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Por — Rio de Janeiro

RESUMO

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GERADO EM: 12/07/2024 - 03:30

Romantasia: O Novo Filão Editorial

A romantasia é o novo filão editorial que une romance e fantasia, com enredos intensos e mágicos. Protagonistas enfrentam desafios de vida ou morte, amores proibidos e identidades secretas. O subgênero atrai leitores em busca de escapismo e aventuras catárticas, com um mercado em crescimento, mas há o desafio de evitar a saturação com tramas similares.

Best-seller internacional recém-lançado no Brasil pela Seguinte, “A Rainha Sol”, da canadense Nisha J. Tuli, é descrito como um encontro entre a franquia distópica “Jogos Vorazes” e o reality de namoro “The Bachelor”. A fórmula pode soar pitoresca, mas inclui ingredientes já consagrados da chamada “romantasia”, um dos filões editoriais mais quentes do momento, que, como o nome indica une dois gêneros muito populares: o romance e a fantasia.

Na trama, uma jovem prisioneira humana enfrenta nove fadas em uma competição mortal pelo coração do líder do Reino de Afélio. Se sobreviver, ganhará a liberdade e a chance de governar ao lado do monarca. O livro ainda inclui bailes de máscaras, cenas de sexo explícito e frases de efeito como “lágrimas só são úteis quando são usadas como armas”.

Todos os títulos recentes de romantasia, como “Powerless” (Rocco), “Caçador sem coração” (Arqueiro), “Canção dos ossos” (Galera) e “Assistente do vilão” (Alt), entre outros, são feitos na medida para agradar tanto quem se derrete por uma intensa história de amor quanto quem anseia em se perder por mundos mágicos. Ao mesmo tempo improváveis e predestinados, os protagonistas deste filão precisam lidar com os poderes sobrenaturais de seus pares românticos (ou com os seus próprios). Lutam contra criaturas amaldiçoadas e acabam se apaixonando por elas. Ah, dragões também costumam dar as caras.

— Se você for ver, toda fantasia comum tem romance e todo livro de romance é fantástico por si só — diz Nisha J. Tuli, em entrevista por videoconferência. — O diferencial da romantasia é que o enredo romântico e o enredo de fantasia se entrelaçam e acabam sendo igualmente importantes. Tem que ter um equilíbrio, senão vira só mais uma história fantástica com personagens que se apaixonam.

Cifras fabulosas

De acordo a Circana BookScan, consultoria especializada no mercado editorial, o filão deve movimentar em todo o mundo cerca de US$ 610 milhões até o final do ano. Nos primeiros cinco meses de 2024, livros que se encaixam no rótulo venderam 11 milhões de exemplares, quase o dobro do mesmo período do ano passado.

Capa de "Assistente do vilão" — Foto: Divulgação
Capa de "Assistente do vilão" — Foto: Divulgação

O mais antigo sucesso na área é a série “Corte de espinhos e rosas”, da americana Sarah J.Maas, sobre uma caçadora que se divide entre dois reinos míticos e dois lordes. Editados no Brasil pela Galera Record, os quatro volumes da série ajudaram a definir as bases da romantasia e, em 2025, devem ganhar uma adaptação audiovisual da plataforma de streaming Hulu. Já o livro “Minha Lady Jane” (Gutenberg) inspirou a série homônima, que acaba de entrar em cartaz na Amazon, com a histórica rainha relâmpago da Inglaterra que, nesta versão, além de continuar no trono se apaixona por um galã que... se transforma em cavalo.

Editores brasileiros ouvidos pela reportagem apostam que a romantasia será um hit na Bienal do Livro de São Paulo, que acontece entre 6 e 15 de setembro. Autora de “Assistente do vilão”, a americana Hannah Nicole Maehrer é uma das presenças confirmadas no evento. Seu livro descreve a tensão amorosa entre uma funcionária e seu chefe — no caso, um notório vilão do reino mágico de Rennedawn.

— Romantasias trazem histórias de amor que acontecem em um contexto diferente, com leis próprias e provações além do mundo real — diz Paula Drummond, editora da Alt, selo jovem da Globo Livros. — Acho que o apelo tem muito a ver com o momento do nosso mundo e com a necessidade de escapismo.

É tudo ou nada

O subgênero eleva o nível de tensão do romance comum. Se no plano humano-terrestre os enredos no estilo “inimigos que viram amantes” criam situações engraçadinhas de rivalidade, nos mundos mágicos da romantasia a questão já é de vida ou morte.

— Em uma paixão de escritório, você vai encontrar no máximo um rival, porque nunca o cara no cubículo ao lado vai ser seu inimigo — diz Nisha. — Na fantasia romântica, o sujeito mata toda a família da mulher, mas de alguma forma eles vão encontrar um jeito de se apaixonar porque o destino do mundo inteiro pode depender disso.

Já em “O abismo de Celina” (Rocco), da são-gonçalense Ariani Castelo, o perigo é ainda mais direto: uma humana arrisca seu destino e seu coração ao se envolver com a “figura mais cruel e intrigante de todas, a própria Morte”.

— Meu desejo era pegar tudo que é tão natural na romantasia, mundos brilhantes, coisas lindas, belas e mágicas, e trazer para um lado mais obscuro — diz Castelo. — Em vez de um elfo, a morte. Em vez de fadas, criaturas espectrais responsáveis pelo sofrimento.

A escritora Lauren Roberts — Foto: Divulgação/ J.-Goldsmith
A escritora Lauren Roberts — Foto: Divulgação/ J.-Goldsmith

Amores proibidos e identidades secretas são outros elementos da romantasia. Em um mundo em que bruxas são perseguidas e executadas, a protagonista de “Caçador sem coração”, da canadense Kristen Ciccarelli, finge ser uma socialite fútil. À noite, porém, vira Mariposa Escarlatem, vingadora que protege suas companheiras de magia. Quando um impiedoso e sedutor caçador de bruxas se infiltra em seu círculo social, ela percebe que o maior perigo de uma feiticeira é se apaixonar.

— Quanto mais obstáculos para o relacionamento, mais os leitores gostam — diz Ciccarelli, por Zoom. — Quando comecei a escrever, tinha acabado de ter um bebê e entrei no modo de sobrevivência. Escrevi o que vinha à mente sem me importar. Coloquei tudo o que queria em uma história. É sombrio, é romântico, mas também acelerado e cheio de altos desafios para os personagens.

Comum ou poderosa?

Ainda que o subgênero tenha ficado conhecido por suas heroínas destemidas, as protagonistas nem sempre são as mais vigorosas. Em “Powerless”, da americana Lauren Roberts, os apaixonados medem forças em uma disputa assimétrica. A protagonista é uma garota que finge ter poderes para sobreviver em uma competição de magia brutal.

— Em muitos livros, é a personagem principal feminina que descobre sua força escondida e salva o dia, mas o que eu realmente queria era escrever sobre uma garota comum em um mundo de grandes poderes — diz Roberts, também por Zoom. — Ela não está empunhando uma espada, não é a mais forte fisicamente. E mesmo assim encontrou sua própria força, destacou-se e sobreviveu.

“O despertar da lua caída” (Harlequin), de Sarah A. Parker, que será lançado na Bienal do Livro, conquistou o público lá fora com uma imersão em um sistema mágico único, repleto de dragões.

— Há algo muito catártico em se acomodar em um cantinho de leitura e nos lançar em um universo no qual qualquer coisa é possível — diz Parker. — Uma história em que o interesse amoroso tem asas, monta dragões e pode derrotar seus inimigos com um simples levantar de sobrancelha... É a fuga perfeita.

Capa de "Caçador sem coração" — Foto: Divulgação
Capa de "Caçador sem coração" — Foto: Divulgação

Autor de "Ravensong: os laços" (Morro Branco), o americano TJ Klune aponta que a mistura de romance com fantasia sempre existiu.

— Embora seja um ótimo novo termo, romantasia é apenas um formato que passou a ser vendido numa embalagem mais brilhante — diz ele, conhecido por narrativas com muitos personagens LGBTQIAPN+.

Risco de saturação

Ele admite, porém, que a pandemia deixou as pessoas afeitas a histórias mais “aconchegantes”, e que as narrativas solares e otimistas da romantasia chegaram para ocupar esta demanda:

— Por muito tempo, a fantasia foi dominada por histórias sombrias, e embora ainda haja espaço para esses livros, acho que o gênero está se expandindo para atrair outros leitores.

Editora-executiva da Verus e da Galera, Rafaella Machado alerta: como todas as modas, o desafio é não saturar o filão.

— Para que muitas tramas semelhantes não acabem coexistindo nas prateleiras, a gente busca uma construção de universo mais dinâmica, como em “Cinco lâminas partidas”, inspirado em mitologia coreana, ou “Canção dos Ossos”, da brasileira Giu Domingues, inspirado no Fantasma da Ópera — diz.

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