de “Trocando as bolas” (1983). Eram filmes que faziam piada com os ricos e poderosos, acho que isso era um diferencial dele — cita Gordon-Levitt, de 43 anos. — Eddie é um comediante que não tem nada a provar, ele não precisa ficar fazendo todo mundo rir o tempo todo. É uma pessoa tranquila. Trabalhar ao lado dele em um filme significou muito para mim.

Mais recente Próxima Tiago Abravanel se reinventa em ‘Hairspray’ e garante: ‘Depois do BBB, não tenho medo de mais nada’
Mais do Globo

Herança dos povos que habitavam a costa do Brasil na época do descobrimento, peça deve ser exposta ao público pelo Museu Nacional em agosto

Ancião sagrado: manto Tupinambá, que foi devolvido ao Brasil pela Dinamarca, 'pediu' para ser trazido de volta; entenda

Três dos 66 passageiros dos dois veículos conseguiram escapar antes que eles caíssem no rio Trishuli

Mais de 60 estão desaparecidos após deslizamento de terra arrastar ônibus no Nepal; vídeos

Armas são invisíveis e silenciosas; relação entre países está cada vez mais tensa

Coreia do Sul vai usar lasers 'Star Wars' contra drones norte-coreanos

Homem e mulher são acusados de tentar enviar informações sigilosas para Moscou; eles podem enfrentar até 15 anos de prisão

Casal acusado de espionar para a Rússia é detido na Austrália

Time ficará uma rodada sem jogar e pode aproveitar período para se adaptar melhor às ideias de Mano Menezes

Criciúma x Fluminense: Intensidade na reta final aponta caminho para reação no campeonato; leia análise

Pesquisador da Universidade de Yale publicou vários livros comentando seus avanços e descobertas ao longo desses anos

Médico que ficou oito anos sem tomar banho revela efeitos no corpo; entenda

O incidente ocorreu nos Alpes italianos; a vítima, de 41 anos, estava de férias com sua família

Mulher cai 150 metros e morre após roupa prender em teleférico, na Itália

Meia alvinegro deixou o gramado logo após sentir a coxa em cobrança de penalidade

Eduardo, do Botafogo, não foi o primeiro: relembre outros jogadores que se lesionaram no momento do pênalti

Vencedores de concorrência digital de quase R$ 200 milhões na pasta eram conhecidos antecipadamente

Licitação da Secom faz reviver espectro da corrupção nas gestões petistas

As prisões são incomuns, mas não inexistentes

Presos por racismo