George Clooney, arrecadador de fundos democratas, pede desistência de Biden: 'A única batalha que ele não pode vencer é contra o tempo'

"A única batalha que ele não pode vencer é a luta contra o tempo", escreveu Clooney. "É devastador dizer isso, mas o Joe Biden com quem eu estava há três semanas na festa de arrecadação de fundos não era o Joe 'grande coisa' Biden de 2010. Ele não era nem mesmo o Joe Biden de 2020. Ele era o mesmo homem que todos nós vimos no debate.”

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Clooney, que no mês passado organizou uma arrecadação de fundos de US$ 28 milhões (equivalentes a mais de R$ 150 milhões na cotação atual) em Hollywood para Biden, que sua campanha disse ser a maior já feita para um candidato democrata, é de longe a figura de maior destaque entre os democratas a pedir que o presidente encerre sua campanha.

A campanha de Biden planejou a festa de arrecadação de fundos em Hollywood em torno da agenda de Clooney, de acordo com uma pessoa que ajudou a organizar o evento e insistiu no anonimato para discutir os preparativos. O evento exigiu que Biden voasse de uma reunião do G7 na Itália para a Califórnia e de volta para Washington em um curto período. Mais tarde, Biden culpou o jet lag dessa viagem por sua letargia nos dias que antecederam ao primeiro debate e por seu fraco desempenho durante o mesmo.

O artigo de opinião foi publicado poucas horas depois que a deputada Nancy Pelosi, ex-presidente da Câmara dos Deputados que continua influente na política democrata, sugeriu durante uma entrevista na televisão que "cabe ao presidente decidir se vai concorrer".

Biden e seus principais assessores têm insistido que ele permanecerá na disputa até o fim. Na segunda-feira, ele disse aos principais doadores que não falaria mais sobre o debate — embora tenha tocado no assunto novamente durante uma chamada de vídeo com prefeitos democratas na noite de terça-feira.

Clooney escreveu no New York Times o que muitos democratas têm dito entre si e em conversas sigilosas com repórteres desde o debate, há quase duas semanas — que Biden ameaça não apenas suas próprias chances em novembro, mas também as de outros democratas na votação.

"Não vamos vencer em novembro com esse presidente", escreveu Clooney. "Além disso, não ganharemos a Câmara e perderemos o Senado. Essa não é apenas a minha opinião; essa é a opinião de todos os senadores, membros do Congresso e governadores com quem conversei em particular. Todos eles, independentemente do que digam publicamente."

A debandada do ator ocorre depois que Biden parece ter estancado parte do sangramento dentro das fileiras democratas. Mas a combinação da sugestão de Pelosi de que ele tinha uma decisão a tomar e um doador democrata famoso e querido pedindo que ele desistisse provavelmente desencadeará uma nova rodada de perguntas desagradáveis para Biden e sua equipe.

Antes da festa de arrecadação de fundos no mês passado, Clooney havia reclamado com a Casa Branca depois que Biden criticou o pedido do procurador-chefe do Tribunal Penal Internacional para que os juízes da corte emitam um mandado contra altos funcionários israelenses por causa da guerra em Gaza, incluindo contra o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu. Sua esposa, Amal Clooney, uma advogada de direitos humanos, ajudou a conduzir a investigação do tribunal.

Com o texto, Clooney se une a nomes como o cineasta Rob Reiner, o escritor Stephen King e o documentarista Michael Moore, que já manifestaram a vontade de ver Biden cedendo seu lugar na corrida eleitoral. A lista de celebridades que retiraram publicamente seu apoio a Biden após o debate de 27 de junho também inclui alguns dos maiores doadores do Partido Democrata: Reed Hastings, cofundador da Netflix; Barry Diller, presidente e executivo sênior do conglomerado de mídia AC/InterActiveCorp; Abigail Disney, herdeira milionária da Disney; Damon Lindelof, showrunner das séries "Lost" e "Leftovers"; e Ari Emanuel, CEO da Endeavor, proprietária do UFC e da WWE.

— Biden é um bom homem e serviu admiravelmente ao seu país, mas os riscos são altos demais. Se Biden não renunciar, os democratas perderão. Disso, tenho certeza absoluta. As consequências dessa derrota serão realmente terríveis — disse Abgail Disney ao canal CNBC.

Lindelof, por sua vez, escreveu um artigo de opinião para o site Deadline argumentando que os democratas deveriam suspender todo o seu apoio financeiro até que Biden renuncie:

"Eu sei o que meus olhos, meus ouvidos e meu coração me dizem. Eu estava dormindo no volante e é hora de acordar... Eu acredito em Joe Biden. Acredito tanto nele que lhe passamos um cheque considerável há apenas duas semanas. Tivemos que considerar seu oponente... Proponho um DEMbargo. Nada de emitir cheques (...). Quando lhe enviarem uma mensagem pedindo dinheiro, responda que não vai dar um centavo e que não mudará de ideia até que haja mudanças no topo da lista", defendeu.