Cultura
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Por — Rio de Janeiro

RESUMO

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GERADO EM: 10/07/2024 - 21:01

Rapper WIU lança álbum autobiográfico e reflete sobre o trap

WIU, rapper jovem e talentoso, lança segundo álbum Vagabundo de luxo, revelando músicas autobiográficas e reflexões sobre a cena do trap. O artista celebra o sucesso, mantendo a essência e orgulho de suas raízes nordestinas. Participação no Rock in Rio e no festival Alma destacam sua ascensão e influência.

O dia 13 de setembro será um dos mais importantes da vida do cearense Vinicius William Sales de Lima, de 22 anos. Será quando ele e os amigos rappers Matuê e Teto dividirão o palco Mundo do Rock in Rio com uma estrela mundial do trap, o americano Travis Scott. Conhecido do Brasil inteiro como WIU, o jovem lembra bem do que aconteceu na primeira vez em que ouviu a música daquele MC gringo, de quem algum amigo falava no Facebook.

— Eu falei assim: “Ó, é isso aqui que eu quero fazer para minha vida! Isso aqui é o trap, vou me inspirar nesse cara!” — conta WIU, que hoje carrega as credenciais de rapper com mais músicas no Top 5 do Spotify brasileiro do ano passado, e que, na noite desta quarta-feira, lança seu aguardado segundo álbum, “Vagabundo de luxo”.

Para WIU, o tal “vagabundo de luxo” nada é do que o mesmo vagabundo de antes, o do “Manual de como amar errado” — seu primeiro álbum, de 2022, que conseguiu emplacar todas as músicas no Top 200 do Spotify Brasil, entre elas o super hit “Coração de gelo”, que ficou três meses no Top 10 da plataforma.

— Só que agora esse vagabundo é um produto cobiçado, todo mundo de alguma maneira quer um pedacinho dele — explica. — Eu pisquei e agora estou aqui, com 22 anos, no meio de um monte de gente que eu achava que eu nunca ia conhecer, fazendo um monte de coisas que eu achava que nunca ia fazer, chegando a vários lugares a que eu achei também que a gente ia nunca chegar.

WIU garante que as músicas de “Vagabundo de luxo” são totalmente autobiográficas — mesmo que ele não tenha, pessoalmente, vivido todas as situações relatadas.

— Esses dias, comecei a escutar o “Manual de como amar errado” e entendi tudo, mano! Parecia que eu tinha feito esse álbum para mim mesmo, para ouvir um ano e meio depois! Tudo o que eu escrevo vai acontecer — assegura. — Mas nesse novo disco, eu quis usar uma linguagem que qualquer vagabundo vai entender. E qualquer mina que está na pista, no rolê, e que está se arriscando e vivendo o amor vai entender também. Não é um álbum necessariamente sobre amor, mas o amor tá ali no meio também. Já amei tanto errado que acabei me apegando ao luxo e hoje sou um vagabundo de luxo.

Para WIU, “um álbum é sempre uma história ser contada”. E não faltam histórias em “Vagabundo de luxo”. A começar pela da love song “Se eu ver (sic) tua mãe na rua”, dos (res)sentidos versos “eu devo ser o último romântico / ou devo ser burro pra caralho”.

— Isso é muito real, mano, essa música é muito inspirada num relacionamento que eu tive, em que eu trombava com a mãe da menina direto — revela. — Sinto que as pessoas estão muito frias, hoje ninguém mais quer ser o emocionado, ninguém quer mais dar a flor ninguém. Nesse segundo álbum eu tô sentindo isso de uma maneira mais madura, e acho que tem que se emocionar mesmo. Mas isso é uma faca de dois gumes, porque se emocionando, abraçando a sua vulnerabilidade, você pode estar sendo sincero ou sendo burro pra caralho, de tentar viver um amor no século da putaria.

Já em “Eu não ouço mais trap”, WIU solta uma bomba: “eu não ouço mais trap / essa cena tem mais quantidade que conteúdo”. O que, ele avisa, é mais provocação do que de fato uma crítica ao estilo musical com o qual fez fama a fortuna.

— Eu vejo o quanto hoje, por diversos motivos, o mercado aborda o trap como se ele fosse só fórmula. Mas eu acho que isso é natural, normal e bom também, porque quando chega nesse ponto, a galera começa a buscar a evolução. A gente está num momento de buscar sonoridades novas, vão acontecer grandes coisas aí — acredita. — O trap está se reinventando, tem músicos super profissionais, criativos e talentosos no palco hoje, todo mundo está buscando profissionalizar a sua música e colocar mais mais arte na parada.

Qualidades

WIU, que além de rapper é produtor (ele assinou a produção de 6 das 7 faixas de “Máquina do Tempo”, álbum de estreia de Matuê, de 2020, o disco mais reproduzido no streaming da história do trap nacional) tem várias qualidades das quais diz se orgulhar.

Entre essas qualidades, estão a constância de trabalho (“faço música todo santo dia, mano, carrego meu estúdio na estrada para poder fazer música sempre”), o talento para a composição (“seja bom, seja ruim; seja amor, seja coração quebrado; eu jogo isso numa letra, jogo num beat, e faço um som massa”), a versatilidade (“sou um camaleão, muito habilidoso quando se trata de se mesclar, de se misturar em outros ambientes”) e a disciplina ao navegar pelos altos e baixos da profissão:

— Lembro que eu estava começando a fazer rap e os moleques falavam assim: “ah, estourar um hit é fácil, difícil de se manter.” A caminhada guarda surpresas que ninguém pode adivinhar. Você precisa desse terreno íngreme, dessa dificuldade, desses obstáculos, para que você possa estar sempre se provando contra si mesmo, sempre melhorando. O amor que você tem pela parada é o que vai te levar mais longe sempre.

Para WIU, muita gente muda com rapidez e deixa um pouco da sua essência para trás quando fica famosa.

— Mas sinto que eu ainda sou o mesmo pivete, não tive tempo de digerir várias coisas — jura ele, que pouco antes do álbum lançou com Teto a bem-sucedida música “Problemas de um milionário”. — Gosto de brincar com esse tipo de coisa, porque eu acho que (o dinheiro) não é nada demais, não é o tipo de coisa que substitui um sentimento de verdade. “Problemas de um milionário” é a gente brincando com a nossa realidade. Hoje, graças a Deus, eu, Teto e Matuê somos jovens nordestinos bem-sucedidos e a conseguimos debochar disso.

Artista para quem a prioridade “sempre foi dar um futuro para a minha família, colocar meu pai num lugar bom, dar um carro para o meu coroa”, WIU conseguiu bastante para si mesmo. Hoje mora numa casa confortável na praia de Iracema (em Fortaleza), comprou um BMW (mesmo sem saber dirigir ainda), construiu um estúdio (seguindo um conselho que o produtor Dr. Dre deu ao rapper Snoop Dogg) e começou uma coleção de discos de vinil, de rap das antigas e trap. Mas não deixa de olhar para trás, para rever tudo pelo qual viveu até chegar onde está.

— O trap passou por um furacão no Brasil, tomou rumos que talvez alguns esperassem, outros, não — avalia. — Lá em meados de 2017, quando eu trocava muita ideia com o Tuê (Matuê), a gente ainda era muito cético sobre o que ia acontecer. Hoje, tem artistas dando grandes passos, fazendo grandes construções de carreira e de vida, fazendo shows no seu próprio estado, a parada está movimentando dinheiro e mudando vidas.

Este final de semana, ele, Matuê e Teto (as estrelas da artistas da 30PRAUM, produtora de Matuê, uma potência do rap brasileiro) são grandes atrações do Alma, festival de rap que tomará o Riocentro. E aguardam o Rock in Rio, uma consagração não só deles, mas de toda uma cena que emergiu fora do eixo tradicional de São Paulo e Rio de Janeiro.

— Fico super feliz de ver que muita gente do Nordeste que sonha em viver de música, de rap, de trap, de música urbana, se inspira na gente. E feliz de ver o quanto hoje isso é possível — diz WIU. — Lembro de uma época em que a gente disfarçava o sotaque por uma questão de aceitação, a gente se via um eixo no qual a gente não fazia parte e lutava para tentar quebrar esse obstáculo. Agora é hora de você ter orgulho da sua raiz. O sotaque nordestino é lindo, é super musical, é melódico, muita gente de vários lugares do Brasil diz que a gente fala cantando.

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